Sexta-feira, 11/05/2001

A palestra no Colégio Municipal JK foi muito bacana. Falamos para uma platéia de 8a série a 3o ano sobre um pouco da história da colonização do Brasil Central e o nosso projeto. É gratificante poder mostrar um pouco do nosso trabalho e tocar num assunto tão importante para a região e que normalmente não é ensinado. Depois da palestra, um professor de história da escola disse que pretendia incluir o assunto no currículo.

palestraescola.jpgQuando acabamos o sermão, montamos o computador e os equipamentos pra mostrar como funciona a publicação na Internet. Tiramos várias fotos com a câmera digital, que sempre faz o maior sucesso. O que nos deixou sem jeito foi a sessão de autógrafos não planejada. Morremos de vergonha, mas tiramos a maior onda. 🙂

Convidados pela direção do Colégio JK, conversamos com os alunos sobre a Expedição Roncador-Xingu, respeito ao meio-ambiente e às tradições indígenas. Foto: Fernando Zarur

Em seguida, tocamos para Água Boa com dois dias de atraso. A Lúcia, nossa anfitriã, agora não vai ter mais quem queimar o cabo da panela de pressão e acabar com a dispensa. Agora um jabazinho mais que merecido: fica a dica para quem pretende conhecer o lado místico e as belezas da região, basta ligar para 0xx65 438-2028 e procurar Lúcia Kirsten.

Agradecemos também a Carol, pela ótima companhia e orientação, ao Adão, que matou trabalho pra nos levar ao garimpo, e aos entrevistados: Zé Goiás, Seu Raimundo, Sinvaldo Rodrigues, Archimedes Carpentieri, Seu Godofredo, Pe. Bartolomeo Giaccaria, Marcos Piza Pimentel e a todos que nos receberam.

A partir de agora escrevemos diretamente de Água Boa.

Quarta-feira, 09/05/2001

Recebemos uma notícia que deixou o dia um pouco turbulento. Teremos que alterar o roteiro da viagem, pois o cacique Xavante da aldeia de Pimentel Barbosa, Supitó, vai estar em Brasília no dia em que entraríamos na reserva indígena. Sem problemas. Conversamos com o Guilherme Carrano, nosso apoio na Funai, e acertamos tudo.

Início da semana que vem devemos estar entrando, via Rio Kuluene, no Xingu, onde ficaremos uns 15 dias. Saindo de lá, teremos o privilégio de acompanhar a furação, o ritual de passagem dos xavantes em que os jovens têm suas orelhas furadas com osso de onça.

Pedro Ivo

Terça-feira, 08/05/2001

Leitores,

Hoje não vou detalhar o que fizemos ou deixamos de fazer. Sei que disso você já está careca de saber. Mas vou escrever sobre algo até agora não abordado: o saco que é escrever e atualizar esta página madrugada afora.

Provavelmente você deve achar que estamos vivendo na maior moleza, passando o dia todo de papo para o ar, visitando cachú, andando de barco, tomando cerveja e fazendo outras coisas bacanas. É, concordo que é verdade, até nos divertimos bastante, conseguimos sair da mesmice, do cotidiano de Brasília.

cachoeiranovaxavantina.jpgMas tem também um outro lado, mais cruel (conosco, é claro!). Algo como ‘rapadura é doce, mas não é mole, não!’ Para atualizar diariamente esta página, sério, é uma trabalheira. Escrever sobre algo que não seja besteira, de uma maneira que não seja idiota e sem a intenção de banalizar o que realmente NÃO PODE ser banalizado não é uma coisa fácil. Principalmente quando você está em um lugar onde não conhece ninguém e não sabe nem ao menos onde fica a padaria.

Bem, tudo isso é complicado e meio chato, mas, também, suportável e esperado, pois além de ser um projeto de jornalismo (profissão-encrenca por natureza), ninguém mandou um bando de moleques filhos de papai e metidos a besta se embrenharem no meio do Centro-Oeste. A universidade não pediu, a orientadora também não e muito menos as nossas chefes. Certo.

Cachoeira em propriedade particular nos arredores de Nova Xavantina, um pouco das maravilhas inexploradas da Serra do Roncador. Foto: Fernando Zarur

Mas, como já citei acima, sobra uma questão. Um mínimo de horas de sono por noite, um nada que seja de organização e uma meia hora de tempo livre para o ócio são coisas imprescindíveis. Há dias não conseguimos atualizar a página em um horário normal, que nos permita dormir 8 horas por noite e mostrar aos leitores o fruto de nossa labuta.

Diário, sempre tentamos esquematizar uma hora de finalização, mas não sei por qual motivo, sempre estouramos e passamos a meia-noite no meio da praça, esperando um sinal do espaço para mandar os textos e fotos.

Bem, por hoje é só. Agora são 23:30 do dia 08/05 e vamos começar a atualizar a página. Provavelmente, só por volta de meia-noite e meia vamos terminar…

Bruno Radicchi

PS: esse da foto, parecendo um duende do clipe do Natiruts, sou eu, na cachoeira. Era para o Fábio aparecer também, nadando debaixo d’água, mas quem é o autor da obra é o Fernando, rei da anti-fotografia…

Segunda-feira, 07/05/2001

Começamos bem o dia. A Carol, amiga que fizemos aqui em Nova Xavantina, nos levou (Fábio e Fernando) para dar uma volta pela cidade e visitar alguns dos marcos da fundação. Enquanto isso, Pedro e Bruno estavam entrevistando o Secretário de Educação e Cultura da cidade. No caminho, passamos pela casa da D. Firmina, que tem 81 anos e veio para a cidade por causa de seu marido, piloto da Fundação Brasil Central.

A prosa foi boa, mas o que marcou a manhã foi uma entrevista com o Seu Zé Goiás, figura rara da região que veio para cá trabalhar na Expedição Roncador-Xingu. Sua chegada foi marcada por um causo muito bom. Seu Zé, mulherengo como diz que era, sobrevoou a região do acampamento, que só tinha três casas, e já foi pensando onde ficavam as mulheres do lugar.

Quando desembarcou, a primeira coisa que fez foi perguntar para um companheiro: “Mas onde é que fica a casa das morenas?” O rapaz, mais que solícito, disse que a casa ficava logo ali, no alto do morro. Seu Zé esperou o dia seguinte, tomou um banho, se arrumou e foi pra lá. Quando chegou, descobriu que tinham mandado ele para o curral e que a única morena que tinha lá era uma mula chamada Morena. No dia seguinte, a gozação foi tão grande que até o Coronel entrou na brincadeira.

Fábio

Domingo, 06/05/2001

Neste domingo acordamos um pouco mais tarde e fomos conhecer a feira local. Compramos frutas, um headphone e tiramos várias fotos. A Lúcia nos preparou um ótimo arroz com lentilha que foi acompanhado por peixada e salada. O Fábio conheceu um senhor chamado Antônio que foi candango em Brasília durante 16 anos, desde 1961.

riodasmortesanoitecer.jpgA tarde conversamos longamente com o Archimedes Carpentieri, principal historiador regional. Falamos um pouco sobre muito e ganhamos um livro de sua autoria cujo título nos agradou muito: "Ode ao Ócio".

Mais uma vez o ponto alto foi o banho no Rio das Mortes. Continuamos embasbacados com a trasnparência da água e ficamos sabendo que ele é considerado o 3o rio mais limpo do mundo. Pra completar, o pôr-do-sol foi uma pintura e a lua estava cheia.

Em Nova Xavantina vimos algumas das paisagens mais belas da viagem, como a lua cheia sobre o Rio das Mortes. Foto: Fernando Zarur

Fernando

Sábado, 05/05/2001

Deixamos a mordomia de Barra do Garças, já era hora de seguir viagem. A gente estava parecendo quatro cachorros de rua sarnentos, daqueles que você dá comida uma vez e ele volta todos os dias. A verdade é que estávamos sendo muito bem alimentados na casa do Seu Pedro Lira e de sua esposa, D. Maria, sem contar com nossa ótima estadia no hotel Disconauta. Foram dias de gula devorando a melhor comida caseira, o que tornou nossa partida mais dolorosa. Tchau, tchau Barra.

A viagem foi bem agradável. A bela paisagem do Vale dos Sonhos compensou os muitos buracos que havia na rodovia.

Chegando em Nova Xavantina, fomos recebidos pela Lúcia Kirsten, uma paulista que há 20 anos veio para cá. Ela vive numa casa simples, rústica e muito acolhedora. Rapidamente tiramos nosso arsenal de equipamentos do carro e fomos, juntos com a Lúcia, tomar um banho no Rio das Mortes.

Pedro