Pajés debatem mecanismos de proteção da cultura indígena

O II Encontro dos Pajés, que acontece de hoje até sábado (28), em Brasília, reunirá 60 lideranças indígenas – espirituais, tradicionais e articulistas do Brasil e do exterior. Segundo o articulador dos Direitos Indígenas e Coordenador Geral do Encontro Direito dos Pajés, Marcos Terena, o objetivo do encontro é dar continuidade aos debates que ocorreram no I Encontro em São Luís do Maranhão, em 2001.

pajes_2.jpgDurante o encontro será elaborado um livro com teses indígenas sobre a visão ambiental, direitos humanos e perspectivas do futuro. “Foi difícil reunir tantos pajés, pois eles são pessoas especiais, são místicos, e têm a capacidade de enxergar além dos olhos normais do ser humano”, disse Terena.

Ele disse ainda que sua maior preocupação é a de alertar os pajés, "porque, às vezes, na aldeia, ele sofre o assédio de pessoas que vão roubar informações sobre remédios naturais e o uso terapêutico das plantas". O encontro é uma iniciativa do Instituto Indígena Brasileiro da Propriedade Intelectual, do Comitê Intertribal, com apoio de entidades nacionais e internacionais.

Foto: J. Freitas/ABr.

Cerimônia

Oração e canto para Tupã, pedindo para louvar o trabalho e a união dos povos indígenas. Assim os índios Itambé Pataxó e Getúlio Kaiwá marcaram, com uma cerimônia espiritual, a abertura do evento. O objetivo, segundo o presidente do Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual – Inbrapi, Daniel Mundukuru, é discutir o que consideram importante para o desenvolvimento dos indígenas, principalmente a questão da proteção do conhecimento.

Estão presentes na reunião representantes de diversas entidades culturais e de educação, além de organismos nacionais e internacionais, como a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional, que desenvolve proteção do meio-ambiente, energia renovável e saúde. Ao final do encontro, os índios vão elaborar um documento que será levado aos Ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores.

“Vamos pedir a eleboração de regras para proteger esse conhecimento, que é um saber milenar, é um saber oral, não se encontra em livros, não se encontra em Universidades. Os pajés são pessoas especiais. E protegê-los é um forma também de proteger a Amazônia e a Biodiversidade, que é a riqueza do futuro”, concluiu Marcos Terena. O Diálogo de Pajés prossegue até o próximo sábado, quando será encerrado ao meio-dia, com uma saudação dos índios para os deuses no espelho dágua do Itamaraty.