Falta patrocínio para conservar a ararajuba

Ibama – Conservar a ararajuba para as gerações futuras é um dos maiores desafios para ornitólogos, pesquisadores, governos e empresas que patrocinam ações ambientais no Brasil. Primeiro, porque não se conhece quase nada a respeito da ecologia da jandaia, considerada uma das mais exuberantes aves de toda a Amazônia, sua única área de ocorrência no Planeta. Em segundo, devido às dificuldades de acesso ao animal que se embrenha nos rincões da densa floresta tropical. E em terceiro, porque não há, até o momento, um programa com recursos financeiros garantidos que possa assegurar a sobrevivência da espécie. Essas são algumas das conclusões dos especialistas em ararajuba (Guaruba guarouba) reunidos na última semana no Rio de Janeiro a convite do Ibama.

A reunião foi importante para definir uma estratégia de ação articulada entre todos os segmentos interessados na conservação da ararajuba. Entre as metas estabelecidas pelos especialistas como fundamentais para garantir a sobrevivência do pássaro está a criação imediata de uma unidade de conservação próximo a Belém, no Pará. Conhecida como Centro de Endemismo de Belém, a área de cerca de sete mil quilômetros quadrados, abriga nada menos do que dez espécies de aves ameaçadas de extinção na Amazônia, inclusive a ararajuba.

Para os estudiosos, isso já seria motivo suficiente para se estabelecer no local uma unidade de conservação de uso restrito. Outras duas unidades desse tipo deveriam ser criadas no sudeste do Amazonas, próximo à divisa com Rondônia e outra na região conhecida como Terra do Meio, também no Pará. Para os pesquisadores a conservação dessas áreas é vital para o futuro da ararajuba.

Interligando esses pontos, é necessário que se faça uma estimativa da população selvagem da ave por meio de censos em toda a área. Pelo que se sabe, população da ararajuba se distribui entre o sul do Maranhão, Pará, Amazonas e Rondônia. Mas é preciso mapear essa população. Uma expedição com essa finalidade necessitaria de especialistas e recursos financeiros. O primeiro ítem já está garantido. Os pesquisadores de aves, sobretudo as da família dos psitacídeos já detém tecnologia e conhecimentos suficientes para a tarefa. O Ibama reúne as condições para organizar e dar as diretrizes conservacionistas para a espécie. Faltam os investimentos de outros setores da sociedade.

Predador – Espécie endêmica da região amazônica, a ararajuba sofre diretamente com a ação dos traficantes. A intensidade da cor amarela e o esplendor de sua plumagem fazem da ararajuba um dos mais cobiçados troféus do mercado ilegal de aves. A ave tem penas amarelo-douradas em todo o corpo, à exceção das extremidades das asas, que são verdes. A ararajuba chegou a disputar com o sabiá o título de ave-símbolo do país. Perdeu por ter distribuição no território brasileiro mais restrita do que o sabiá, que existe em praticamente todas as regiões.

A perda de habitat natural provocada pelo desmatamento é outra ameaça que coloca em risco a sobrevivência da espécie. A ararajuba ocorre principalmente nos estados do Pará, Maranhão e Rondônia. É justamente nestes estados que se verificam os mais altos índices de desmatamento da amazônia. A crescente pressão humana sobre a ararajuba é o que mais preocupa os estudiosos.

O tamanho das populações do psitacídeo na natureza ainda é desconhecido. Mesmo assim a espécie encontra-se na categoria de vulnerável na lista nacional de animais ameaçados de extinção. Uma das linhas de ação para conservar a espécie para o futuro está no manejo dos indivíduos mantidos em cativeiros autorizados pelo Ibama. O Rio Zôo coordena, em âmbito nacional, o plano de manejo da ararajuba em cativeiro. Com as aves cativas, os especialistas dispõem de um plantel para pesquisas ex-situ e de um banco genético que poderá subsidiar futuras reintroduções, caso isso seja necessário.

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