Agentes denunciaram ameaças de tartarugueiros um dia antes do atentado em Roraima

Manaus – Agentes ambientais voluntários que atuam no rio Jauaperi, em Barcelos (AM), estiveram na última segunda-feira na sede da superintendência regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Manaus, denunciando tentativas de agressão e ameaças por partes de caçadores ilegais de tartarugas. A visita aconteceu um dia antes do atentado contra uma equipe a serviço do Ibama em Caracaraí (RR), que causou a morte do colaborador José Santos Cruz. O local da emboscada, no baixo rio Branco, fica próximo ao rio Jauapery, na divisa entre os dois estados.

“Dois líderes comunitários vieram conversar comigo e relataram o risco de que os tartarugueiros (traficantes de tartarugas) reagissem às tentativas de fiscalização”, revelou hoje (17) à Radiobrás o chefe de Fiscalização do Ibama no Amazonas, Adilson Cordeiro. “Estávamos preparando uma ação para atender às denúncias, mas os fatos se precipitaram e a coisa saiu do plano estadual”, completou.

O superintendente do Ibama no Amazonas, Henrique Pereira, confirmou que aguarda orientações da direção nacional do órgão. “Já nos colocamos à disposição para atuar na região da fronteira com Roraima, com apoio da Polícia Federal”, contou. Tanto ele quanto Cordeiro ponderaram que a divulgação de detalhes dessa operação, como a data de início e a quatidade de agentes, poderia atrapalhar o sucesso dela.

A carne de tartaruga é uma iguaria muito apreciada na Amazônia, mas o animal (que costuma ser vendido vivo) só pode ser comercializado se for proveniente de cativeiro autorizado pelo Ibama. O Amazonas tem 57 criadouros de quelônio legalizados. Cada tartaruga deve ser identificada com um selo individual, colocado no seu casco.

“Pedimos à população que não compre animais de origem duvidosa. Com isso, as pessoas  ajudarão a combater a captura da tartaruga amazônica, que está em risco de extinção”, apelou Cordeiro, lembrando que o comércio ilegal de quelônios está também ligado à violência rural. “A população pode ajudar não comprando e denunciando. Até porque esses animais ilegais são caros (custam entre R$ 300 a R$ 1000, de acordo com o tamanho e a época), grande parte da população não tem mesmo acesso a eles”.

Cordeiro informou ainda que a multa por cada quelônio capturado ilegalmente é de R$ 500. O infrator está sujeito também a um processo penal, que a princípio pode levar à sua prisão, embora na prática isso raramente aconteça. O telefone do disque denúncia do Ibama no Amazonas é: (92) 3613-3081.

Confirmada a morte de prestador de serviços contrado pelo Ibama

Manaus – O prestador de serviços do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), José Santos Cruz, que foi vítima de um atentado na
última
terça-feira, foi encontrado morto. Seu corpo foi localizado
nas águas do baixo rio Branco, no município de Caracaraí (RR). A
informação foi confirmada hoje (17) pelo plantonista da Companhia de
Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima, que se
identificou como tentente Jerner. Cruz trabalhava na identificação dos
locais de desova de tartarugas, a serviço do Ibama.

Desde
ontem a Polícia Federal está no local da emboscada, que é isolado e de
difícil comunicação. Para ir da capital de Boa Vista o hotel de selva
Ecotur, que está servindo de base para a operação, são cerca de 45
minutos de vôo. De lá até a região do conflito, gasta-se mais quatro
horas de viagem em voadeira (canoa motorizada).

“Não posso
informar quantos policiais são, nem qual o delegado responsável pela
investigação. Por enquanto, não há pistas dos assassinos. O que se sabe
é que o ataque provavelmente aconteceu em represália à fiscalização da
caça ilegal de quelônios”, declarou o responsável pela comunicação da
Superintendência da Polícia Federal, José Giovanni Maia Negreiros.

José
Santos Cruz fazia parte da equipe de sete pessoas que estava em
Caracaraí para marcar as covas de tartarugas do tabuleiro (local de reprodução dos quelônios) de Santa Fé. Na
terça-feira, por volta das 17h00 (horário local), cinco integrantes do
grupo foram baleados por quatro homens, que seriam tartarugueiros
(traficantes de tartarugas). O atentado ocorreu
quando eles estavam dentro da canoa, em direção à praia.

Das
cinco vítimas, quatro pularam na água e conseguiram sobreviver apenas
com ferimentos leves. Uma delas, o analista ambiental Raimundo Cruz,
ficou oficialmente desaparecida até ontem, quando o Ibama confirmou sua
localização. José Santos Cruz morava em Caracaraí e havia sido
contratado temporariamente pelo Ibama. Ele recebeu um tiro à queima
roupa e caiu na canoa, que foi roubada peos agressores.

Local de ameaças de tartarugueiros, Rio Jauapery poderia se transformar em reserva extrativista

Brasília – Desde 2002 o Conselho Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) do Ibama estuda a criação de uma reserva extrativista no Rio Jauapery, que englobaria também a margem esquerda do baixo Rio Branco, no Amazonas. O coordenador do CNPT no Amazonas, Leonardo Pacheco, revelou que esse processo está sendo coordenado em parceria com o CNPT de Roraima e que os trabalhos avançaram bastante no último ano.

A discussão poderia ser uma das alternativas para ajuda no combate às ameças dos tartarugueiros que caçam ilegalmente o animal na região. Nesta semana, uma equipe a serviço do Ibama em Caracaraí, em Roraima, que causou a morte do colaborador José Santos Cruz. O local da emboscada, no baixo rio Branco, fica próximo ao Rio Jauapery, na divisa entre os dois estados. O Rio Jauapery também teve ameaças a agentes ambientais voluntários que buscam proteger as tartarugas.

Os agentes ambientais voluntários são lideranças comunitárias treinadas pelo Ibama. Eles realizam atividades de educação ambiental e monitoramento de crimes contra o meio ambiente. Podem, inclusive, lavrar autos de constatação, que servem como pontos de partida para atuação dos fiscais do Ibama. Na região do Rio Jauaperi atuam 11 desses agentes – ao todo, o Amazonas já formou 1.269 deles, consagrando-se como estado líder no Programa Nacional de Agentes Ambientais Voluntários, criado em maio do ano passado.

A carne de tartaruga é uma iguaria muito apreciada na Amazônia, mas o animal (que costuma ser vendido vivo) só pode ser comercializado se for proveniente de cativeiro autorizado pelo Ibama. O Amazonas tem 57 criadouros de quelônio legalizados. Cada tartaruga deve ser identificada com um selo individual, colocado no seu casco.

“Pedimos à população que não compre animais de origem duvidosa. Com isso, as pessoas  ajudarão a combater a captura da tartaruga amazônica, que está em risco de extinção”, apelou Cordeiro, lembrando que o comércio ilegal de quelônios está também ligado à violência rural. “A população pode ajudar não comprando e denunciando. Até porque esses animais ilegais são caros [custam entre R$ 300 a R$ 1.000, de acordo com o tamanho e a época], grande parte da população não tem mesmo acesso a eles”.

Cordeiro informou ainda que a multa por cada quelônio capturado ilegalmente é de R$ 500. O infrator está sujeito também a um processo penal, que a princípio pode levar à sua prisão, embora na prática isso raramente aconteça. O telefone do disque denúncia do Ibama no Amazonas é: (92) 3613-3081.

RAN/Ibama inicia projeto para proteção de tartarugas e jacarés

O Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios (RAN), centro especializado do Ibama com sede em Goiânia, inicia hoje, auge da desova da tartaruga, o Projeto Quelônios da Amazônia que, em sua 1ª etapa, fará um trabalho de recuperação das tartarugas (répteis da ordem dos quelônios) que se reproduzem nas praias da bacia do rio Araguaia. Esse trabalho de campo é realizado pelo RAN, juntamente com a Área de Proteção Ambiental (APA) Meandros do Araguaia, voluntários das Universidades Federal de Goiás (UFG) Católica de Goiás (UCG) e agentes de praia contratados pelo Ibama. O projeto se estende 6 de outubro.

Durante os meses de agosto a dezembro, a APA Meandros do Araguaia realiza o manejo das tartarugas da Amazônia. No local, há vários rios, praias e ninhos. Nesse período, é proibido o uso de jet ski, barcos de pesca e barcos de turismo, trânsito de pessoas e animais domésticos, uso de fogo e objetos que causam reflexos e ruídos altos, sendo permitido apenas o trânsito por barco realizado pelos ribeirinhos. Isso evita que as tartarugas caminhem para praias não protegidas, ficando expostas à captura por pescadores. Nesse ano, o Projeto Quelônios inicia o manejo na área conhecida como Remansão, situada próxima ao município de Luís Alves seguindo até Bandeirantes, totalizando 100 km de rio.

Em média, cada tartaruga põe l00 ovos, que permanecem no ninho durante 55 dias. Os ovos só podem ser retirados do ninho quando os umbigo das tartarugas encontram-se sarados, sem vitelo. Nesse período, especialistas do Projeto Quelônios abrem os ninhos e retiram os filhotes, colocando-os em berçários durante uma semana, antes que eles subam para a areia. Os berçários são formados no barranco do rio, onde é perfurado um buraco de 40 centímetros de profundidade forrado por uma lona, onde se colocam água e os filhotes. Do total dos filhotes que nascem, somente 10% ficam disponíveis para criadouros comerciais. O restante é solto nos lagos.

De cada 1.000 animais que nascem, apenas cinco chegam à idade adulta. Por isso, o RAN/Ibama disponibiliza uma parte da produção dos filhotes para os criadouros comerciais sem cobrar nada, visando fomentar o programa de criação de quelônios em cativeiro.

Noventa por cento dos filhotes doados aos criadouros sobrevivem e podem ser comercializados. O RAN doa somente uma vez e delega ao criador a tarefa de promover a reprodução dos filhotes no próprio criadouro. O processo de criação em criadouro comercial evita o mercado clandestino, estimula a produção e oferta de proteína de qualidade para as comunidades ribeirinhas da Amazônia, gerando também maior oferta de emprego e de renda. A Portaria RAN/Ibama nº 142, de 1992, permite a criação de tartaruga e tracajá e a portaria nº 70, de 1996 permite sua comercialização.

O Projeto Quelônios da Amazônia tem feito um trabalho com a comunidade ribeirinha visando a proteção das tartarugas, estimulando o manejo do animal e a proteção das praias. Os ribeirinhos são os maiores consumidores destas espécies. O projeto também permite a fixação do ribeirinho ao seu local de origem.

Operação jacaré – Também tem início hoje uma pesquisa sobre o jacaré-açu, que integra o anexo 1 da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). A pesquisa, que se estende até 1º de outubro, será realizada na área de Remansão, na bacia do rio Araguaia, no período noturno, visando obter um levantamento científico para melhor conhecimento das atividades do jacaré-açu.

Pesquisadores do Brasil consideram que essa espécie não está ameaçada. No entanto, a Convenção exige uma pesquisa de levantamento populacional do jacaré-açu. O Ibama realiza esta pesquisa em vários pontos do país. Maiores informações poderão ser obtidas com Kelly pelo telefone: 225-0770 ou 9975-8899 ou com Weber no fone (062) 364-1606.