Agricultores familiares do Mercosul terão espaço para negócios

A 2ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que ocorre de hoje a domingo (2) em Brasília, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, é uma oportunidade para que pequenos produtores possam mostrar o que produzem a empresários e à população em geral. Na programação, shows, palestras, desfiles de moda, exposições, estandes de comidas, bebidas e artesanatos das regiões do Brasil. A expectativa é de que o número de visitantes chegue a 80 mil. Participam da feira cerca de 500 expositores.

Além disso, neste ano a mostra terá um espaço para a realização de negócios entre agricultores familiares dos países do Mercosul e a transmissão ocorrerá em tempo real, podendo ser acompanhada pela internet. Os agricultores presentes também simularão processos como a desidratação de frutas e a transformação de erva mate em pó.

O agricultor Fernando Silva dos Santos, produtor do Mel Boa Vista, acha que o próprio consumidor é que vai fazer a propaganda necessária para que venda mais. "Eu espero que as pessoas me procurem para adquirir o meu produto e ter conhecimento dele, para que a gente possa começar um negócio futuramente", disse.

Fernando produz aproximadamente 13 toneladas de mel por ano. Segundo ele, o produto é vendido principalmente na cidade de Dourados (MS), onde vive. O agricultor afirmou que aprova a iniciativa da feira. "Isso é uma maravilha, porque a gente vai ter como realizar um sonho que sozinhos não conseguiríamos".

Já a artesã Elione Alves de Souza, está na Feira de Agricultura Familiar para mostrar os produtos feitos na Cooperativa Regional de Artesãs de Fibras do Sertão da Bahia. Elione espera conseguir grande número de vendas e de pedidos futuros. "A idéia é que se tenha não só essa venda direta pontual, mas que surjam futuros compradores, pessoas que estejam interessadas em continuar um trabalho para que a gente possa fornecer produtos para as suas lojas", acrescentou.

A artesã disse ainda que durante o evento, a cooperativa vai expor seus produtos em um desfile de moda. Também apresentará um show das cantadoras de sisal, que fazem parte da cooperativa, hoje com 150 mulheres e nove núcleos de produção.

Depois de dois anos, índios Javaés são avisados de que pedido de demarcação havia sido rejeitado

Brasília – Vinte lideranças do povo Javaé estiveram hoje (9) em Brasília pra reunir-se com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes. Em pauta, a homologação das terras em que vivem, na Ilha do Bananal, em Tocantins.

Após duas horas de reunião, a Funai descobriu que o pedido de demarcação da área, que já havia sido feito há dois anos, chegou a ir ao Ministério da Justiça, onde foi rejeitado. O pedido estava novamente na Funai.

Segundo Saulo Feitosa, vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o processo está parado desde 2003 porque a Unidade de Conservação do Parque Nacional Araguaia foi criada em sobreposição à terra indígena Iñawébohona, onde os Javaés residem. A área de conservação foi criada durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek.

O Cimi afirmou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está colocando em risco a sobrevivência física e cultural do povo indígena, uma vez que eles foram proibidos de caçar, pescar e colher palha para construção de casas. "Com a construção da área de preservação ambiental, a terra também não pôde fazer parte do programa Luz para Todos e conseqüentemente o poço artesiano que havia sido construído para facilitar o acesso à água potável não tem como ser utilizado", afirmou Saulo.

O líder da tribo Javaé, Paulo Huruka, disse não entender o motivo pelo qual suas terras não são reconhecidas. "Sempre moramos aqui, essa reserva foi criada depois da nossa chegada. Estamos perdendo nossa cultura porque nessa época realizamos a brincadeira de Aruanã, que é uma tradição da tribo, e ao invés de estarmos lá estamos em Brasília brigando por um direito que é nosso".

O diretor de Ecossistemas do Ibama, Valmir Ortega, informou que a obrigação do Instituto é seguir a legislação no que diz respeito à extração de recursos naturais das reservas ambientais. "Onde existem os parques nacionais pressupomos que não há ocupação humana, mas se essa reivindicação tem uma base material que justifique o direito aos indígenas, cabe a Funai reconhecer".

De acordo com Valmir, esse processo de regularização das terras já está em andamento. "Hoje existem alguns indígenas ocupando uma área do parque ilegalmente, mas já estamos em negociação com a Funai para regularizar as terras de forma a conservar o meio ambiente e o direito dos índios de terem seu memorial", afirmou.