Universidades do Paraná têm 54 índios como alunos

No Paraná, 54 índios estão freqüentando aulas em universidades. Eles foram aprovados no Vestibular dos Povos Indígenas realizado este ano, pela primeira vez, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sete faculdades particulares já adotam esse procedimento desde 2002. No curso de medicina, há cinco índios matriculados na UFPR – um do Paranáa quatro do Rio Grande do Sul.

Segundo a coordenadora do vestibular indígena na UFPR, Ciméia Beviláqua, em breve será firmado um convênio com a Fundação Nacional do Índio (Funai), que vai permitir que os alunos da instituição tenham todo o tipo de assistência para permanecer em Curitiba até concluir os estudos.

Além da vaga, a universidade está fornecendo alimentação, assistência médica e odontológica no Hospital de Clínicas e uma bolsa permanência de R$ 150,00. A Funai ficou responsável pela moradia, transporte e fornecimento de todo material didático.

A professora Ciméia informou que, no próximo ano, a UFPR aceitará mais cinco indígenas e este número aumentará progressivamente a partir de 2007. Segundo ela, o critério de seleção obedece às normas vigentes, com questões sobre conteúdos do ensino médio. A diferença é a realização de uma prova oral. A professora disse que a participação de alunos indígenas nas salas de aula enriquece a universidade.

Universidade Federal do Paraná – mais oportunidade para os índios

Funai – A busca de oportunidades para os índios, especialmente as que propiciem o seu ingresso em universidades, tem sido um dos esforços da Coordenação-Geral de Educação da Funai (CGE). E seus esforços têm sido coroados de êxitos. Vários foram os convênios firmados com universidades, com finalidades diversas, entre elas a concessão de bolsas de estudos para estudantes indígenas, vestibular diferenciado e vagas específicas para índios. Ontem, 17, por exemplo, a Coordenadora-Geral da CGE, Maria Helena Fialho, recebeu o Reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Junior, que veio a Brasília especialmente para propor uma parceria com a Funai, objetivando a inclusão de indígenas de outros estados na Universidade Federal do Estado.

O Reitor informou que a UFPR já disponibiliza 20% de vagas para candidatos oriundos de escolas públicas e outro tanto para afro-descendentes, em processo normal de seleção. Quanto aos índios, esses participarão de processo de seleção específico. Os candidatos indígenas, para se habilitarem, deverão ter concluído o ensino médio, serem recomendados pelo chefe (cacique) da aldeia e pelo chefe do posto local da Funai e, ainda, apresentar documento da Funai, que recomende sua inclusão no programa, no caso de estudantes residentes em áreas urbanas. A novidade, no entanto, é que as vagas não serão exclusivamente para cursos de graduação; os índios poderão disputar, também, vagas para cursos técnicos de nível pós-médio, para atendimento de demandas de capacitação de suas respectivas comunidades, apontadas por intermédio da Funai.

Os índios habilitados, do Estado do Paraná, ou de outras unidades da Federação, terão apoio acadêmico psico-pedagógico implementado pela UFPR, em conjunto com a Funai, que constituirá comissão especificamente para esse fim. O programa de acompanhamento dos estudantes indígenas prevê, entre outros pontos, a designação de um professor orientador para cada estudante, desde o ingresso na UFPR até a conclusão do curso. Até mesmo a flexibilização das normas institucionais poderá ocorrer, principalmente as relativas ao trancamento de matrículas, mudanças de turno, reopção de curso etc.

“O número de vagas oferecidas aos índios deverá aumentar gradativamente, começando com 5 (cinco) vagas para os anos 2005 e 2006, passando para 7 (sete) vagas nos anos 2007 e 2008, até atingir 10 (dez) vagas nos anos 2009 e subseqüentes. A UFPR oferecerá aos estudantes índios uma Bolsa de Permanência, no valor de R$150 reais mensais, assistência médico-odontológica, almoço e jantar. A universidade custeará até mesmo o deslocamento dos estudantes que farão o vestibular” informou o Reitor.

Universidade do Vale do São Francisco quer incentivar desenvolvimento do semi-árido

Recém-criada pelo Ministério da Educação (MEC), a Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), localizada no semi-árido nordestino, quer incentivar o desenvolvimento da região. Os 11,8 mil candidatos que disputam as 530 vagas oferecidas pela universidade farão amanhã a segunda parte do primeiro processo seletivo da instituição.

“A universidade cobre uma deficiência grave na região que é a fuga de cérebros para as grandes regiões brasileiras. Os estudantes daqui migram normalmente para Brasília, São Paulo, Salvador, Recife, e isso é lamentável. Você não tem um desenvolvimento regional quando não instala efetivamente uma instituição de qualidade”, destaca o gestor geral da Univasf, professor José Weber Freire Macedo.

Segundo Weber, a região do Vale do São Francisco é considerada a maior produtora de frutas do país. “Para se ter uma idéia, 90% da exportação brasileira de mangas e uvas sai da região”, ressalta. De acordo com o professor, a criação da Univasf completa o ciclo de desenvolvimento integrado da região. “Faltava exatamente o elo científico, educacional”, explica.

A Univasf oferece vagas em 11 cursos de graduação: Medicina, Enfermagem, Zootecnia, Administração, Psicologia, engenharias Civil, de Produção, Agrícola e Ambiental, Mecânica e Elétrica, além de Arqueologia e Preservação Patrimonial. O curso de Medicina é o mais concorrido, com 64 candidatos por vaga.

A expectativa é que a lista dos aprovados seja divulgada até 10 de outubro. As aulas começam em 18 de outubro, nos dois campi da universidade, instalados em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O campus de Petrolina está sendo construído em uma área de 300 hectares, doada pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), mas funcionará provisoriamente no prédio do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), abrigando os cursos de Medicina, Enfermagem, Psicologia, Zootecnia e Administração.

As instalações do campus de Juazeiro estão sendo construídas numa área de 60 hectares cedida pela Prefeitura. Por enquanto, os cursos nas áreas de Engenharia Civil, Elétrica, Produção, Mecânica, Agrícola e Ambiental irão funcionar em uma escola comunitária da região. Já o curso de Arqueologia utilizará as instalações e laboratórios da Fundação do Homem Americano (Fundham). A Fundação administra o acervo arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí, a 300 km de Petrolina. Todas as edificações cedidas estão passando por reforma para o início das aulas.