Transpantaneira pode causar mais impacto ambiental no Pantanal

Estação Vida – A idéia de levar a estrada-parque Transpantaneira até Corumbá, revelada pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, no último sábado [5], é preocupante para o equilíbrio do ecossistema pantaneiro. Isso pelo fato de Maggi defender a idéia de que os recursos do Programa Pantanal devem ser direcionados mais para obras do que para estudos. Desse modo, o governador corre o risco de causar mais impacto ambiental no pantanal mato-grossense ao querer seguir os estudos originais de criação da estrada-parque Transpantaneira estendendo-a até a cidade sul-mato-grossense. Quem afirma, é a especialista em biologia de áreas alagáveis, Eliani Fachin. Ela explica que trinta e um anos já se passaram desde que o documento “Estudos Preliminares para um programa de desenvolvimento do pantanal mato-grossense”, foi feito pela Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso [Codemat] apontando a necessidade da criação de uma estrada no meio do pantanal ligando Poconé [100 km ao Sul de Cuiabá] a Corumbá, para escoar o gado da região. Conforme ela, como os tempos mudaram e a idéia de economia local aponta para o ecoturismo e não para a pecuária, não se pode fazer uma obra como esta, que vai incluir uma ponte para chegar a Mato Grosso do Sul, sem muitos estudos e cuidados. E, como o governador defende abertamente a diminuição de estudos optando por mais obras, aquele ecossistema pode correr o risco de ser mais impactado do que já foi.

De acordo com Eliani, a Fundação Estadual de Meio Ambiente [Fema] já deu início a elaboração do Plano de Manejo da referida estrada-parque. E, de acordo com ela, só o PM vai decidir se a estrada deve continuar até onde está e que tipo de pavimentação deve receber, já que o asfalto seria uma agressão muito grande ao local. Portanto, é bom esperar a conclusão do documento antes de alardear o que se quer fazer se é que vai ser possível fazer. Além de definir as diretrizes de implementação e uso daquela Unidade de Conservação, o Plano vai servir também para definir as características desta estrada-parque pois é uma categoria de UC muito diferente das que existem. Isso porque, ao mesmo tempo em que é um Parque e uma Área de Proteção Ambiental – APA. Parque é uma categoria de UC que apresenta características naturais únicas ou espetaculares e área territorial superior a 1000 hectares, incluindo amostras representativas de um ou mais ecossistemas, além de possuir uma atração significativa para o público para oferecer oportunidades de pesquisa, educação e recreação. Já uma APA visa a proteção da fauna, da flora, rios, cachoeiras e os demais recursos naturais, tendo como objetivo garantir o bem estar da população humana e melhorar as condições ambientais, adequando e orientando as atividades econômicas na área através dos órgãos responsáveis.

História – A Estrada-Parque Transpantaneira, foi criada pelo Decreto nº 1.028/96 de 26/07/96, localizada na região sudoeste de Mato Grosso, sendo seu acesso feito a partir de Cuiabá pela rodovia BR-364 até o entroncamento da MT-060, e daí a sede do município de Poconé, com extensão de 147 Km. A margem dessa estrada é cercada por fazendas, hotéis e pousada, tendo como destaque os cursos dágua do Rio Bento Gomes, Rio Pixaim, Rio Cuiabá e os campos alagados, rica em fauna e flora ao longo da via. De Poconé a Porto Jofre, a Rodovia MT-060 foi implantada em revestimento primário [encascalhada] com grande elevado, possuindo 124 pontes de madeira e 145,3 Km de extensão. A rodovia adentra o pantanal a partir do Km 10, tornado-se um extenso dique, cortado pelas pontes de madeira cuja extensão perfaz um total de 3,6 Km, representando 2,46% da rodovia no pantanal, ocasionando na sua implantação, grave desequilíbrio no sistema de vazão, e conseqüentemente, impactos ambientais, muitos dos quais ainda não estudados, conforme dados da Coordenadoria de Unidades de Conservação da Fema. O aterro da rodovia foi construído com o solo de caixas de empréstimo laterais. A retirada do solo formou grandes bacias ao longo da mesma, servindo como reservatórios de água para gado no período da seca.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *