Ceará começa a cultivar mamona para produzir biodiesel

Começa oficialmente nesta manhã em Quixeramobim, a 224 quilômetros de Fortaleza (Ceará), o cultivo de mamona destinado à produção industrial brasileira de biodiesel. O projeto desenvolvido no semi-árido cearense funciona em caráter experimental há cerca de dois meses, em uma área de 70 hectares, e gera 60 empregos diretos. Atualmente são extraídos 350 litros de biodiesel por dia, mas quando estiver totalmente implantado, serão 800 litros diários a partir de usinas nos municípios de Quixadá, Pedra Branca e Santa Quitéria.

Articulado pela Delegacia Federal de Agricultura no Ceará, o projeto envolve o governo estadual, a prefeitura do município e um consórcio privado de empresas termoelétricas. Até agora, o grupo investiu R$ 1,5 milhão no cultivo do produto destinado à transformação em biodiesel. “O plantio de mamona para extração de biodiesel faz parte da proposta do governo de incentivar a produção de biocombustíveis”, diz o chefe de gabinete da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Cezar Martins da Rocha. Ex-delegado federal de Agricultura no Ceará, ele foi um dos idealizadores do projeto, que deve se expandir para outros municípios do semi-árido nordestino.

Rocha destaca que o biodiesel extraído de mamona ajudar a despoluir o ambiente. “Essa é uma fonte de energia limpa que também seqüestra o gás carbônico da atmosfera”, afirma o chefe de gabinete da SDA. “Além de abastecer o consumo da frota brasileira de veículos, o produto tem grandes perspectivas no mercado externo.” Ele representará o ministério na solenidade de início do cultivo da planta destinado à extração de biodiesel.

Para desenvolver o projeto, o governo cearense, a prefeitura de Quixeramobim e o consórcio de empresas termoelétricas contam com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Federal do Ceará. A Embrapa é responsável pelo zoneamento das áreas de plantio da mamona e pela elaboração das regras de produção de sementes selecionadas.

Com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Governo quer colocar biodiesel no mercado até o final do ano

O governo federal quer autorizar a entrada do biodiesel no mercado nacional de combustíveis até o final deste ano. O documento autorizando o novo produto deve ficar pronto até novembro. O biodiesel poderá ser adicionado ao diesel mineral na proporção de 2%, sem comprometer a garantia dos motores de veículos a diesel. Representantes do setor reuniram-se hoje, no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o assunto.

O uso do biodiesel no Brasil tem o objetivo de introduzir um novo combustível na matriz energética a partir de projetos auto-sustentáveis, considerando preço, qualidade, garantia do suprimento e uma política de inclusão social. Segundo a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, por meio do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel o governo está desenvolvendo critérios para implantação de mecanismos de estímulo social.

A proposta é incentivar a criação da mamona e do dendê em regiões mais pobres do país. Estes produtos são fundamentais para gerar o biodiesel. Estima-se que a produção de biodiesel para atender ao percentual de mistura de 2% possa gerar mais de 150 mil empregos em 2005, especialmente na agricultura familiar. O biodiesel também poderá ser utilizado na geração de energia elétrica em comunidades isoladas.

A entrada do novo combustível no mercado nacional reduzirá a importação do diesel, que hoje é de cerca de 9%. Além do suprimento interno, em um segundo momento o programa prevê a exportação do produto, que já é utilizado nos Estados Unidos e em países da Europa, como França e Alemanha.