Porque não devemos construir a usina de Belo Monte

Um dos mais polêmicos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) liderado pela então ministra e agora presidente Dilma Roussef, a usina de Belo Monte promete ser um dos maiores crimes ambientais já realizados no Brasil.

Entenda o porquê:

Parte 1

Parte 2

Outras razões para não construirmos a usina de Belo Monte:

– Em outubro de 2009, um painel de especialistas debruçou-se sobre o Estudo de Impacto Ambiental realizado pelo governo e questionou os estudos e a viabilidade do empreendimento. Um mês antes, em setembro, diversas audiências públicas haviam sido realizadas sob uma saraivada de críticas, especialmente do Ministério Público Estadual, seguido pelos movimentos sociais, que apontava problemas em sua forma de realização (leia mais).

– Em fevereiro de 2010, o Ministério do Meio Ambiente concedeu a licença ambiental, também sem esclarecer questões centrais em relação aos impactos socioambientais. (leia mais)

– O ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, defende que o Brasil desperdiça, anualmente, o equivalente a três usinas de Belo Monte ao não utilizar o bagaço e a palha da cana-de-açúcar. (leia mais)

– O deslocamento de uma comunidade de sua área de origem, cultura e meio de vida, como já observado em outros casos de deslocamento compulsório por hidrelétricas, podem não ser indenizáveis por programas de apoio ou dinheiro. (leia mais)

– Belo Monte envolve a construção de uma usina sem reservatório e que dependerá da sazonalidade das chuvas. Por isso, em época de cheia a usina deverá operar com metade capacidade mas, em tempo de seca, a geração pode ir abaixo de mil MW, o que somado aos vários passivos sociais e ambientais coloca em xeque a viabilidade econômica do projeto. (leia mais)

– O país deveria investir em eficiência energética, reduzindo o desperdício de energia – hoje calculado em 38% – e apostando na modernização do parque hidrelétrico já existente.
Colocando em prática tais medidas até 2020, não somente o meio ambiente seria beneficiado com a redução da necessidade de usinas hidrelétricas, como também seria possível uma economia da ordem de R$ 33 bilhões para os consumidores (baixe o estudo em PDF)

– Se construída, a usina vai desviar e secar o Rio Xingu em um trecho de 100 quilômetros, conhecido como a Volta Grande, deixando o rio seco e povos indígenas, ribeirinhos, populações extrativistas e agricultores familiares sem água, peixe e meios de transporte. (leia mais)

O Relatório de Impacto Ambiental do Ibama listou os impactos da hidrelétrica, no qual o Ministério de Minas e Energia refuta, corrobora e aponta possíveis intervenções:

1. Geração de expectativas quanto ao futuro da população local e da região;
2. Geração de expectativas na população indígena;
3. Aumento da população e da ocupação desordenada do solo;
4. Aumento da pressão sobre as terras e áreas indígenas;
5. Aumento das necessidades por mercadorias e serviços, da oferta de trabalho e maior movimentação da economia;
6. Perda de imóveis e benfeitorias com transferência da população na área rural e perda de atividades produtivas;
7. Perda de imóveis e benfeitorias com transferência da População na área urbana e perda de atividades produtivas;
8. Melhorias dos acessos;
9. Mudanças na paisagem, causadas pela instalação da infra-estrutura de apoio e das obras principais;
10. Perda de vegetação e de ambientes naturais com mudanças na fauna, causada pela instalação da infra-estrutura de apoio e obras principais;
11. Aumento do barulho e da poeira com incômodo da população e da fauna, causado pela instalação da infraestrutura de apoio e das obras principais;
12. Mudanças no escoamento e na qualidade da água nos igarapés do trecho do reservatório dos canais, com mudanças nos peixes;
13. Alterações nas condições de acesso pelo Rio Xingu das comunidades Indígenas à Altamira, causadas pelas obras no Sítio Pimental;
14. Alteração da qualidade da água do Rio Xingu próximo ao Sítio Pimental e perda de fonte de renda e sustento para as populações indígenas;
15. Danos ao patrimônio arqueológico;
16. Interrupção temporária do escoamento da água no canal da margem esquerda do Xingu, no trecho entre a barragem principal e o núcleo de referência rural São Pedro durante 7 meses;
17. Perda de postos de trabalho e renda, causada pela desmobilização de mão de obra;
18. Retirada de vegetação, com perda de ambientes naturais e recursos extrativistas, causada pela formação dos reservatórios;
19. Mudanças na paisagem e perda de praias e áreas de lazer, causada pela formação dos reservatórios;
20. Inundação permanente dos abrigos da Gravura e Assurini e danos ao patrimônio arqueológico, causada pela formação dos reservatórios;
21. Perda de jazidas de argila devido à formação do reservatório do Xingu;
22. Mudanças nas espécies de peixes e no tipo de pesca, causada pela formação dos reservatórios;
23. Alteração na qualidade das águas dos igarapés de Altamira e no reservatório dos canais, causada pela formação dos reservatórios;
24. Interrupção de acessos viários pela formação do reservatório dos canais;
25. Interrupção de acessos na cidade de Altamira, causada pela formação do Reservatório do Xingu;
26. Mudanças nas condições de navegação, causada pela formação dos reservatórios;
27. Aumento da quantidade de energia a ser disponibilizada para o Sistema Interligado Nacional – SIN;
28. Dinamização da economia regional;
29. Interrupção da navegação no trecho de vazão reduzida nos períodos de seca;
30. Perda de ambientes para reprodução, alimentação e abrigo de peixes e outros animais no trecho de vazão reduzida;
31. Formação de poças, mudanças na qualidade das águas e criação de ambientes para mosquitos que transmitem doenças no trecho de vazão reduzida;
32. Prejuízos para a pesca e para outras fontes de renda e sustento no trecho de vazão reduzida.

Confira as comemorações do Dia do Índio pelo Brasil

A produção do filme Tainá 3 selecionou a indiazinha paraense Wiranu Tembé para fazer o papel principal no longa metragem. Em Belém, Wiranu participará das comemorações do Dia do Índio, 19 de abril, na Semana dos Povos Indígenas do Pará. Confira, abaixo, a programação de eventos por todo o país:

Amazonas:

– Atalaia do Norte – de 14 a 18de abril, diversas atividades e modalidades de jogos, exposição de artesanatos e danças culturais.

Bahia:

– Santa Cruz de Cabrália – Realização da 10ª Edição dos Jogos Indígenas Pataxó, com diversas modalidades de esporte, de 16 a 20 de abril., na aldeia Coroa Vermelha

Distrito Federal:

– Ceilândia – Amistoso de futebol no dia 18 de abril, a partir de 9h00, no estádio Abadião, em comemoração ao Dia do Índio e ao Centenário do Indigenismo no Brasil. Categoria masculina: Seleção Indígena Brasileira de Futebol x Seleção da Rede Globo. Categoria feminina: Seleção Indígena Brasileira de Futebol x CRESSPOM-DF.

Maceió:

– Alagoas – Sessão Pública na Assembléia Legislativa do estado de Alagoas que debaterá os problemas enfrentados pelos povos indígenas em Alagoas. O evento acontecerá no dia 19 de abril às 15h com a presença das lideranças indígenas do estado e do Conselho Indigenista Missionário.

Mato Grosso:

– São Félix do Araguaia – Terra Indígena Maraiwatsede – A comemoração ao Dia do índio será realizada no dia 19 de abril. As atividades envolverão danças culturais, corrida de tora e outros rituais da cultura Xavante. Além disso, na semana que antecede a data comemorativa, os alunos indígenas farão várias apresentações na Escola Estadual de Bom Jesus do Araguaia.

– Cuiabá – No período de 07 a 30 de abril, o Museu de Imagem e Som de Cuiabá realiza o evento IKUIPÁ – Cuiabá: Memória e Identidade

Minas Gerais:

– Aimorés – Dia 17 de abril, a partir de 18h, 2ª Festa do Índio, na Praça Oskar Ribeiro Castro, com saudações de autoridades municipais e indígenas, entrega dos prêmios do concurso de Desenho e Redação sobre o Dia do Índio, cânticos Krenak, danças Indígenas, tradição Krenak e Pataxó, apresentação da Flauta e momento Cultural – dança de interação do povo com os índios.

Pará:

– Belém – Semana do Índio, de 20 a 25 de abril. No Jardim Zoobotânico da Amazônia Bosque Rodrigues Alves haverá exposição de artesanato, publicações da Funai, amostra de vídeos.

– Igarapé Miri – de 13 a 19 de abril serão promovidas palestras nas escolas e exposição de artesanatos.

– São Félix do Xingu – Promovida pela prefeitura da cidade, uma grande comemoração festiva ocorrerá entre os dias 17 e 19 de abril, na Aldeia Kateté. Haverá comemorações nas demais aldeias.

– Marabá – de 19 a 23 de abril, atividades comemorativas ao Dia do Índio, nas aldeias Kateté, Djudê-Kô, dos Xikrin.

– Tucuruí – Na Aldeia Trocará, dos Assurini, nos dias 19 e 20 de abril haverá rodas de conversa, Assembléia entre as tribos, Hino Nacional, apresentações culturais das etnias Anambé, Amanayé, Assurini, Gavião e Xikrin, exposição de material artesanato das etnias presentes, jantar de confraternização e ritual de encerramento.

– Pau Darco – Na Terra Indígena Las Casas, dos Kayapó, haverá atividades nas aldeias nos dias 19 e 20 de abril.

Rio Grande do Sul:

– Tapejara – Na Terra Indígena Carreteiro-Tapejara, no dia 18 de abril, missa com a participação de alunos indígenas, apresentação de trabalhos desenvolvidos pela comunidade indígena, churrasco de confraternização entre servidores, indígenas e convidados e partida de futebol.

– Santo do Jacuí – Dia 18 de abril, na Aldeia Guarani MByá, execução do Hino Nacional na língua Guarani, apresentação do Grupo de Danças Guarani, mostra de artesanatos e comidas típicas, inauguração do Posto de Saúde da aldeia, do campo de futebol, seguido de jogo festivo entre os Guarani e funcionários da Prefeitura Municipal e apresentação de canto Indígena e visitações na aldeia.

– Rodeio Bonito – Na Terra Indígena Rio da Várzea terá almoço de confraternização e reunião dançante, no dia 02 de maio.

– São Valério – Na Terra Indígena Inhacorá, entre 13 e 19 de abril, Semana do Índio, com palestra para os alunos da Escola Marechal Rondon, sobre os valores culturais da etnias Kaingang, oficinas de danças e cantos Kaingang e pinturas tribais, integração cultural entre escolas indígenas de diferentes aleias, com apresentação artística, oficina de artesanato e confecção de brinquedos usados pelos antepassados, jogos de integração entre alunos, pais e professores, exposição de artesanato Indígena, execução do Hino Nacional na língua Kaingang, apresentação do Grupo de Danças Tãnh mãg e grande Baile com animação da Banda Danúbio Azul.

Rondônia:

– Cacoal – Diversas atividades, como jogos indígenas (campeonato) pintura corporal, apresentação de danças e apresentação do Fogo, jogos, cabo de guerra, arco e flecha, corrida, entre índios e não índios. Cerca de 100 indígenas participarão das atividades, que terão a presença de várias autoridades, municipais e eclesiásticas. O encerramento será no dia 18.04.

– Guajará-Mirim – Atividades nas próprias aldeias

São Paulo:

– São Vicente – Com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, haverá Mesa Redonda sobre assuntos indígenas, no dia 12 de abril e apresentação de danças, exposição de artesanato indígena e palestras sobre a cultura Guarani, de 12 a 18 de abril.

Santa Catarina:

– Terra Indígena Palmas – Semana Cultural no período de 12 a 16 de abril e festa no dia 17.

– Terra Indígena Toldo Chimbangue – Semana Cultural no período de 12 à 17 de abril . A festa será realizada no mês de Maio.

– Terra Indígena Xapecó – Semana Cultural no período de 21 à 24 de abril. Grande Festa no dia 24, com inauguração de uma churrasqueira com capacidade para assar simultaneamente até 5.000 kg de carne.

– Reserva Indígena Kondá – Festa no dia 18 de abril.

– Terra Indígena Nonoai – Festa dia 21 e 24 de abril.

– Terra Indígena Toldo Imbu – Festa no dia 17 abril.

– Terra Indígena Morro dos Cavalos – De 12 a 18 de abril ocorrerá a Semana Cultural Guarani, dispondo de exposição de artesanato, apresentação de coral, desfile de arte indígena e muito mais.

Exposição resgata sociedade Xingu através da memória de Orlando Villas Bôas

Boa parte da sabedoria e experiência adquirida pelo sertanista Orlando Villas Bôas será transmitida ao visitante da exposição Kuarup – A última Viagem de Orlando Villas Bôas, que acontece primeiramente em São Paulo e depois segue para Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Salvador.


Foto: Renato Soares

Com curadoria de Denise Carvalho, Gilberto Maringoni e Noel Villas Bôas, a intenção é mostrar a cultura indígena do Alto-Xingu, na qual não só Orlando, como também os seus irmãos Cláudio e Leonardo Villas Bôas, tiveram período de imersão intenso em sua cultura e sociedade. Contrariando concepções equivocadas, eles identificaram ali uma sociedade equilibrada, estável, erguida sobre sólidos princípios morais, onde o comportamento ético sustentava uma organização tribal harmônica.

Na exposição, o visitante é convidado a desbravar esses costumes, sobretudo a maneira como encaravam a morte. Isso acontecerá por meio do olhar sensível de Renato Soares, que captou uma série de fotos do ritual de homenagem aos mortos ilustres indígenas, o Kuarup, feito especialmente para Orlando em 2003. A mostra ainda reúne mapas, textos explicativos, retratos antigos e utensílios pessoais do sertanista.

Quatro espaços distintos foram pensados para a concepção cenográfica. Na primeira sala, a biografia de Orlando é representada por fotos pessoais além agrupar mapas e textos explicativos. A segunda parte reúne objetos pessoais. Em seguida o visitante é levado a um ambiente multimídia com vídeos sobre o Kuarup. Para finalizar, uma oca em estilo Xingu foi montada na última e principal sala, onde são exibidas as 34 fotografias de Renato Soares.
A importância de Orlando e seus irmãos no contato do homem “branco” com os indígenas é inegável. Eles tiveram papel fundamental na implantação de políticas de proteção à saúde e à cultura locais. Tal luta pelos direitos indígenas a uma cultura própria representou uma verdadeira ruptura intelectual e política, e acima de tudo, o reconhecimento das comunidades indígenas envolvidas.

Por esses motivos, o Kuarup feito em homenagem à Orlando foi a maior honraria que um caraíba (homem branco) poderia receber. Mais de dois mil índios vindos de diversas regiões se concentraram na aldeia Yawalapiti para celebrar o que eles mesmos consideraram o maior Kuarup já realizado na região. Através da mostra, os habitantes das grandes cidades se aproximarão da relevância e força dessa cerimônia.

Kuarup – A última Viagem de Orlando Villas Bôas
Quando: 14 de Março a 11 de abril – terça a domingo, das 9h00 às 21h00
Onde: Caixa Cultural São Paulo – Sé, Galeria Octagonal e Galeria Florisbela, Praça da Sé nº 111
Entrada: Gratuita
Abertura:13 de março, às 11h00 para convidados

Ficha técnica:
Produção Cultural: Aori Produções
Projeto: Zíngara Produções
Fotografias: Renato Soares
Cenário: Juliana Augusta Vieira
Curadoria: Denise Carvalho, Gilberto Maringoni e Noel Villas Boas
Patrocínio: Petrobras

Vetos do Presidente da República à MP da Grilagem atendem parcialmente pedidos de ambientalistas

A Medida Provisória 458/09, que ficou conhecida como MP da Grilagem após diversas alterações sofridas no Congresso Nacional, agora é lei. A MP foi sancionada ontem (25/6) pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vetou todo o artigo 7º proibindo a transferência de terras públicas na Amazônia para empresas privadas e a exploração indireta, ou seja, por meio de prepostos (terceirizados ou empregados).

A decisão do presidente atendeu parcialmente ao pedido de diversas organizações ambientais brasileiras, entre elas o WWF-Brasil, de promover a regularização fundiária com responsabilidade e garantir a proteção da Amazônia brasileira.

As principais vitórias foram a proibição de regularização de empresas privadas e a terceirizados. Embora a lei tenha voltado ao seu objetivo inicial de atender a uma necessidade social de médios e pequenos produtores, ainda não se sabe o que será feito para evitar o aumento do desmatamento.

Desde a aprovação da MP pelo Congresso, várias instituições realizaram mobilizações pedindo ao presidente o veto a outros artigos que também distorciam a proposta inicial da lei além do artigo 7º.

O WWF-Brasil organizou ação on-line mobilizando os apoiadores da instituição e os internautas a enviarem mensagens ao Presidente da República pedindo os vetos.

Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, o momento é delicado pois o meio ambiente precisa resgatar sua relevância no contexto nacional. “Precisamos sensibilizar os legisladores e o governo a colocarem o país numa posição de liderança e vanguarda no desenvolvimento sustentável. O debate em torno do Código Florestal continua. Por isso, a mobilização da sociedade civil brasileira para a proteção do meio ambiente e da Amazônia é fundamental”, avalia.

Ao sancionar a MP 458/09, o presidente:

  • ampliou da área máxima de regularização fundiária das posses de 100 para 1.500 hectares (aproximadamente 2 mil campos de futebol),
  • dispensou a vistoria prévia das áreas pelo governo, o que sempre foi requisito para a regularização
  • flexibilizou a revenda, reduzindo de 10 para 3 anos a possibilidade de transferência das propriedades acima de 400 hectares, o que estimulará o mercado de venda das terras na Amazônia.

O WWF-Brasil defende que a situação fundiária seja clara e transparente e considera fundamental garantir a segurança jurídica a agricultores familiares da região. No entanto, os mecanismos introduzidos na MP pelo Congresso Nacional abrem inúmeras possibilidades de fraudes contra o patrimônio nacional e beneficia grileiros.

Uma vez flexibilizada a concessão de terras, a lei pode ser interpretada como um incentivo a novas invasões na expectativa de que ocorram outras regularizações pelo governo.

Além disso, a permissão de venda de propriedades com mais de 400 hectares após um período de apenas três anos, o que pode estimular a especulação com a venda de terras, não necessariamente a produção de alimentos.

Na avaliação do superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, a MP 458/09 não estabelece ações preventivas contra futuras invasões e desmatamento. A MP também não avançou num pacto social de compromisso com a conservação, para garantir o cumprimento da legislação ambiental e recuperação de áreas degradadas.

“Em um momento em que o debate sobre mudanças climáticas e o combate ao desmatamento, principal meio de emissão de gases de efeito estufa do país, é uma preocupação mundial e estamos vendo várias enchentes e secas extremas no país, precisamos de medidas de incentivo a uma economia ecologicamente responsável, mais proteção à floresta amazônica e benefícios às comunidades locais como a criação de unidades de conservação de uso sustentável e concessão real de uso para aqueles que moram nas reservas extrativistas”, afirma Maretti.

O governo estima que 67 milhões de hectares de terras da União estão ocupadas por posseiros que não têm a documentação da propriedade.

Artigo sobre transferência de terras na Amazônia para pessoas jurídicas é vetado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou hoje (25) a transferência de terras da União na Amazônia para empresas e pessoas que exploram indiretamente a área ou que tenham imóvel rural em outra região do país.

A transferência estava prevista no Artigo 7º do projeto que converteu em lei a Medida Provisória 458, que trata da regularização de áreas públicas na Região Amazônica. A sanção presidencial será publicada amanhã (26) no Diário Oficial da União.

O veto foi recomendado pelos ministérios da Justiça, Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente, sob o argumento de que não atende ao objetivo da MP, que é de legalizar a situação de pequenos e médios agricultores que dependem financeiramente da exploração da área. 

O artigo vetado não fazia parte do texto original da MP, editada pelo Executivo. Foi incluído pelos parlamentares durante a tramitação da medida no Congresso Nacional.

“Não obstante a motivação que embasou esta ampliação, não é possível prever seus impactos para o desenvolvimento do processo de regularização fundiária, uma vez que não há dados que permitam aferir a quantidade e os limites das áreas ocupadas que se enquadram nessa situação”, diz a mensagem de sanção com as razões do veto.

O presidente vetou ainda parte do Artigo 8º, que perdeu o sentido em função do veto ao Artigo 7º.

De acordo com a nova lei, terá direito a receber a terra quem comprovar que estava na área antes de 1º de dezembro de 2004. As áreas com até 100 hectares serão doadas; as de médio porte, com até 400 hectares, serão vendidas por valor simbólico; e as de no máximo 1,5 mil hectares serão vendidas de acordo com o preço de mercado.

Nível do rio Negro se iguala à marca histórica de 1953 em Manaus

Na quarta feira, dia 24/6, o nível das águas do rio Negro atingiu a mesma marca histórica de 1953, ano da pior cheia já registrada em Manaus (AM) desde que o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) começou a acompanhar o comportamento do rio, em 1902.

E especialistas alertam: esta marca de 29,69 metros pode ser superada. As projeções apontam que a cheia pode chegar a até 30,03 metros, tornando-se a maior já registrada na história.

Mais que um marco na trajetória de uma cidade e de quem nela vive, esse fenômeno também carrega muitos prejuízos, desalojados, desabrigados e indagação sobre suas causas. Seria essa uma reação da natureza ao aquecimento global?

Trata-se de um evento isolado ou todas as chuvas excessivas que já castigaram muito o Brasil recentemente estão interligadas? Muitos estados além do Amazonas foram atingidos gravemente como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais e Pará.

Algumas causas diretas já foram confirmadas. Segundo Alice Amorim, da Gerência de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil em Manaus (CPRM), são dois os fatores que, majoritariamente, têm provocado esse fenômeno no Amazonas.

Um deles é o aumento do volume do rio Solimões, que represa o rio Negro (por ter corrente de água mais forte e maior volume) e ainda não iniciou sua vazante. Por cerca de 6 km, as águas dos dois rios correm lado a lado, sem se misturar, e se encontram nas proximidades de Manaus, formando o rio Amazonas. Nos meses chuvosos, a força do Solimões represa ainda mais as águas do Negro, fazendo com que esse rio avance sobre a cidade.

No entanto, para o WWF-Brasil, é preciso ter cautela na hora de estabelecer os motivos desse fenômeno. Ainda não é possível estabelecer uma relação científica direta entre o aquecimento global e o aumento de chuvas na região.

Por outro lado, os cientistas de 100 países que compõem o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês) afirmam com bastante certeza que fenômenos como esse podem se tornar cada vez mais intensos e frequentes por causa do aquecimento global.

Noventa por cento desses estudiosos acreditam que as alterações no clima no mundo são resultantes do aumento das emissões de gases de efeito estufa feitas pelo homem nas últimas décadas e não por uma contingente variabilidade natural.

Como se vê, quase tudo o que se possa dizer sobre as causas deste cenário é hipotético. Na dúvida, é preciso agir com urgência e ao mesmo tempo apoiar pesquisas científicas que desenvolvam que permitam encontrar algumas certezas.

“Eventos como esse reforçam a necessidade de refletirmos sobre a urgência em avaliarmos e modificarmos o modo como a humanidade está impactando o meio ambiente. Transformar nosso modo de agir, produzir e explorar as riquezas naturais do planeta e adotar uma postura ambientalmente comprometida é imprescindível.

Os impactos das mudanças climáticas não devem ser vistos isoladamente e devemos evitar a tendência de apenas atribuir unicamente à natureza a responsabilidade pelas catástrofes, isentando a nós, aos governos e ao setor produtivo a parcela de responsabilidade nesse contexto”, disse Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

Campanha relâmpago por vetos à MP da Grilagem na Amazônia

Cerca de 150 mil pessoas cadastradas no site do WWF-Brasil receberam, hoje (09/06), nota da organização solicitando que enviem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mensagem pedindo o veto de dispositivos da MP 458/09 que ameaçam a regularização fundiária na Amazônia .

Tratam-se dos Artigos 7 e 13 e dos incisos II e IV do Artigo 2, que, respectivamente, ampliam a área máxima de regularização, dispensam a vistoria prévia das áreas pelo governo e definem ocupação e exploração indiretas, possibilitando o reconhecimento ilegítimo dessa posse até mesmo para quem nem vive na área.
 
O WWF-Brasil entende que os mecanismos introduzidos na Medida Provisória pelo Congresso Nacional abrem inúmeras possibilidades de fraudes contra o patrimônio nacional e beneficia grileiros. A regularização fundiária é necessária e defendida para garantir a propriedade a agricultores familiares da região.

A instituição acredita, também, que a possibilidade de regularizar a posse de grandes áreas, que poderão ser vendidas no período de apenas três anos, abre espaço para que empresas e pessoas inescrupulosas comprem imensas áreas por meio de “representantes” ou “laranjas”.

O WWF-Brasil vem participando de esforços conjuntos de vários segmentos da sociedade brasileira para a retirada dos dispositivos considerados nocivos à integridade da Amazônia e ao próprio arcabouço das leis ambientais brasileiras, consideradas entre as mais avançadas do mundo.

Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, o momento é delicado pois o meio ambiente precisa resgatar sua relevância no contexto nacional. “Sempre ouvimos que o Brasil é o país do futuro. Para que possamos assegurar um futuro melhor, é preciso garantir incentivos para uma economia mais verde e para a proteção da floresta amazônica e de outros biomas, colocando o país numa posição de liderança e vanguarda no desenvolvimento sustentável”, afirma.

O superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, destaca que a instituição é contra o desenvolvimento predatório e irresponsável. “A sanção integral da MP 458/09 vai incentivar ainda mais o desmatamento, principal contribuição do Brasil para o aquecimento global, que já é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa. Isso agrava a situação atual, em que já percebemos os efeitos das mudanças climáticas nas enchentes e secas, cada vez mais intensas e frequentes”, conclui.

O WWF-Brasil conclama o Presidente da República a se firmar como um líder mundial para o desenvolvimento sustentável. Para tanto, é necessário valorizar os ativos que o Brasil apresenta tais como a maior biodiversidade do planeta, alternativas energéticas limpas e 0 potencial de alimentar o mundo com uma produção ambiental e socialmente responsável.

O Brasil não suporta mais agressões ambientais advindas de projetos não sustentáveis. Como exemplos, podemos citar o eventual asfaltamento da BR-319, as mudanças apressadas e sem discussão ampla sobre o Código Florestal, o aumento das emissões de carbono por meio de usinas termelétricas e desmatamento, entre tantos outros.

Ainda dá tempo para reverter este quadro!

Quartiero deixa Raposa após destruir outra sede de fazenda e mobilizar grande aparato policial

O produtor de arroz Paulo César Quartiero provocou a mobilização de um grande aparato policial por quase 12 horas para deixar a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), um dia após o fim do prazo dado pela Justiça para a saída espontânea dos não-índios da reserva.

Ele recebeu em torno de 25 agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança sentado sozinho em frente à segunda sede de fazenda que mandou demolir.

O rizicultor disse que, após “desbravar Roraima”, não aceitaria “ser tirado como um cachorro” por “brucutus anabolizados” e só aceitou sair de lá quando recebeu um mandado de desocupação escrito à mão pelo presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, desembargador Jirair Meguerian. O produtor definiu como “muito amadorismo” escrever um mandado debaixo de um pé de manga.

O desembargador informou a Quartiero que a União se responsabilizaria pela colheita dos 400 hectares de arroz plantados na fazenda, com posterior indenização, desde que o produtor disponibilizasse suas máquinas para o trabalho. O rizicultor – que expandiu áreas plantadas na região quando o processo de demarcação já estava em andamento – reagiu com indignação.

“Esse pessoal do governo não sabe colher e ainda vão estragar minhas máquinas. O senhor [Jirair Meguerian] vem aqui, toma o que é meu sem prazo nenhum, me obriga a retirar gado na marra, me toma o arroz. Só falta a mulher, os filhos e tudo”, reclamou Quartiero, ao dizer que não cederá as máquinas em hipótese alguma. “Se eu tiver que ceder meu maquinário, prefiro colocar fogo em tudo”, acrescentou.

“Não posso discutir o mérito. Estou apenas fazendo cumprir a decisão judicial”, respondeu Meguerian, lembrando que decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que selou a manutenção da demarcação contínua da reserva, com saída dos não-índios, tinha execução imediata. Quartiero chegou a propor colher o arroz a partir da próxima quarta-feira (6) e entregá-lo à União, para receber depois e para que o alimento não se perca, mas o presidente do TRF da 1ª Região reiterou que isso não seria possível.

Durante mais de cinco horas – entre o final da manhã e a chegada de Jirair à Fazenda Providência , no fim da tarde –, Quartiero, deitado em uma rede, leu por mais de uma vez o mesmo jornal. Chegou a se declarar desempregado e sem-terra. Suas roupas estavam sujas porque, segundo ele, virou a noite providenciando retirada de materiais. Policiais, agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) que permaneceram durante todo o tempo na fazenda foram orientados pelo desembargador a não efetuar uma prisão.

Questionado pela Agência Brasil sobre o seu futuro na atividade produtiva, Quartiero disse ter se entusiasmado com propostas do governo da Guiana, que cederia terras ao produtor por até 99 anos. Mas não deu suas fazendas na Raposa Serra do Sol como caso perdido. “Minha história aqui não acabou. Foi só um capítulo. Houve muita ilegalidade no processo e ainda tenho esperança que mais gente reconheça isso.”

Nos próximos meses, entretanto, Quartiero terá de responder por condutas irregulares que cometeu ou que lhe foram atribuídas. A destruição das sedes de suas duas fazendas, cuja ordem ele admite ter dado, deverá ser configurada como crime, porque as benfeitorias já tinham sido indenizadas pela União. O Ibama aplicou-lhe multas por degradação ambiental, que somadas chegam a R$ 50 milhões. “Isso é retaliação política”, comentou o produtor.

A Fazenda Providência já tem novos donos. O tuxaua (cacique) Avelino Pereira, da comunidade Santa Rita, anunciou que dez famílias indígenas viverão na área, onde pretendem plantar arroz, feijão, milho e macaxeira. O grupo já teria máquinas agrícolas. São silvícolas ligados à Sociedade dos Índios Unidos em Defesa de Roraima (Sodiu-RR), entidade que sempre se posicionou favoravelmente à permanência dos arrozeiros. “Ele [Quartiero] sempre foi nosso parceiro, legal com a gente, muitos índios trabalharam com ele. Podia ter deixado a casa para nós, mas fazer o quê, achou melhor de outro jeito. A gente constrói uma”, lamentou Avelino.

Historiador Archimedes Carpentieri lança livro sobre a ocupação do leste Mato-Grossense

A obra parte do século XVIII – com as bandeiras em busca do ouro dos
Araés – e caminha até a atualidade, abordando as expedições do Cel.
Fawcett, Piratininga, Roncador-Xingu e Xavantina – S. Félix do Araguaia.

A região da Serra do Roncador despertou a atenção do mundo a partir da Segunda Guerra Mundial. Países Aliados e do Eixo ambicionavam ocupar os espaços inabitados dessa região, até então só penetrada pelos Bandeirantes, exploradores e isoladas fazendas. A partir da Expedição Roncador-Xingu, dá o início da ocupação territorial: a Marcha para o Oeste.

Por outro lado, os mistérios do Roncador, decantados secularmente por muitas seitas iniciáticas, atraíram pesquisadores e esotéricos por toda parte do planeta, a partir da primeira metade do século XX. Várias expedições demandaram a essa região o propósito de desvendar tais mistérios.

Este livro tem o objetivo de colaborar para o resgate da história de Bandeirantes, expedicionários e pioneiros dessa região, além de subsidiar dados e informes sobre a realidade local.

Vendas diretamente com o autor:
R$ 40,00 – Archimedes57@hotmail.com

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Produtores sul-africanos perdem até 80% da safra de milho transgênico

Uma área de plantação de milho transgênico na África do Sul, equivalente a 80 mil campos de futebol, não produziu um grão sequer. De um total de mil produtores de milho geneticamente modificado, 280 tiveram prejuízos na colheita. Alguns chegaram a perder até 80% da produção. A Monsanto, empresa que desenvolveu o milho geneticamente modificado, alega que o problema não está relacionado à transgenia.

“A empresa veio a público explicar que o erro aconteceu durante o processo de fertilização de um tipo de semente. No entanto, o problema aconteceu em três variedades transgênicas”, disse Rafael Cruz, coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace no Brasil.

Marian Mayet, diretora do Centro Africano para Biossegurança, baseado em Joanesburgo (África do Sul), defendeu uma investigação do caso pelo governo sul-africano e a proibição imediata do milho transgênico naquele país.

A África do Sul foi um dos primeiros países a adotar o milho transgênico.

No Brasil

Audiência pública, realizada em Brasília no dia 18 de março deste ano,  uniu ambientalistas, produtores e pesquisadores contra  a liberação do arroz transgênico. "O grande trunfo desta audiência pública foi anteciparmos potenciais problemas como o ocorrido na África do Sul. Contudo, a mesma precaução com que foi tratado o arroz, não serviu no caso do milho transgênico, que é aprovado no Brasil", afirmou Cruz.

Para a Embrapa e para o Conselho de Segurança alimentar do Estado do Paraná, por exemplo, o arroz transgênico significa uma ameaça à estabilidade de produção de arroz no Rio Grande do Sul, o que gera um risco à segurança alimentar de todo o Brasil.