Senado aprova MP que autoriza Caixa a negociar diamantes em poder de índios

O Senado aprovou hoje a Medida Provisória 225/04, que autoriza a Caixa Econômica Federal a negociar diamantes em poder dos índios Cinta-Larga, em Rondônia, por tempo determinado e em caráter excepcional. A MP foi editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em novembro do no ano passado como forma de reduzir a violência na reserva Roosevelt (RO).

Em março do ano passado, 27 garimpeiros foram mortos na região em conflitos com indígenas, o que levou o presidente a determinar que a Caixa controlasse os diamantes explorados na região. A Caixa leiloou os diamantes em fevereiro deste ano, e conseguiu arrecadar R$ 716 mil – valor que será distribuído em benfeitorias aos Cinta-Larga.

A MP autorizou apenas o controle dos diamantes já extraídos e fixou o prazo de 15 dias, que terminaram em dezembro de 2004, para que o banco negociasse as pedras. "Todos assistiram estarrecidos ao crime por disputa de diamantes. A política do governo preservou o interesse público", ressaltou o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP).

O vice-líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), defendeu a aprovação de projeto que regulamente o garimpo no país. Na avaliação de Jucá, o projeto que tramita no Senado Federal vai evitar novas mortes por disputa de pedras preciosas, como as ocorridas em Rondônia.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), lembrou que a área da reserva Roosevelt é alvo de contrabando e disse que a MP pode coibir novos conflitos na região. Ele criticou, no entanto, o fato de a decisão ter sido efetivada pelo governo por meio de medida provisória. "Temos que acabar com essa edição infinita de MPs que prejudicam o Congresso e o país", criticou Virgílio.

Caixa expõe diamantes dos Cinta Larga que vão a leilão em fevereiro

Seiscentos e sessenta e cinco quilates de diamantes em estado bruto, extraídos da reserva Rossevelt, no município de Espigão D’Oeste, em Rondônia, onde vivem os índios Cinta-Larga, vão ser leiloados pela Caixa Econômica Federal (CEF). A partir de hoje (24), as pedras ficarão expostas na sede da CEF, no centro da cidade, até o próximo dia 28.

Para o leilão, que será realizado no dia 2 de fevereiro, a Caixa Econômica separou os diamantes em 57 lotes. A avaliação inicial de cada lote varia de R$100 a R$ 80 mil.

Segundo o vice-presidente de Crédito da Caixa, Francisco Egídio, a disputa pelas pedras foi o motivo do confronto entre garimpeiros e índios em abril de 2004, que deixou um saldo de 29 garimpeiros mortos. Para evitar novos conflitos, o governo federal determinou, na época, o fechamento da reserva e autorizou à Caixa Econômica que abrisse uma agência dentro da reserva em caráter emergencial para que os diamantes entregues pelos índios fossem avaliados. As pedras foram trazidas para o Rio por agentes da Polícia Federal.

Ainda de acordo com Francisco Egídio, o dinheiro arrecadado com o leilão vai para as contas bancárias abertas pela CEF para os índios. A medida, de acordo com o vice-presidente de Crédito, é uma forma de promover a inclusão social dos Cinta-Larga.