Campanha SOS Rio Tocantins

O Centro de Trabalho Indigenista iniciou esta semana (14 de fevereiro), a Campanha SOS Rio Tocantins. A iniciativa é dos Povos Indígenas Krahô e Apinajé do sul do Maranhão e norte do Tocantins junto aos moradores de Carolina e de outros municípios da região. Trata-se de um abaixo assinado que será encaminhado ao IBAMA e ao Ministério Público, dia 14 de março, contra a implantação da Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE), no rio Tocantins. O documento pode ser assinado no site do CTI: www.trabalhoindigenista.org.br

A barragem será construída entre os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO) e afetará toda a área compreendida pelos municípios de Aguiarnópolis, Babaçulândia, Barra do Ouro, Darcinópolis, Filadélfia, Gioatins, Itapiratins, Palmeiras do Tocantins, Palmeirante e Tupiratins, no Estado do Tocantins, e Carolina e Estreito, no Estado do Maranhão.

De acordo com ambientalistas, a implantação dessa Usina irá descaracterizar a vida de milhares de pessoas dos municípios atingidos, provocando alterações sociais, ambientais e cênicas irreversíveis. Tais impactos prejudicarão o desenvolvimento do turismo ecológico na região, que vem se colocando como uma das melhores alternativas econômicas para a população local.

O documento chama a atenção ainda para a propaganda que vem sendo feita do progresso fácil e denuncia que mesmo após a recente realização de audiências públicas, a maioria da população continua sem saber quais as reais dimensões e compensações dos impactos que serão sofridos. A bacia do rio Tocantins guarda riquezas arqueológicas e naturais ainda pouco conhecidas, mas muito frágeis diante da ação do homem.

Além da pressão dos grandes projetos, da presença de áreas indígenas, da riqueza da biodiversidade daquelas áreas de cerrado e de transição para a floresta amazônica, há outra justificativa para conter a implantação da UHE. Vários grupos organizados estão desenvolvendo na região, projetos de aproveitamento sustentável dos recursos naturais do cerrado, de manejo e extrativismo. Essas comunidades e organizações estão criando alternativas econômicas e de geração de emprego e renda para índios e pequenos produtores agroextrativistas, contribuindo para a conservação daquele ambiente e para a construção de um novo modelo de desenvolvimento, não-predatório e sustentável.

Araguaia-Tocantins terá programa de revitalização

O Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás firmam nos próximos dias um convênio para iniciar a elaboração de um diagnóstico sobre a Bacia Hidrográfica do Araguaia-Tocantins. Com o acordo, serão investidos R$ 317 mil, até junho  de 2005, no levantamento de informações que servirão de base para um Programa de Revitalização  da Bacia Hidrográfica do Araguaia-Tocantins.

Além de um quadro sobre a situação ambiental da Bacia (em laranja, abaixo), o convênio proporcionará uma visão sobre a presença e a atuação das instituições públicas na região e promoverá oficinas e audiências públicas sobre o tema. A Bacia abrange cinco estados – Goiás, Tocantins, Pará, Mato  Grosso e Maranhão – e sofre com poluição, assoreamento, desflorestamento de margens e de nascentes e ainda com práticas agropecuárias insustentáveis. Em 2005, outros convênios deverão ser firmados com os demais estados integrantes da Bacia do Araguaia-Tocantins.

O Tocantins nasce da confluência dos rios Maranhão e Paraná, em Goiás, percorrendo 2,6 mil quilômetros até desembocar na foz do Amazonas, próximo à Ilha do Marajó. Durante as cheias, seu trecho navegável é de quase dois mil quilômetros, entre as cidades de Belém (PA) e Peixe (GO).

O Rio Araguaia nasce na Serra dos Caiapós, entre Goiás e Mato Grosso, e tem 2,6 mil quilômetros extensão. Desemboca no Rio Tocantins em São João do Araguaia, antes de Marabá e da Barragem de Tucuruí (PA). Depois de percorrer cerca de 700 quilômetros, já no extremo nordeste de Mato Grosso, o Araguaia se divide em dois braços e forma a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. Na estiagem, forma praias de areias brancas que atraem milhares de turistas