Nova espécie de falcão é descoberta na Amazônia Mato-grossense

Estação Vida – O Brasil apresenta uma das maiores diversidades biológicas do mundo, e apesar desta grande riqueza, ainda não possuímos informações básicas sobre a qualidade e distribuição geográfica destes recursos biológicos. As estatísticas ambientais afirmam que só a Amazônia detêm 22% de toda a biodiversidade do planeta mas a descoberta de novas espécies de animais e vegetais ainda é uma busca constante e vagarosa.

Para as aves que vivem hoje no planeta, o Brasil parece ser preferido para quase todas as espécies. É o segundo pais com maior diversidade de pássaros depois da Colômbia, com 1.950 espécies.

No final do ano passado, mais  uma nova  espécie de ave, localizada na região de Alta Floresta, Mato Grosso, foi assunto de ornitólogos de todo o mundo.  Depois de quase um século de observação e estudos foi confirmada a existência de mais uma espécie de falcão(micrastur)que vive entre a Colômbia, Venezuela  e os estados do Pará e Mato Grosso. Desde 1905 havia sido capturado e registrado no Museu  paraense Emilio Gueldi como se fosse o micrastur gilvicollis, uma espécie de falcão bem parecida mas sutilmente diferente nas penas e no canto.
 
A pesquisa vem sendo feita desde 1997 pelo ornitólogo inglês, Andrew Whittaker, que vive no Brasil há 20 anos , na cidade de Manaus. No final do ano passado,  Andrew publicou a descoberta através de artigo  na “ Wilson Boletim”, uma revista inglesa  de ornitologia. Sua busca iniciou quando ele percebeu as diferenças entre o canto dos micrastur. A primeira vez que fez contato com a ave, estava em Caxiuanã, Pará  e gravou o canto do novo falcão por 5 horas. Em seguida, Andrew conta que pela primeira vez conseguiu  observá-lo visualmente  depois de tê-lo atraído por playback . Ao observar o que havia no Museu Goeldi sobre os micrastur , o pesquisador percebeu que estava diante de uma outra espécie e iniciou estudos junto aos museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Estados Unidos.
 
Em 1990 o ornitólogo, Ted Parker  gravou seu canto pela primeira vez na área do Parque Estadual do Cristalino, em Alta Floresta  . E a partir daí, segundo Andrew, iniciou-se uma pesquisa mais intensa na área pois percebeu-se que haviam mais exemplares daquela nova espécie por ali ou que pelo menos é nesta região que o “ parente” dos miscrastur pode ser visto com mais facilidade. Uma das características mais marcantes deste pequeno pássaro é a  dificuldade em avistá-lo. É preciso muito tempo e paciência para vê-lo e mesmo assim com a ajuda de equipamentos. Está sempre nas altas e grandes copas das árvores amazônicas, cruzando a mata e cantando . O som paraliza a floresta, encanta como se fosse um Deus, que  está presente mas não se pode ver.

E foi justamente seu canto um dos principais instrumentos para detectar que haviam diferenças com relação as outras espécies de micrastur. Andrew explica que no Brasil existem 5 espécies de micrastur-micrastur semitorquatus(gavião relógio), micrastur mirandoleii(gavião mateiro), micrastur ruficollis(gavião caburé), micrastur gilvicollis(gavião mateiro de olhos brancos) e o novo micrastur que ainda não tem um nome mas está sendo chamado de falcão da floresta. Cada micrastur tem 3 tipos de canto. A nova espécie teve seu canto gravado 42 vezes por observadores de pássaros e pesquisadores que hoje estão em registrados no Brasil.

Andrew Writtaker conta que  há cinco anos está  seguindo o novo micrastur “ e só conseguí vê-lo duas vezes”. Assim como o gavião real (morphmus guianensis) , os micrastur não voam acima da floresta mas por entre as árvores. Enchergam dez vezes mais que o ser humano e na sua família quem lidera é a fêmea. É ela que também alimenta os filhotes. Na sua alimentação o prato predileto é calango. Nos momentos raros em que vem ao chão, corre como se fosse uma galinha. Para cada casal, ocupa um território de 60 a 80 hectares.  

De Sutton Colndfuld, centro da Inglaterra, Andrew  é observador de pássaros desde aos 11 anos de idade, quando fez seu primeiro curso de anilhamento . Em 1982 ficou cinco meses em Israel estudando a migração de pássaros entre os países da Ásia, Canadá, Escócia e Inglaterra. Em 1987 chegou ao Brasil e trabalhou na WWF( ong americana) pela conservação da Amazônia. Hoje possui uma agência de Observação de Aves com sede em Manaus, a Birding Brazil Tours.

Josana Salles

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