Programa capacitará garimpeiros para produzir jóias e artesanato

Brasília – Garimpeiros da região de Diamantina, em Minas Gerais, poderão melhorar sua renda com a produção de jóias, bijuterias e artesanato. A Secretaria de Programas Regionais do Ministério da Integração Nacional lança hoje (6) o programa Organização Produtiva de Comunidades (Produzir) para o Arranjo Produtivo Local (APL) de Gemas e Jóias.

Idealizado e implementado pela Secretaria de Programas Regionais (SPR), o Produzir tem a finalidade de otimizar a produção dos garimpos da região diamantinense e agregar valor à produção de jóias, bijuterias e artesanato.

O programa prevê a capacitação de 141 famílias da região para trabalhar com lapidação de pedras preciosas e fabricação de jóias. Serão ensinadas técnicas de desenho, estilismo, artesanato em pedras e produção de bijuterias. O lançamento do programa na região será hoje (6).

O coordenador do programa, Sérgio Pinho, lembra que a região de Diamantina apesar de mais de 300 anos de história de exploração de metais preciosos como o ouro nunca teve fábricas de jóias ou oficinas de lapidação. Segundo ele, o objetivo da iniciativa é dar melhores condições as pessoas que trabalham com essa atividade para que possam valorizar o seu produto, além de proteger o meio ambiente, amenizando os efeitos da garimpagem.

"O programa tem uma série de objetivos, que vai desde a conservação dos recursos naturais, passando pela menor agressão ambiental, até a melhor qualidade de vida e maior possibilidade de estudo e formação para essas pessoas", esclarece o coordenador. Ele acrescenta ainda que essa é uma das formas de transformar essas pessoas em empreendedoras, fornecendo conhecimento e evitando a ida delas para o garimpo.

Pinho disse que serão formados grupos para capacitação em áreas como lapidação e produção de bijuterias e, ao final do curso, cada grupo deverá apresentar um plano de negócios. Serão investidos na ação R$ 426 mil para capacitação e instalação dos centros de lapidação de jóias.

Assim como em Diamantina, 60 localidades do país com pouca movimentação econômica recebem ou devem receber capacitação neste ano, sempre levando em conta a realidade de cada região. A iniciativa do Ministério da Integração Nacional tem o apoio da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Produtores indígenas eliminam atravessadores e vendem produtos pela internet

Brasília – A comunidade indígena Pamaáli, localizada no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), produz um tipo de cesta de fibra natural comercializada em todo o Brasil. Poucos sabem, no entanto, que os fabricantes da cesta recebiam apenas R$ 1, enquanto a cesta era vendida por R$ 60 nos grandes centros urbanos.

Hoje isso não acontece mais. Eles estão conectados à rede mundial de informações através de pontos de presença (PP) do Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), programa do Ministério das Comunicações. "Com o Gesac essa comunidade começou a descobrir o valor de sua mercadoria e o atravessador desapareceu da vida da comunidade, fazendo com que a diferença ficasse com a comunidade", conta o diretor de inclusão digital do Ministério das Comunicações, Antônio Albuquerque Neto.

Presente em comunidades com baixo índice de desenvolvimento humano, o programa Gesac fornece conexão à internet, em alta velocidade e via satélite, e já atende a 4 milhões de pessoas em 3.200 pontos de presença espalhados pelo país. Segundo Antônio Albuquerque, outros 1.200 pontos serão incorporados ao programa até dezembro, ampliando o número de pontos de presença para 4.400 ainda este ano.

Dos pontos de presença, 75% ou 2.400 estão instalados em escolas municipais e estaduais, 400 em postos militares, 100 no Programa Fome Zero e 300 em associações, sindicatos, organizações não-governamentais (ONGs) e telecentros. São mais de 18 mil computadores conectados. Dessas máquinas, 4.500 adotam o software livre, número que, segundo Albuquerque, deve chegar a 11 mil até o final do ano.

Ele explica que o custo total do programa Gesac, para um período de 30 meses, é de R$ 110 milhões. Desse total, R$ 12 milhões foram investidos na compra de softwares livres. "É a maior compra de serviços em software livre do governo federal até o momento em toda a história desse país", explica Antônio Albuquerque.

Alternativa na Arte

A cidade de Barra, às margens do Velho Chico, na Bahia, já foi chamada de ‘Princesa do São Francisco’. Os encantos da terra são muitos: as belas dunas do vilarejo de Icatu, a força das lavadeiras na beira do rio, o agitado passado político e cultural. E, entre as inúmeras graças, destaca-se a habilidade da população com o barro.

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Totalmente artesanal, a produção de Barra não conta com nenhum tipo de maquinário, nem a tradicional roda com pedal. Foto: Marcello Larcher

A tradição ceramista do povo de Barra é antiga, resultado de uma combinação de fatores naturais e sociais. As barrancas do São Francisco são ricas em argila, o material usado na confecção das peças. E vasos e panelas, adornados ou não, sempre foram necessários para pescadores, marinheiros e donas de casa na realização de seus trabalhos.

Matéria-prima e habilidade, entretanto, não são motivos suficientes para sustentar a tradição. Por isso, com a intenção de profissionalizar seu trabalho, um grupo de artesãos se reuniu e há oito anos fundou a Associação de Cerâmica Comunitária Nossa Senhora de Fátima.

Inovadora para a região, a iniciativa reuniu 20 ceramistas que, juntos, conseguiram uma sede para desenvolver suas atividades. Hoje, dez trabalham diariamente na feitura de vasos, moringas, panelas, imagens e diversos enfeites, e também ensinam aos aprendizes, seus filhos e netos, as técnicas e peculiaridades do trabalho.

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Maria Aparecida dos Santos Araújo, primeira à direita, garante a renda de sua família com as peças de barro que fabrica. Foto: Bruno Radicchi

A importância social do grupo é cada vez maior. Ao longo destes anos, a associação foi uma alternativa de renda importante numa região onde há poucas perspectivas profissionais. “Meio cá, meio lá, dá para tirar o sustento da família”, explica Maria Aparecida dos Santos Araújo, artesã e chefe de uma das cinco famílias participantes da associação.

Além disso, existem os aprendizes que garantem um futuro se profissionalizando no artesanato. Manuel Vieira Júnior, de apenas 20 anos, é um exemplo do jovem talento local. Ele começou a trabalhar aos oito anos de idade, ajudando a mãe, e agora produz algumas das melhores figuras. Seu trabalho diferencia-se pelo traço fino, cores e outras sutilezas. “Acho que se não fosse o barro e nossa loja aqui, hoje eu não teria muita opção do que fazer”, afirma.

O terreiro do pai-de-santo José Geraldo Machado Assis, por exemplo, tornou-se mais que centro espiritual. Um dos principais produtores de cerâmica da cidade, o terreiro também reúne muitos aprendizes. O local reúne a produção de vários artesãos que trabalham com imagens típicas do sincretismo religioso. Gerard, como o pai-de-santo assina suas obras, começou a fazer suas primeiras figuras ainda menino, hoje sua casa virou escola, loja e ponto turístico.

Para os produtores, o maior desafio é ampliar e estruturar melhor os negócios, e para isso falta apoio institucional. Desde o início, o projeto recebe apoio do Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e do Instituo Mauá, de Salvador, mas a prefeitura tem demorado a atender as necessidades da associação.

Até hoje, por exemplo, as peças só foram expostas em duas feiras – em Salvador e Belo Horizonte – devido a falta de meios e recursos para transportá-las e vendê-las em outros locais. “Uma vez nós alugamos um caminhão e enchemos de peças para levar até Salvador. Chegou tudo quebrado, só salvou uns dois vasos”, lembra Maria Aparecida. A produção, com exceção de alguns trabalhos encomendados pelo Instituto Mauá, é vendida para a população local ou para os turistas que eventualmente aparecem na cidade.

Na prefeitura, uma das reivindicações atuais é apoio para conseguirem um ateliê maior, o que aumentaria a capacidade de produção e o número de pessoas empregadas. Outro problema local grave é a extração de barro. Uma das argilas usadas é encontrada apenas numa ilha do rio Grande e hoje o terreno é propriedade de olarias locais. Além de causar séria degradação ambiental, estas empresas estariam se negando a ceder a matéria prima para o artesanato, que consome cerca de cinco caminhões por ano.

Mesmo com estas dificuldades, os artesãos ceramistas de Barra são uma das forças mais criativas e, ao mesmo tempo, desconhecidas do município. As peças retratam os detalhes da cultura regional, sob forte influência do Velho Chico. São dezenas de surubins, piranhas, lavadeiras, pescadores, barcos, orixás e santos, principalmente São Francisco.