Congos e Moçambiques

Uma das mais tradicionais manifestações populares brasileiras, a congada é realizada em todo o interior, principalmente de Goiás e Minas, incluindo regiões banhadas pelo São Francisco. A festa acontece anualmente entre os meses de outubro e novembro como parte das comemorações em homenagem a Nossa Senhora do Rosário e Santo Expedito.

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Foto: Fernando Zarur

A festa reafirma a religiosidade de seus participantes e é um dos exemplos mais claros do sincretismo brasileiro. Elementos católicos e de religiões africanas ancestrais se misturam e tornam-se indissociáveis. Assim, as imagens de santos e terços misturam-se a tambores, conchas e bengalas, enquanto hinos são entoados com ritmo africano.

Com trajes festivos, bandeiras, tambores e guizos, os congados representam personagens que imitam cortes européias, com reis, rainhas, princesas e capitães. Antigamente era conhecida como “festa dos pretos”, devido a suas origens africanas, mas hoje participam pessoas de várias comunidades. Há dois grupos principais, os congos, com roupas coloridas, e os moçambiques, de roupas brancas.

A tradição passa de pai para filho, como atesta seo Espedito Francisco Martins (foto), que tem toda a família envolvida nas festividades. Ele é capitão do moçambique e condutor dos reis e rainhas, que no coletivo formam o reizado. Também o pescador Clotário Pinheiro viu a tradição seguir em sua família: herdou do pai o título de Rei Perpétuo. “A primeira vez em que brinquei o congado, estava nos braços de minha mãe”, conta Clotário, hoje com 67 anos.