Estudo aponta que empresas brasileiras não implementam projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Rio de Janeiro – Um estudo realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em parceria com a PricewaterhouseCoopers junto a 163 indústrias, associações setoriais e instituições financeiras detectou que 79% das empresas brasileiras pretendem realizar projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O estudo foi feito no primeiro trimestre deste ano, e aponta também que 70% das empresas pesquisadas têm faturamento anual superior a R$ 200 milhões.

Instituído por sugestão do governo brasileiro no Protocolo de Quioto (artigo 12), o mecanismo objetiva fomentar o desenvolvimento sustentável em países emergentes, que poderão negociar a redução de emissões de gases na atmosfera com os países considerados altamente poluidores. O MDL pretende estimular a aliança entre crescimento econômico, inclusão social e preservação do meio ambiente, mediante a transferência de tecnologia dos países ricos para as nações em desenvolvimento.

A principal conclusão do estudo, segundo informou à Agência Brasil o sócio da PricewaterhouseCoopers, Rogério Gollo, é que a maioria dos empresários sabe que a realização de projetos de MDL é fundamental para a consolidação da nova visão de desenvolvimento, mas ainda não implementaram esses projetos. “Eles sabem que é um bom negócio, tanto em termos sócio-ambientais ou de investimento, ouviram falar, mas ainda não tomaram a decisão de realizá-los”.

“Está faltando aquela coragem, o empurrãozinho para tomar a decisão como parte da análise de investimento total, disse Gollo, acrescentando que falta o link (ligação) entre o setor de meio ambiente e o pessoal de planejamento e investimento das empresas.

O segundo entrave, conforme Rogério Gollo, é que as empresas não têm, em geral, uma visão de longo prazo no país. “Elas associam isso a mercado de mais curto prazo, e por isso adiam as decisões de investimento”.

O executivo afirmou que os projetos de MDL têm que fazer parte da agenda de investimento e de melhoria das empresas. E tudo começa, segundo Gollo, com o inventário de emissões. Se as empresas fizessem um levantamento de onde poderiam gerar eficiência de energia, saberiam com mais facilidade onde poderiam ou não atuar, explicou.

De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas e entidades consultadas (74% do total) ressalta que o principal objetivo é o cumprimento de leis ambientais. “Falta o passinho a mais. Quer dizer, estou tranqüilo na lei e agora quero ver se vou adiante. Partir para a ação”,  enfatizou Gollo.

Por setores, a maior conscientização sobre a importância do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo foi observada na área industrial, com destaque para os setores de química e petroquímica, além da siderurgia e mineração, cujos dirigentes se mostram atentos a essa questão.