ndios do Xingu libertam todos os reféns e acertam vinda a Brasília

Brasília – Índios da etnia Ikpeng, que vivem no Parque do Xingu, no nordeste de Mato Grosso, liberaram ontem (25) à noite os oito reféns que ainda estavam retidos na aldeia Moygú. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), os reféns foram levados em um avião do órgão até o município vizinho de Canarana e lá foram libertados.

Em seguida, os líderes fizeram um contato por telefone com o presidente da Funai, Márcio Meira, para estabelecer condições para a vinda de representantes Ikpeng a Brasília. No domingo (24) à tarde, os índios já tinham liberado quatro reféns, dos 12 retidos na aldeia desde a última quarta-feira (20).

Ficou acertada a vinda de 70 Ikpeng, entre líderes e guerreiros, a Brasília amanhã (27). O horário não foi definido, porque é preciso fazer diversas viagens de avião entre a aldeia Moygú e Canarana que serão feitas para transportar os indígenas. Do município, a comitiva indígena segue para Brasília em dois ônibus, um trajeto percorrido em cerca de 12 horas.

Na última quarta-feira, os Ikpeng detiveram oito pesquisadores que estavam na região, a serviço da Paranatinga Energia S/A, e quatro funcionários indígenas da administração do posto Pavurú da Funai.

Na sexta-feira (22), ficou acertado entre a Funai e os líderes Ikpeng que, no final de semana, viriam a Brasília 50 guerreiros da etnia e os 12 reféns. Mas, no sábado (23), os índios mudaram de idéia e exigiram a ida do indigenista Cláudio Romero à aldeia.

Os reféns liberados no domingo foram levados até Cuiabá no avião da Funai. Três deles passavam mal. Guerreiros acompanharam a viagem para garantir a volta da aeronave à aldeia. No retorno, o avião e o piloto ficaram retidos. 

Ontem, a indigenista Luzia da Silva foi enviada à aldeia para representar a Funai na negociação com os Ikpeng. Ela também ficou detida. Novos contatos entre órgão e os líderes Ikpeng resultaram na liberação dos reféns, à noite, e no acerto da viagem da comitiva Ikpeng à capital federal. O piloto e a indigenista foram liberados com os demais reféns.

Os indígenas Ikpeng protestam contra os impactos ambientais causados por uma usina hidrelétrica construída pela Paranatinga no rio Culuene, afluente do rio Xingu. Segundo a empresa, os pesquisadores aprisionados trabalhavam no local para fazer um levantamento de impactos ambientais da obra.

ndios do Xingu libertam quatro dos 12 reféns que mantêm desde quarta-feira

Brasília – Indígenas da etnia Ikpeng, do Xingu, em Mato Grosso, libertaram no domingo (24) à tarde quatro dos 12 reféns que mantêm desde quarta-feira (20) na aldeia Moygu. Entre os libertados um é agente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e os outros três são pesquisadores do Instituto Creatio, que trabalham para a Paranatinga Energia, empresa que está construindo uma usina hidrelétrica no Rio Culuene, afluente do Rio Xingu.

As lideranças indígenas que tinha resolvido ir a Brasília no sábado (23) para negociar a libertação dos reféns desistiram da viagem.

Nesta segunda-feira (25), a Funai enviou uma agente indigenista para se reunir com os Ikpeng a fim de negociar uma solução para o caso. A proposta das lideranças indígenas é que o presidente da Funai, Márcio Meira vá até a aldeia Moygu para negociar com os indígenas. Márcio Meira, no entanto, descarta ir ao Xingu enquanto os reféns não forem libertados.

Os pesquisadores estão a serviço da Paranatinga Energia S/A e faziam o levantamento de impacto ambiental quando foram retidos no posto Pavuru, da Funai. Os reféns da Funai são também indígenas, e entre eles está o próprio administrador regional Tamalui Meinako.

Na última sexta-feira (22) a Funai enviou três aviões para a aldeia Moygu para apanhar os líderes indígenas e lavá-los a Brasília para uma reunião com a direção da Funai.

ndios do Xingu negociam com presidente da Funai libertação de 12 reféns

Brasília – A convite do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, 50 guerreiros da etnia Ikpeng, do Parque Nacional do Xingu, no nordeste de Mato Grosso, devem chegar a Brasília amanhã para negociar a libertação dos 12 reféns que estão em poder dos indígenas desde quarta-feira (20).

De acordo com a Funai, os Ikpeng vão se deslocar de avião de Paranatinga, onde vivem, até o município vizinho de Canarana, em 12 grupos, de onde partem para a capital em três ônibus fretados. Cada grupo terá a guarda de um dos reféns.

A reunião entre os indígenas e o presidente da Funai está prevista para este sábado (24).

Os indígenas do Xingu fizeram reféns oito pesquisadores a serviço da Paranatinga Energia, que faziam o levantamento de impacto ambiental da área para a construção de uma pequena central hidrelétrica, e quatro agentes da Funai, que também são indígenas. Todos ficaram no posto

Pavurú . Entre os reféns está o próprio administrador regional da Funai, Tamalui Meinako.

O convite de Márcio Meira é uma contra-proposta da Funai às lideranças do Xingu, que nesta quinta-feira (22) enviaram um comunicado ao Instituto Sócio Ambiental (ISA), exigindo a presença do presidente da Funai e do presidente da Paranatinga Energia na aldeia como condição para libertar os 12 reféns.

O motivo alegado pelos indígenas para a prisão dos 12 reféns é o descontentamento com os possíveis impactos ambientais causados pelas obras de uma pequena central hidrelétrica na região, que está sendo construída junto ao rio Culuene, afluente do rio Xingu.
 

ndios mantêm 12 reféns no Parque do Xingu em Mato Grosso

Brasília – Índios da etnia Ikpeng, que vivem no Parque do Xingu, no nordeste de Mato Grosso, mantêm reféns desde ontem (20) oito pesquisadores que prestam serviço à empresa Paranatinga Energia S/A.

A ação é um protesto contra os impactos ambientais causados pela construção de uma pequena central hidrelétrica (PCH) na região. Quatro funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) também estão retidos. Para libertar os reféns, os indígenas do Xingu pedem a presença dos presidentes da Funai e da Paranatinga.

A assessora de imprensa da empresa, Josana Sales, informou que os pesquisadores faziam levantamento de impacto ambiental quando foram retidos no posto Pavuru, da Funai, na aldeia Moygu. O levantamento, acrescentou, está em fase de complementação e somente após concluído será possível avaliar a extensão do impacto da obra no meio ambiente.

"Tudo vinha caminhando de acordo com todas as reivindicações feitas pelas comunidades indígenas e as determinações do Ministério Público Federal. Então, para nós, foi uma surpresa o ocorrido, até porque esse estudo é importante justamente para definir essas compensações", afirmou.

Os motivos alegados pelos indígenas para manter os pesquisadores e servidores da Funai como reféns foram expostos em carta enviada ao Instituto Sócio Ambiental (ISA). Nesta carta, representantes de nove etnias do Parque Indígena do Xingu se dizem descontentes com os impactos ambientais causados pela construção da usina, como a derrubada de árvores e o uso descontrolado de agrotóxicos em lavouras perto das nascentes do Rio Culuene, um dos principais formadores do Rio Xingu.

Em setembro de 2006, uma liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região autorizou a continuidade das obras da Pequena Central Hidrelétrica Paranatinga II, no Rio Culuene.  

Antropólogo do Museu Nacional critica estudo de empresa sobre local sagrado no Alto Xingu

O antropólogo Carlos Fausto, professor do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, instituição ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisa em artigo o relatório “Programa de Patrimônio Cultural”, que trata de locais sagrados para as comunidades indígenas do Alto Xingu, no Mato Grosso. O estudo foi produzido pela empresa Documento Arqueologia e Antropologia por encomenda da Paranatinga Energia S/A, holding que está construindo no rio Culuene, um dos principais formadores do rio Xingu, a Pequena Central Hidrelétrica Paranatinga II.

Protocolado em abril no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o relatório é parte dos estudos pedidos pela Justiça para avaliar os impactos socioambientais do empreendimento sobre os povos indígenas do Alto Xingu.

A construção da PCH é considerada por muitas lideranças indígenas da região como uma ameaça a seu patrimônio cultural, pois estaria sendo realizada em local sagrado onde, de acordo com a mitologia alto-xinguana, teria ocorrido o primeiro Quarup, hoje uma das principais cerimônias dos povos indígenas da região, cuja realização anual homenageia suas lideranças falecidas. Saiba mais.

O relatório da empresa conclui que o local sagrado do primeiro Quarup, chamado Sagihenhu, não seria no ponto do rio onde a barragem está sendo erguida. Mas sim em outra localidade, sete quilômetros à jusante do eixo da PCH. A localização exata do Sagihenhu de acordo com o relatório, portanto, vai ao encontro dos interesses da empresa que o encomendou e que já gastou mais de R$ 5 milhões na obra.

O antropólogo Carlos Fausto, um dos maiores especialistas nos povos do Alto Xingu e autor de um laudo antropológico sobre a cartografia sagrada da região, critica a metodologia, as premissas e os procedimentos utilizados pelos pesquisadores, fechando seu artigo com um alerta: “É preciso cuidar para que a ciência não seja utilizada de forma a obscurecer nossa compreensão dos problemas socioambientais concretos… Especialistas e especialidades não podem ser improvisados. Trabalhos cuidadosos não podem se dar a toque de caixa”.

ndios do Alto Xingu protestam na Câmara contra construção de usina hidrelétrica na região

Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), recebeu hoje (8) 15 lideranças indígenas do Alto Xingu. Eles foram protestar contra a construção da hidrelétrica de Paranatinga 2, que está sendo levantada perto do Parque do Xingu e de Parabubure, terra dos índios xavante, a 570 quilômetros de Cuiabá (MT). Do lado de fora, no estacionamento da Cãmara, 107 indígenas fizeram uma dança de protesto.

Eles dizem que a construção da hidrelétrica vai alagar parte das terras e, por causa do lago que se formará, a cerimônia do Quarup – a festa anual feita pelos índios do Xingu para homenagear seus mortos – será inviabilizada.

Segundo o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), que recebeu os índios na Câmara, a reunião com Aldo não pode trazer grandes avanços para a reivindicação dos povos do Xingu. "O presidente disse ponderadamente que não tem como se posicionar. O que pode ser feito aqui na Câmara é a aceleração da aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas", disse.

O deputado explicou que o problema na região vem de um impasse entre a lei estadual – que determina a construção da hidrelétrica – e a lei federal – que garante o direito dos povos indígenas. "Esse é um ato político das lideranças indígenas para que eles saibam as limitações que a Casa tem na aprovação do estatuto", afirmou.

Semana passada, 120 índios de várias etnias que moram perto do local invadiram as obras pedindo a demolição da usina. Depois de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), eles se retiraram da região. Em troca, receberam ajuda do órgão para marcar audiências com o Judiciário, o Ministério Público e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Brasília.

Em maio deste ano, o juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal, determinou a paralisação da obra. Ele alegou que a usina poderia causar danos fora da reserva e modificar o rio Culune, afluente do Xingu. A obra – que está 80% construída – se encontra embargada.

ndios querem interromper construção de barragem no principal formador do rio Xingu

Cerca de 200 índios de diversos povos de dentro e de fora do Parque Indígena do Xingu estão concentrados desde hoje, quarta-feira 31 de maio, no trecho do rio Culuene – principal formador do rio Xingu -, no Mato Grosso, onde uma hidrelétrica está sendo construída. As lideranças indígenas exigem a interrupção da obra e que o Poder Público se comprometa a preservar a região das cabeçeiras do Xingu.

Os povos índigenas do Xingu querem a paralisação das obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Paranatinga II, em construção no rio Culuene, o principal formador do rio Xingu. Nesta quarta-feira, 31/5, cerca de 200 índios se concentraram no local da barragem para realizar um protesto que deve durar toda a semana.

O movimento xinguano, que mobiliza representantes de diversas etnias do Parque Indígena do Xingu (PIX) e aldeias do povo Xavante, que também vivem na região, planeja realizar protestos e manifestações no local até o próximo domingo. Suas lideranças afirmam que os índios não saem das instalações sem serem ouvidos por autoridades do governo federal e pelos donos do empreendimento. Exigem a interrupção imediata da obra.

O principal protesto está marcado para esta quarta-feira, 31 de maio, quando os membros da etnia Kalapalo planejam realizar a tradicional cerimônia do Quarup. O local não poderia ser mais apropriado: o trecho do Culuene no qual a obra está sendo construída é considerado sagrado pelos povos indígenas da região do Alto Xingu. De acordo com lideranças indígenas, foi nesse lugar que se realizou o primeiro ritual funerário do Quarup.

A PCH está sendo erguida no leito do Culuene entre os municípios matogrossenses de Campinópolis e Paranatinga. Seu projeto prevê o alagamento de uma área de 1.290 hectares, dos quais 920 de vegetação nativa. O lago será formado pela edificação de duas barragens e o projeto está orçado em R$ 4,6 milhões. Comop se não bastasse tudo isso, a barragem está sendo construída a apenas dois quilômetros da Reserva Ecológica Estadual do rio Culuene, em território histórico dos povos xinguanos, rico em vestígios arqueológicos de antigas populações que ali viveram, agravando ainda mais esta situação.

Desde 2005, a hidrelétrica tem sido objeto de diversas idas-e-vindas judiciais. Sua execução chegou a ser embargada pela Justiça, que determinou que seu licenciamento ambiental fosse feito pelo governo federal. O avanço das obras também incluiu um polêmico acordo entre o governo do Mato Grosso e algumas lideranças indígenas. O acordo foi contestado pela maioria dos caciques do Xingu e, posteriormente, negado inclusive por alguns dos que o tinham assinado. Saiba mais aqui e aqui.

A mobilização indígena visa impedir a conclusão da obra e a formação do reservatório. O principal temor dos índios é que a barragem prejudique a reprodução das espécies de peixes que praticam a piracema – migração rio acima para desova. Com o rio obstruído, a reprodução das espécies seria afetada, causando a diminuição na quantidade de peixes nos rios da região e afetando a pesca e a segurança alimentar das populações indígenas. Outros impactos negativos já estão ocorrendo, segundo relato dos índios. As escavações da obra teriam provocado o assoreamento do Culuene, alterando o fluxo e a correnteza do rio e dificultando a navegação na região.

As lideranças xinguanas concentradas no local desejam se reunir com representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Ministério Publico Federal, do Ministério de Meio Ambiente e da Fundação Nacional do Índio (Funai) até domingo. Destes encontros as lideranças esperam obter o compromisso de que nenhuma barragem seja construída no rio Xingu ou em seus afluentes, que seja proibido o desmatamento de matas ciliares e que os índios tenham apoio para recuperar as nascentes no Xingu. Leia abaixo a carta do movimento indígena endereçada as autoridades.

Carta em defesa do Rio Xingu

Canarana, 30 de maio de 2006.

PARA
Marina da Silva, Ministra do Meio Ambiente
Silas Rondeau, Ministro de Minas e Energias
Márcio Thomas Bastos, Ministro da Justiça
Blairo Maggi, Governador do Mato Grosso
Mércio Pereira, Presidente da FUNAI
Izanoel Sodre, Diretor Geral do CGPIMA, FUNAI
Marcus Luiz Barroso Barros, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – IBAMA
Mário Lúcio, Ministério Público Federal
Débora Duprat, 6a Câmara do Ministério Público Federal
Rebeca Summer, Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas
Presidente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos

Prezados Senhores (as),

Em 2004, quando soubemos da construção de uma barragem no Rio Kuluene, em local sagrado para os habitantes do Xingu, que chamamos de Sagikengu, onde foi feito por Mawutisinin o primeiro Kuarup de nossa história, as lideranças do Xingu e Xavante unidas, se manifestaram contra a construção da barragem. De lá para cá apostamos na justiça e na palavra dos não-índios para sua paralisação. A empresa e o Governo do Estado tentaram comprar nosso silêncio, com dinheiro, carros e casas, e a obra vem avançando, mesmo depois de liminares da justiça e depois dos estudos feitos por antropólogos mostrarem que aquele era mesmo um lugar sagrado para nós; e os estudos de impacto anunciaram a diminuição dos peixes, principal fonte de alimentação de nossas famílias. De lá para cá muito estrago foi feito no rio, e vemos com tristeza que dia após dia mais estragos são feitos. Hoje, quase dois anos depois, ainda lutamos contra a obra, e vamos novamente até o local para exigir sua paralisação definitiva e a recuperação do estrago que foi feito. Contamos com sua presença, para fortalecer nossas reivindicações e para nos ajudar a resolver, de forma pacífica este impasse.

• Queremos manter a bacia hidrográfica do rio Xingu preservado, para ser uma referência de preservação de biodiversidade, etno-ambiental e cultural.

• Queremos que as autoridades façam o tombamento do local de Sagikengu, patrimônio histórico das etnias do Xingu.

• Queremos que os índios sejam consultados antes de qualquer obra nas nascentes do rio Xingu.

• Queremos o reflorestamento das matas ciliares que foram destruídas nas nascentes do rio Xingu.

• Queremos um fundo para fiscalização das nascentes do rio Xingu, gerido por nós indígenas.

• Queremos o fortalecimento do IBAMA na região das nascentes do rio Xingu.

• Queremos um cinturão verde no entorno do Parque Indígena do Xingu.

• Queremos que não seja realizada nenhuma outra construção de barragem no Rio Xingu e seus afluentes.

• Queremos que não seja permitido desmatar a 500 metros da margem dos rios, de qualquer tamanho.

Movimento indígena em defesa do Rio Xingu