Codevasf assina acordo com japoneses para produção de biocombustível

Brasília – A Companhia de Desenvolvimento do Vale do Rio São Francisco (Codevasf) assinou hoje (13) um acordo técnico que permitirá o desenvolvimento da produção de biocombustível em áreas irrigadas de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Piauí. Em parceria com a trading japonesa Itochu Corporation e com a Companhia de Produção Agrícola (Campo), que atua na montagem de cooperativas de produção, a Codevasf pretende impulsionar a produção de álcool de cana e de biodiesel extraído do dendê e do algodão para o mercado japonês.

Pelo acordo, a Codevasf se compromete a desenvolver as áreas de irrigação que abrangerão 300 mil hectares às margens dos rios São Francisco e Parnaíba. A companhia, vinculada ao Ministério da Integração Nacional, também repassará aos japoneses estudos feitos sobre cana-de-açúcar e bioenergia para subsidiar os trabalhos.

A Itochu ficará encarregada de fazer os estudos técnicos dos projetos. Aqueles que tiverem a viabilidade comprovada irão para licitação. Se a trading japonesa vencer a disputa, o valor gasto com os estudos será contabilizado como investimento da empresa. Caso outra companhia ganhe a licitação, a Itochu será ressarcida pelo consórcio vencedor. Se os estudos não comprovarem a viabilidade, o prejuízo será assumido pelos japoneses.

Comum no setor elétrico, por causa da Lei das Concessões, a terceirização de estudos técnicos só foi estendida para outros setores da economia pela Lei de Parcerias Público-Privadas. “A grande vantagem para o governo é que a Codevasf não terá de desembolsar nada pelos estudos”, explica o presidente da companhia, Luiz Carlos Farias.

Para Farias, a importância do acordo assinado hoje está em assegurar a posição do Brasil como exportador de etanol, além de fornecer emprego para pequenos produtores. “Pela primeira vez, os setores público e privado se unem num modelo de agronegócio integrado que trará melhorias sociais para o semi-árido”, afirma.

Na avaliação do diretor de Infra-Estrutura da Codevasf, Clementino Coelho, a produção de biodiesel permitirá ao Brasil transformar um produto agrícola em um bem energético. “O álcool é perecível, mas o combustível, não”, ressalta. Segundo ele, o convênio pode ajudar o Brasil a superar barreiras comerciais com o Japão. “Atualmente, o álcool brasileiro é sobretaxado da mesma maneira que as bebidas alcoólicas”, disse.

A empresa vencedora das licitações entrará com o financiamento do projeto e arcará com a montagem de destilarias e os demais equipamentos de beneficiamento do biocombustível. A Campo ficará responsável por estruturar as cooperativas de produção. “A experiência será um referencial no modelo de agricultura, porque fará uma ponte entre o agronegócio e a agricultura familiar”, afirma o presidente da Campo, Emiliano Botelho.

Para os japoneses, a participação em projetos de produção de biocombustíveis é essencial para se antecipar ao governo. Por causa das metas estabelecidas no Protocolo de Quioto, que prevê a redução da emissão de poluentes nos países desenvolvidos, o país tornará obrigatória em 2010 a adição de biocombustível na gasolina.

“Se a adição de for de 3%, o Japão terá de importar 1,8 bilhão de litros de biocombustível por ano, o que é uma quantia considerável”, estima o vice-presidente executivo da Itochu, Akira Yokota, que veio do Japão especialmente para a assinatura do acordo. “Nós queremos assegurar uma fonte duradoura de etanol e outros combustíveis alternativos”.

Com 824 companhias filiadas em todo o mundo, Itochu Corporation atua em várias atividades, como telecomunicações, construção e serviços financeiros. Atualmente, o conglomerado opera 2,2 mil postos de combustível no Japão. 

Juvêncio lamenta que Brasil não participe de encontro ambiental

O presidente da Subcomissão Permanente do Meio Ambiente, senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS), lamentou que o governo brasileiro tenha se recusado a participar do encontro internacional, a ser realizado no próximo ano em Aichi, no Japão, que debaterá a questão ambiental e a sociedade urbana industrial. Para ele, o Brasil perderá uma grande oportunidade de expor ao mundo que realiza um esforço para  se desenvolver de forma sustentável, "onde a questão do meio ambiente é levada a sério".

Juvêncio da Fonseca estranhou a não participação do Brasil no encontro que irá reunir cerca de 137 países. E estranhou a argumentação de autoridades brasileiras de que o governo "não teve tempo suficiente" para preparar a participação brasileira no encontro do Japão e que os custos seriam incompatíveis com a realidade econômico-financeira do país.

As afirmações de Juvêncio da Fonseca foram feitas durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (17) pela subcomissão, que reuniu representantes do Ministério do Meio Ambiente, como Fernando Lírio, diretor da Assessoria Internacional da pasta, e Silvio Botelho, chefe de gabinete; e o chefe da Divisão de Feiras e Turismo do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Antônio José Maria de Souza e Silva. Para o embaixador, a participação brasileira no encontro custaria em torno de R$ 100 milhões, o que considerou um valor elevado para um país, como o Brasil, onde os recursos são escassos.

Juvêncio da Fonseca concordou, mas salientou que o governo brasileiro poderia participar do encontro tendo em mãos um projeto mais barato, pois o público estimado que irá ao encontro e que percorrerá os stands da feira, ao longo de seis meses, é de 16 milhões de pessoas. Já o senador Flávio Arns (PT-PR) argumentou ser relevante levar a imagem do Brasil para o exterior, desde que os custos sejam compatíveis com a realidade nacional.

Japoneses financiam pesquisas com guaraná orgânico no Amazonas

A demanda por produtos orgânicos é um dos segmentos que mais crescem no mercado atual e buscando atender a essa tendência, a Embrapa Amazônia Ocidental cultiva há 18 meses cinco hectares de guaraná sem aditivo químico no seu campo experimental em Manaus. A experiência é parte de um projeto piloto financiado por uma empresa japonesa, para aquisição e exportação de guaraná orgânico. A empresa, que tem escritórios no Brasil, Peru, Estados Unidos, França, Inglaterra e China, é responsável hoje pela introdução de 10 toneladas/ano de guaraná orgânico no mercado japonês, onde é empregado na produção de bebidas energéticas. Nesta semana, os diretores da empresa, Shoji Nagano e Teruaki Matsumura visitam a Embrapa e analisam os procedimentos de certificação orgânica do produto final que deve começar a ser fornecido para o Japão em um ano. No campo, a Embrapa cultiva cinco variedades clonadas, com destaque para o BRS CG 611, que dentro desse sistema é o mais precoce, mostrando um desenvolvimento vegetativo inicial mais vigoroso. Apesar de terem apenas um ano e meio, as plantas já lançaram cachos de flores. Segundo Murilo Arruda, pesquisador responsável pelo trabalho, o experimento encontra-se no estágio de coleta de amostras de planta e solo para análise do impacto dessas práticas orgânicas. A avaliação vegetativa servirá para constatar se a adubação está deixando os guaranazeiros bem nutridos e se o solo sofre algum tipo de degradação física ou química. No experimento são testados como adubação esterco de galinha, carvão e farinha de osso. Em cada cova foram colocados três litros de esterco de galinha e os demais componentes lançados à superfície, ao redor das plantas (coroamento). Esse procedimento será feito anualmente, pelos próximos quatro anos, recomenda o pesquisador. A aplicação desses componentes, explica Arruda, deve-se a importância que cada um exerce no desenvolvimento da planta. A farinha de osso é rica em fósforo e cálcio; o esterco em potássio, nitrogênio e em micronutrientes. O carvão funciona como um condicionante para manter a umidade do solo. O produto orgânico difere-se do convencional por apresentar ausência de aditivos químicos, tais como: herbicidas, inseticidas e adubos industrializados. O controle das pragas e doenças demanda maior mão-de-obra, elevando os custos da produção, mas garante no mercado produtos “limpos” e com preço mais elevado. Hoje, no Amazonas, a amêndoa torrada procedente de plantios tradicionais, é vendida entre R$ 3 e R$ 7 o quilo. O guaraná orgânico, na avaliação dos pesquisadores, pode atingir o patamar de R$ 20 o quilo, tamanho é o interesse do mercado por esse tipo de produto. Com informações da Embrapa Amazônia Ocidental