A invasão

Está tudo errado sobre esse negócio todo do Iraque pois não há guerra nenhuma e nem haverá. O que há, de verdade, é uma invasão. Os Estados Unidos estão invadindo o território de um país – a resistência será mínima – por interesses econômicos e políticos.

O triste da invasão, além da parafernália inútil que demonstra a força do gigante imaturo, está nas mortes dos inocentes. Crianças, velhos, homens e mulheres, que nada tem a haver com isso, morrerão vítimas das bombas e da completa ignorância que cerca tudo em torno da invasão.

A imprensa, ávida, faz o jogo. Chama a invasão e o desrespeito do território de outro país, bem mais fraco obviamente, de guerra – uma histórica fanfarronada. Faz crer que haverá um confronto semelhante ao da Segunda Grande Guerra, criará falsos heróis. Na volta, vamos ver em Nova York, na Quinta Avenida, o desfile dos “vitoriosos”. Sobre os ombros dos soldados papéis picados que cairão dos edifícios e o peso da verdade que carregarão em silêncio para o resto de suas vidas.

A Inglaterra nos deixa perplexos. Nós que passamos a vida admirando a resistência daquela Ilha comandada por Churchil, durante a Segunda Grande Guerra, vemos o Sr. Tony Blair jogar toda uma história de honra e verdadeiro heroísmo pela janela. Transformou a nação Inglesa em um iôiô dos Estados Unidos. A maior razão que deu ao Parlamento, para manter a invasão foi a de não ir com a cara do ditador iraquiano Saddan Hussein – não gosto dele. Aliás, quem gosta?

Eu também não gosto de algumas pessoas, poucas graças a Deus, nem por isso vou atacá-las em plena rua ou invadir suas casas dando bengaladas em seus filhos e familiares.

O que mais chama a atenção, porém, é o comportamento do Sr. George Bush. Colheu a suprema dor dos americanos agredidos pelo indescritível e inacreditável ataque de fanáticos às torres gêmeas para com ela garimpar mais dor pelo mundo afora.

Se há informações do envolvimento do Iraque a saída eminente é a que a ONU tentou costurar: desarmar o país e depois, com calma, negociar a democratização daquele estado independente pressionando o seu ditador e patrocinando um acordo que os próprios iraquianos participem, sob a supervisão das Nações Unidas.

Os Estados Unidos da América estão perdendo a grande oportunidade de calcados em sua grande força – militar, cultural, econômica e científica – levar o desenvolvimento ao mundo pobre, acabando com a fome e a miséria, trabalhando pelo desenvolvimento e pela igualdade dos povos. Oportunidade que poderia germinar da dor e da solidariedade de todos depois dos atentados de 11 de setembro.

Uma utopia necessária do bem vencendo o mal dos filmes de Hollywood da nossa infância. Não daqueles que os “cowboys” matavam os índios mas daqueles que o mocinho pobre, de bigodinho e chapéu coco, ajudava o menino órfão.

Carlos Zarur é jornalista