Cupuaçu: registro da marca é cancelado no Japão.

Agência Brasil – As multinacionais Asahi Foods e Cupuaçu International que registraram a palavra cupuaçu no Japão como marca exclusiva tiveram o registro anulado pelo Escritório de Marcas e Patentes japonês. Advogados de São Paulo trabalharam por um ano com ações e recursos em Tóquio para impedir que o nome se transformasse em uma marca privada japonesa.

“É possível que eles ainda recorram ao Tribunal Superior de Tóquio, mas acreditamos que mesmo lá será difícil reverter a decisão”, diz a advogada Esther Miriam Flesch, sócia da Trench, Rossi & Watanabe, escritório que comandou a ação. Adriana Ruiz Vicentin, uma das autoras da ação de cancelamento, explicou à Agência Brasil que baseou o recurso no fato de cupuaçu ser o nome de uma matéria-prima. Pela Convenção da União de Paris, de 1883, e outros acordos multilaterais posteriores, as matérias-primas, animais ou vegetais, não podem ter seus nomes populares registrados.

Os advogados brasileiros alertaram o escritório que o cupuaçu, enquanto marca registrada, poderia ser usado para denominar óleos e gorduras comestíveis vindos de outra fonte que não a própria fruta, lesando, assim, o consumidor. “Esses dois argumentos foram aceitos integralmente pelo escritório japonês de Marcas e Patentes”, explica Adriana Vicentin.

Essa foi a segunda derrota sofrida pela Asahi Foods neste ano. Segundo a advogada, a empresa perdeu, há poucas semanas, o registro da patente do chocolate Cupulate, feito a partir da semente da fruta. “Foi provado que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já tinha uma técnica idêntica de industrialização”, comenta. Na Cupuaçu Internacional o slogan para o Cupulate era “A resposta da Amazônia para o chocolate”.

Apesar de a notícia ser boa para os produtores brasileiros, a batalha pela não-privatização do nome cupuaçu está longe do fim. O Ministério das Relações Exteriores acompanha um caso semelhante que ocorre na União Européia, onde já tramita uma ação de contestação. Nos Estados Unidos também existe a tentativa de se registrar a marca cupuaçu, mas organizações não-governamentais brasileiras e estrangeiras se armam para enfrentar a batalha judicial.


Registro

O cupuaçu foi registrado no Japão em 1998, mas o Brasil só descobriu a patente quatro anos depois quando uma cooperativa de produtores de doces foi impedida de exportar derivados da fruta com esse nome para a Alemanha.

Genuinamente brasileira, a fruta de sabor exótico, ao mesmo tempo ácido e doce, é da mesma família do cacau e sua polpa é usada no Brasil e nos demais países amazônicos em sucos, iogurtes, sorvetes, geléia e tortas. Conhecida dos índios amazônicos há séculos, é utilizada por algumas tribos como bálsamo para partos difíceis.

Veja também:
Japão anula registro do cupuaçu como marca multinacional

Saiba mais sobre Processo de reconhecimento de Terra Indígena

1a Fase – Identificação:

Formação do grupo de  técnicos (GT) que, ao lado da comunidade indígena envolvida, irá identificar e delimitar a área. Nesta etapa, são feitos estudos e levantamento de campo além de relatórios e análise pela FUNAI das possíveis contestações ao território determinado.

2a Fase – Declaração:

O ministro da Justiça analisa a proposta e os estudos sobre a terra indígena elaborada por GT e aprovada pela FUNAI. Caso a resposta seja negativa, o processo volta à fase inicial.

3a Fase – Demarcação:

Demarcação física dos limites da terra indígena, mediante abertura de picadas, colocação de marcos – geodésicos e azimutais – e placas indicativas. Além disso, é feita a estimativa de custos; fiscalização e recebimento dos serviços demarcatórios.

4a Fase – Homologação:

Por meio de expedição de decreto federal, é confirmada a demarcação da terra indígena. Logo após a assinatura da presidência da República, é feito encaminhamento do processo de demarcação ao MJ.

5a Fase – Registro:

Promoção de registro da terra indígena no cartório imobiliário da comarca da situação do imóvel e na secretaria de patrimônio da união e encaminhamento das peças técnicas da  homologação, juntamente com a certidão de registro imobiliário à  Secretaria de Patrimônio da União para registro.

6a Fase – Transferência de não índios:

Ações que visam a retirada dos possíveis ocupantes não índios, indenização das benfeitorias de boa fé e reassentamento dos mesmos pelo INCRA.

OBS: O julgamento da boa fé das ocupações tem início após a declaração da terra como indígena pelo Ministério da Justiça;

Homologada a terra indígena Munduruku

Ministério da Justiça – Foi publicada nesta sexta-feira (27), no Diário
Oficial da União o decreto do presidente da República que homologa a terra
indígena Munduruku, de Jacareakanga (PA). Na área, de 2,381 milhões de hectares,
vivem sete mil índios.

A homologação coroa o processo de preservação da cultura Munduruku, luta que
se arrasta desde a década de 1940, quando a 2ª Inspetoria Regional do Serviço de
Proteção do Índio requereu ao Governo do Estado do Pará uma reserva de terras a
estes índios. Na época, foram demarcados apenas cerca de 510 mil hectares.

Durante vários anos os índios reivindicaram a ampliação do seu território, já
que a área era insuficiente para a reprodução física e cultural do grupo. Em
1977, estudos respaldaram as requisições dos índios e a terra indígena foi
delimitada já com uma  superfície próxima da atual. Mas foi apenas 21 anos
depois que o território foi declarado como posse permanente dos Munduruku. Os
limites da reserva atual foram demarcados em 2002.

História dos Munduruku

As primeiras referências aos Munduruku, povo do grupo Tupi, datam do século
XVIII, e registram a extensa área por eles habitada, entre os rios Madeira e
Tocantins. O povo ficou conhecido por sua tradição guerreira, fama constatada
pelos relatos dos comandantes das expedições organizadas para destruir os
aldeamentos da comunidade ao longo dos rios Madeira, Tapajós, Xingu, Pacajá,
Jacundá e Tocantins.

As informações sobre os Munduruku se tornam ainda mais numerosas durante o
século XIX, quando militares como o capitão Francisco Ribeiro, Antonio Ladislau
Monteiro Baena, coronel Cerqueira, além de viajantes e naturalistas que
percorreram a região, testemunham a presença do grupo.

A história dos Munduruku é marcada pela participação na Cabanagem, revolução
ocorrida na década de 1930, contra os cabanos do Tapajós e Madeira. Eles também
tiveram participação em inúmeros conflitos que se estenderam dos anos da
Independência até o movimento nativista de 1832 e a cabanagem.

Leia mais:

Conheça o processo
de reconhecimento de terra indígena

Projeto estabelece medidas contra incêndios em APA

Agência Câmara – As pessoas físicas ou jurídicas que tenham a posse ou a guarda de terras localizadas em Área de Proteção Ambiental (APA) terão que adotar uma série de medidas de segurança contra incêndios. É o que determina o Projeto de Lei 1922/03, de autoria do deputado José Rajão (PSDB-DF). A proposta estabelece normas e padrões de segurança para prevenir, combater e extinguir incêndios, tanto prediais quanto ambientais. A matéria torna obrigatória a elaboração de planos e projetos de prevenção e proteção contra incêndios em todas as áreas consideradas de risco. Também cria a figura do agente fiscalizador, que terá como função vistoriar áreas de risco e desenvolver atividades de competência do órgão responsável pela fiscalização de segurança contra incêndios nos estados, municípios e União.

Estatísticas – Para garantir a segurança contra incêndios, deverão ser implementados sistemas automatizados de acionamento, supervisão e controle de incêndios; e procedimentos de inspeção e manutenção periódicos; entre outras medidas. O texto estabelece ainda que os estados, os municípios e a União devam possuir sistemas integrados de estatísticas, com informações para subsidiar pesquisas, trabalhos e projetos de segurança, visando a redução de incêndios.

O autor da proposta explica que as legislações atuais sobre o assunto geram confusões normativas, choques entre padrões que dificultam a elaboração e execução de projetos de segurança contra esse tipo de sinistro. O projeto de lei tramita na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, onde o deputado Luciano Castro (PFL-RR) foi designado relator. Depois, a proposta será avaliada pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Desenvolvimento Urbano e Interior; e de Constituição e Justiça e de Redação.

Nova espécie de falcão é descoberta na Amazônia Mato-grossense

Estação Vida – O Brasil apresenta uma das maiores diversidades biológicas do mundo, e apesar desta grande riqueza, ainda não possuímos informações básicas sobre a qualidade e distribuição geográfica destes recursos biológicos. As estatísticas ambientais afirmam que só a Amazônia detêm 22% de toda a biodiversidade do planeta mas a descoberta de novas espécies de animais e vegetais ainda é uma busca constante e vagarosa.

Para as aves que vivem hoje no planeta, o Brasil parece ser preferido para quase todas as espécies. É o segundo pais com maior diversidade de pássaros depois da Colômbia, com 1.950 espécies.

No final do ano passado, mais  uma nova  espécie de ave, localizada na região de Alta Floresta, Mato Grosso, foi assunto de ornitólogos de todo o mundo.  Depois de quase um século de observação e estudos foi confirmada a existência de mais uma espécie de falcão(micrastur)que vive entre a Colômbia, Venezuela  e os estados do Pará e Mato Grosso. Desde 1905 havia sido capturado e registrado no Museu  paraense Emilio Gueldi como se fosse o micrastur gilvicollis, uma espécie de falcão bem parecida mas sutilmente diferente nas penas e no canto.
 
A pesquisa vem sendo feita desde 1997 pelo ornitólogo inglês, Andrew Whittaker, que vive no Brasil há 20 anos , na cidade de Manaus. No final do ano passado,  Andrew publicou a descoberta através de artigo  na “ Wilson Boletim”, uma revista inglesa  de ornitologia. Sua busca iniciou quando ele percebeu as diferenças entre o canto dos micrastur. A primeira vez que fez contato com a ave, estava em Caxiuanã, Pará  e gravou o canto do novo falcão por 5 horas. Em seguida, Andrew conta que pela primeira vez conseguiu  observá-lo visualmente  depois de tê-lo atraído por playback . Ao observar o que havia no Museu Goeldi sobre os micrastur , o pesquisador percebeu que estava diante de uma outra espécie e iniciou estudos junto aos museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Estados Unidos.
 
Em 1990 o ornitólogo, Ted Parker  gravou seu canto pela primeira vez na área do Parque Estadual do Cristalino, em Alta Floresta  . E a partir daí, segundo Andrew, iniciou-se uma pesquisa mais intensa na área pois percebeu-se que haviam mais exemplares daquela nova espécie por ali ou que pelo menos é nesta região que o “ parente” dos miscrastur pode ser visto com mais facilidade. Uma das características mais marcantes deste pequeno pássaro é a  dificuldade em avistá-lo. É preciso muito tempo e paciência para vê-lo e mesmo assim com a ajuda de equipamentos. Está sempre nas altas e grandes copas das árvores amazônicas, cruzando a mata e cantando . O som paraliza a floresta, encanta como se fosse um Deus, que  está presente mas não se pode ver.

E foi justamente seu canto um dos principais instrumentos para detectar que haviam diferenças com relação as outras espécies de micrastur. Andrew explica que no Brasil existem 5 espécies de micrastur-micrastur semitorquatus(gavião relógio), micrastur mirandoleii(gavião mateiro), micrastur ruficollis(gavião caburé), micrastur gilvicollis(gavião mateiro de olhos brancos) e o novo micrastur que ainda não tem um nome mas está sendo chamado de falcão da floresta. Cada micrastur tem 3 tipos de canto. A nova espécie teve seu canto gravado 42 vezes por observadores de pássaros e pesquisadores que hoje estão em registrados no Brasil.

Andrew Writtaker conta que  há cinco anos está  seguindo o novo micrastur “ e só conseguí vê-lo duas vezes”. Assim como o gavião real (morphmus guianensis) , os micrastur não voam acima da floresta mas por entre as árvores. Enchergam dez vezes mais que o ser humano e na sua família quem lidera é a fêmea. É ela que também alimenta os filhotes. Na sua alimentação o prato predileto é calango. Nos momentos raros em que vem ao chão, corre como se fosse uma galinha. Para cada casal, ocupa um território de 60 a 80 hectares.  

De Sutton Colndfuld, centro da Inglaterra, Andrew  é observador de pássaros desde aos 11 anos de idade, quando fez seu primeiro curso de anilhamento . Em 1982 ficou cinco meses em Israel estudando a migração de pássaros entre os países da Ásia, Canadá, Escócia e Inglaterra. Em 1987 chegou ao Brasil e trabalhou na WWF( ong americana) pela conservação da Amazônia. Hoje possui uma agência de Observação de Aves com sede em Manaus, a Birding Brazil Tours.

Josana Salles

Transgênicos separados em merenda de Cuiabá

Estação Vida – Enquanto não são apresentados estudos concretos sobre os malefícios ou benefícios que os alimentos transgênicos trazem aos seres humanos e ao meio ambiente, vereadores de Cuiabá começaram, desde 2003, um processo de conscientização da população para que esta possa ter noção de que tipo de alimento está levando para casa. Um destes projetos que já se transformou em lei em 17 de julho de 2003, foi apresentado pelo vereador Totó Parente (PMDB), que prevê a proibição da utilização de alimentos que contenham ou sejam provenientes de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) na merenda escolar do município.

Em dezembro foi a vez do deputado estadual Renê Barbour (PPS) apresentar projeto semelhante, também aprovado que proíbe transgênicos na merenda em todo o estado de Mato Grosso. Barbour afirmou que tomou por base, dados da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, divulgados pela revista “New Scientist”, revelando que “não é aconselhável o plantio de alguns alimentos transgênicos em países de clima tropical”. Ainda de acordo com as informações da Universidade, um teste em laboratório com temperaturas altas, os talos da soja transgênica se abriram assim que surgiram as primeiras folhas, expondo, como conseqüência, a planta a infecções secundárias.

Transgênicos separados – A Câmara Municipal de Cuiabá aprovou também, ainda em dezembro, projeto de Lei de autoria do vereador Domingos Sávio (PT), que obriga supermercados e mercearias a identificar os alimentos que contenham OGMs em sua composição. A intenção é garantir ao consumidor a possibilidade de escolha. Segundo ele, há muito tempo vêm surgindo notícias de vários tipos de câncer sem que se saiba sua origem. Esta doença, em sua opinião, pode estar ligada ao desenvolvimento da tecnologia de produção de alimentos, que inclui hormônios e OGMs.

Adriana Gomes

Pesquisa define parâmetros para conservação da madeira

Ibama – Pela primeira vez no Brasil a indústria contará com parâmetros ideais da umidade e da temperatura do local onde a madeira será utilizada – essenciais para definir os processos de preservação e de secagem do produto e garantir qualidade às peças fabricadas em qualquer ponto do país.

A pesquisa realizada pelo Laboratório de Produtos Florestais do Ibama em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), representa um marco para um país continental e com clima tão variado, como o Brasil, e uma referência mundial para o setor madeireiro, disse o coordenador do trabalho, Varlone Alves Martins, Gerente de Pesquisas do LPF.

Essa definição é resultado do mapeamento inédito dos Teores de Umidade de Equilíbrio (TUE) e do Potencial de Ataque Fúngico (PAF) do Brasil. A pesquisa concluída recentemente pelo LPF/Ibama/Inmet escolheu o PAF como o melhor indicativo do risco de apodrecimento da madeira exposta às variadas condições climáticas do país.

Tais parâmetros serão de grande utilidade para as indústrias. Agora, elas tem como evitar a maioria dos defeitos que comprometem a qualidade e a durabilidade das peças: portas, janelas e gavetas que travam; frestas entre as tábuas de assoalhos, forros e lambris; tacos e peças que descolam; rachaduras; manchas; e, empenos em geral.

Para obter uma madeira saudável e evitar problemas antes, durante e principalmente após a industrialização, o estudo de climatologia aplicada ao processamento industrial recomenda que o teor de umidade do produto deve ser igual ou ligeiramente inferior ao da umidade de equilíbrio médio da região onde as peças serão utilizadas.

O pesquisador do LPF/Ibama assegurou que o uso desses parâmetros garantirá peças com menos defeitos causados pelas variações da dimensão da madeira industrializada sem a secagem e a preservação adequadas. Para evitar tais problemas, devem ser consideradas as condições de TUE, principalmente as médias anuais da região de destino do produto e de seus derivados. O objetivo, segundo Varlone, é obter uma perfomance melhor da madeira.

Dos catorze mapas produzidos durante o trabalho, um indica onde as madeiras brasileiras e seus derivados correm mais risco de apodrecer e orienta a indústria sobre o tratamento adequado do produto para evitar problemas futuros às peças prontas. Doze deles registraram a média de umidade de equilíbrio mensal da madeira, de 1931/60 e de 1961/90. Outro mapa aglutinou as médias anuais de TUE dos mesmos períodos.

Varlone explicou que o apodrecimento da madeira causado por fungos xilófagos ocorre especialmente onde o teor de umidade do produto se aproxima de trinta por cento e a temperatura situa-se entre 25oC a 30oC.

A pesquisa se baseou em dados meteorológicos (temperatura, umidade relativa do ar e precipitação) para concluir: com exceção do noroeste da Bahia e do sul do Piauí, a madeira e seus derivados utilizados no restante do país apresentam riscos potenciais de apodrecimento e precisam de secagem adequada.

O mapeamento aponta Belém do Pará e a região litorânea do nordeste brasileiro como as áreas onde as madeiras estão mais sujeitas a apodrecer. E recomenda que as peças produzidas com espécies desses locais tenham tratamentos especiais para evitar problemas se forem utilizadas em regiões com climas diferentes.

A região Norte e parte da região litorânea são as áreas com Teores de Umidade de Equilíbrio mais elevados do País (uma média 16 por cento a 18 por cento) e onde a madeira corre mais risco de apodrecer.As médias anuais de temperatura e dos dias de precipitação de chuvas nessas regiões geraram os mais elevados valores de ataques por fungos do País (uma variação de 170 por cento a 270 por cento), o que propicia a deteriorização biológica dos produtos e de seus derivados.

Valores menores de TUE, de 12 por cento a 14 por cento, foram encontrados em uma grande região do país onde as madeiras correm menos risco de apodrecer: do sudoeste do Rio Grande do Sul ao norte do Paraná e do Rio Grande do Norte, passando pelo centro-oeste de São Paulo, nordeste do Mato Grosso do Sul, oeste da Bahia, sul e leste de Tocantins e pelo estado de Goiás.

Só as madeiras utilizadas no polígono das secas do nordeste estão menos sujeitas ao ataque de fungos e, em conseqüência, de apodrecer. Nessa região são mínimos os valores de PAF e de TUE: situam-se abaixo de 20 por cento e de 10 por cento, respectivamente.

Já a madeira usada no centro-oeste e no centro-sul do Maranhão corre risco moderado de ser atacada por fungos devido às condições climáticas instáveis durante todo o ano. O trabalho completo pode ser encontrado na Revista Científica do Ibama “Brasil Florestal” ano XXII, nº 76, de abril de 2003.

Expansão urbana ameaça o sauim-de-coleira em Manaus

Ibama – Os especialistas que trabalham pela conservação do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) querem que as matas de galeria dos igarapés que cortam Manaus sejam mantidas para servirem de corredores ecológicos entre os fragmentos de mata remanescentes para o primata. Na opinião dos estudiosos, essas matas não podem ser destruídas para atender ao desenvolvimento urbano de Manaus. Até agora, já foram catalogados 71 remanescentes de mata nativa nos quais foram registrados grupos de sauins-de-coleira no perímetro urbano da cidade.

O plano de urbanização do município prevê a criação de vias marginais aos cursos d’água que podem representar mais ameaça aos sauins-de-coleira. O alerta é do grupo de trabalho criado pelo Ibama reunido na semana passada para discutir forma de proteger os primatas.

A espécie existe apenas nas imediações da capital do Amazonas, nos fragmentos de floresta que ainda não foram tomados pela expansão urbana. O crescimento da cidade sem levar em conta os sauins-de-coleira é a principal ameaça a esses animais. Na lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, o sauim é tido como criticamente em perigo devido à destruição do seu habitat natural.

O Saguinus bicolor pertence à família dos primatas neotropicais de tamanho pequeno. Sua população estende-se a leste Manaus até o município de Itacoatiara e a cerca de 40 quilômetros ao norte da capital amazonense. As informações disponíveis indicam que o primata se alimenta de insetos, frutos e gomas das árvores.

Devido a sua ocorrência restrita à zona urbana de Manaus, os especialistas sugeriram que o nome popular do saium-de-coleira seja alterado para sauim-manauara ou sauim-de-Manaus. A mudança, acreditam, ajudaria a população local a se identificar com a espécie, orgulhando-se do fato de o sauim existir somente naquele lugar do mundo.

Os estudiosos esperam que a transformação dessa espécie como bandeira de conservação também poderá torná-la mais conhecida pela população. A educação ambiental poderá envolver os moradores de Manaus nos projetos de conservação da espécie, acreditam os pesquisadores.

Aldeia Fontoura promove Hetohoky, iniciação do jovem na vida adulta

Funai – Os Karajá, da aldeia Fontoura, povos indígenas originários da Ilha do Bananal e do Rio Araguaia, realizam nos dias 18 e 19 de março a cerimônia do Hetohoky. Na festa, os jovens são introduzidos culturalmente na atividade de preparação e iniciação para a fase adulta, por meio do ritual de furar o lábio, que traduz esse rito de passagem.

No Hetohoky, todas as aldeias Karajá são convidadas pelo anfitrião para comemorar a grande festa da união dos povos indígenas da Ilha do Bananal, com danças, corridas e lutas tradicionais que relembram o passado como preparação para o futuro.

Garimpeiros matam servidor da Funai na reserva Yanomami

Funai – O servidor da Funai, índio Xerente Valdes Marinho Lima, 39, foi morto a tiros por garimpeiros que trabalhavam ilegalmente no Rio Couto Magalhães, dentro da Terra Indígena Yanomami, próximo à região da Maloca Paapiu, noroeste de Roraima. Valdes, que integrava uma equipe da Funai e investigava a presença de garimpeiros dentro daquela terra indígena, denunciada por líderes Yanomami. A equipe da Funai, composta de sete servidores, chegou ao local onde se encontravam os garimpeiros, por volta das 18h do dia 22 e foram recebidos a tiros por garimpeiros fortemente armados. Os servidores revidaram, fazendo com que os garimpeiros fugissem, abandonando a draga onde trabalhavam. No dia seguinte, segunda-feira, por volta de 7 horas, os servidores, que tinham permanecido na draga apreendida, foram atacados pelos garimpeiros, que portavam armas de grosso calibr, sem oportunidade de defesa, ocasião em que o servidor Valdes, que fazia a guarda, levou um tiro na região do tórax,  disparado de espingarda calibre 12mm,  falecendo em seguida.

Pegos de surpresa, os outros servidores, seis ao todo, fugiram para a Maloca Paapiu, em busca de socorro, de onde fizeram contato com o Administrador da Funai em Boa Vista, Martinho Alves. O corpo de Valdes foi resgatado, na tarde de terça-feira, por agentes da Polícia Federal, e conduzido ao Instituto Médico Legal de Boa Vista.O corpo de Valdes foi embalsamado, a mando da Funai, e será trasladado para Brasília, onde será velado no auditório do Edifício-Sede do Órgão, a partir das 9 horas do dia 26.  À noite o corpo segue para Palmas, e de lá, para a Terra Indígena Xerente, situada no município de Tocantínia (TO) onde será enterrado na Aldeia Porteira, de acordo com os rituais da Comunidade Xerente. Valdes Marinho Lima foi admitido no quadro de servidores da Funai em 10 de junho de 1986.
 
Tendo em vista o acontecido, o Administrador da Funai reuniu-se com o Superintendente da Polícia Federal de Roraima, Mário Spósito, onde planejaram uma operação de emergência para extrusar toda a Terra Indígena Yanomami. De acordo com Martinho, somente na região do conflito, existem cerca de 50 garimpeiros em atividade ilegal. A operação começou hoje, 25, e conta com 20 agentes da Polícia Federal e 10 servidores da Funai.

A entrada de garimpeiros na área é um problema, tanto para a Funai quando para os Yanommi. Para a Funai, em função dos enormes gastos efetuados com as necessárias operações de extrusão, implosão de pistas de pouso clandestinas, entre outros.  Basta ver que as pistas conhecidas como Hélio, Chico Veloso e Raimundinho, dinamitadas pela Funai em dezembro próximo passado, já foram recuperadas pelos garimpeiros, o que demandará novos gastos para inutilizá-las novamente. Para os Yanomami, os malefícios são maiores: destroem hábitos culturais milenares, disseminam doenças venéreas, alcoolismo e a prostituição entre a comunidade indígena.  Além disso, provocam a poluição dos rios e lagos onde promovem a garimpagem, deixando em suas águas o mercúrio usado, o que tem provocado doenças e mortes entre aqueles índios.