Presidente da Eletrobrás propõe grupo de estudos sobre projetos de hidrelétricas na Amazônia

Agência Brasil – ABr – Diminuir os impactos ambientais causados pela construção de usinas hidrelétricas na Amazônia é uma das preocupações do presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, que propôs hoje à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a criação de um grupo de estudos sobre projetos na área.

Ao deixar o gabinete da ministra, Pinguelli informou que o grupo deverá ser integrado por representantes da Eletrobrás, de companhias elétricas, do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovavéis (Ibama) e da Agência Nacional de Águas (ANA). De acordo com ele, a idéia é trabalhar em cooperação com a Pasta já na fase de planejamento dos projetos e não somente durante a execução, o que possibilita a redução do impacto ambiental causado pelas hidrelétricas.

Para Pinguelli, as questões referentes à engenharia na estatal devem caminhar junto com as relacionadas ao meio ambiente. Segundo ele, para refletir essa preocupação, a antiga Diretoria de Engenharia da Eletrobrás passou a ser chamada de Diretoria de Engenharia e Meio Ambiente. “E o meio ambiente inclui também o social“, acrescentou.

O presidente da estatal disse que a ministra concordou com a criação do grupo de estudo e a primeira reunião deverá ocorrer ainda em fevereiro. Pinguelli afirmou também que dois projetos de usinas já estão na agenda de trabalho: a de Belomonte, no Rio Xingu e outra localizada no Rio Madeira.

Segundo Pinguelli, há a possibilidade de se reduzir a capacidade de geração da Usina de Belomonte para diminuir o impacto ambiental. Ele afirmou que um dos problemas já detectados no caso de Belomonte é uma “perna seca” de 200 quilômetros de rio, que seria criada sazonalmente. “Temos intenção de resolver esse problema, mesmo que seja às custas de diminuir a potência da usina”, garantiu.

Pinguelli informou que outra possibilidade a ser estudada é a criação de uma usina geradora de energia alternativa, como a eólica, para complementar a potência da Usina de Belomonte.

Juliana Andrade

Acordo com índios Xucuru deve por fim a conflitos em Pernambuco

Agência Brasil – ABr – O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, informou ontem à noite (8), à Agência Brasil, que a situação no município de Pesqueira (PE) já está calma. Ele contou que o clima estava muito tenso ontem cedo, quando chegou à região para acompanhar as investigações sobre o atentado contra o cacique Marcos Luídson de Araújo, o Marquinho Xucuru, ocorrido na sexta-feira, e os conflitos que se seguiram depois.

Mas explicou que os índios, embora ainda estejam profundamente indignados com a violência sofrida, garantiram que a situação já está controlada. O ministro informou que a Funai e a Secretaria Especial de Direitos Humanos fizeram um acordo com o cacique Marquinho e que ele garantiu que o povo Xucuru vai confiar as investigações à Polícia Federal e cessar os conflitos.

A Polícia Federal e a Polícia Militar também ficaram encarregadas de oferecer segurança à casa da mãe do cacique, sob supervisão da Funai. Ontem, o cacique Marquinho prestou depoimento na delegacia de Pesqueira. O caso está sob o comando do delegado Jorge Cunha, da Polícia Federal.

Nilmário Miranda viajou deixou ontem a Base Aérea de Brasília, por volta das 8h30, acompanhado do presidente da Funai, Eduardo Almeida, do assessor do ministro da Justiça, Cláudio Beirão e da procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Raquel Dodge. Eles chegaram por volta de 12h30 a Caruaru (PE), de onde seguiram de carro até o município de Pesqueira. O ministro disse que sua ida a Pernambuco visou buscar garantir a integridade da comunidade da região de Pesqueira e o rigor nas investigações sobre a violência contra os índios.

O índio Marquinho Xucuru, liderança local, foi ferido e dois outros índios morreram na emboscada que teria sido armada por outro índio, Louro Frazão, supostamente ligado a fazendeiros da região. Um dos supostos envolvidos no atentanto ja foi identificado e preso. Os corpos dos dois índios mortos foram encaminhados ontem ao Instituto Médico Legal de Recife. Representantes do Movimento de Defesa dos Direitos Humanos e do Conselho Indigenista Brasileiro (Cimi) estiveram na sexta-feira em Pesqueira, para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

Após o atentado, o clima na região da serra do Ororubá ficou tenso e, na sexta à noite, índios Xucurus puseram fogo em cinco casas e quatro carros dos Xucurus de Cimbres. Por medida de segurança, o líder do grupo, Espedito Alves, e 20 pessoas da família foram retirados da reserva e colocados sob proteção da Polícia Militar.

O deputado federal Fernando Ferro, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Gustavo Rodrigues, também acompanharam a visita do ministro Nilmário Miranda à região.

Ivana Diniz Machado

Subcomissão vai acompanhar investigação da morte de índio macuxi

Agência Brasil – ABr – O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, negociou em Roraima a formação de uma subcomissão para acompanhar a investigação da morte do índio macuxi Aldo da Silva Mota e outros 10 casos de assassinatos de índios no estado. Além disso, o ministro e o presidente da Funai, Eduardo Almeida Aguiar, iniciaram as negociações com o governador de Roraima em exercício, o vice-governador Salomão Cruz, para a realização de um ato público de reconhecimento da responsabilidade da União pela morte do indígena Ovelário Tames, em 1988, vítima de violência policial na delegacia do município de Normandia.

Líder indígena Xucuru sofre atentado em município pernambucano

Agência Brasil – ABr – Policiais federais se deslocam neste momento para a Aldeia Xucuru, no município de Pesqueira, a 216 quilômetros de Recife, onde o líder indígena Marquinhos sofreu uma emboscada. Dois outros índios que estavam com ele foram assassinados e os corpos ainda estão na aldeia.

Marquinhos, que é filho do Cacique Chicão, assassinado há mais de cinco anos, foi baleado, está hospitalizado e não corre risco de vida. A situação é tensa, porque os índios bloquearam a entrada de acesso a aldeia. A maior suspeita do crime recai sobre os próprios indígenas dissidentes dos Xucurus, que moram na Vila Simbres. Há anos, eles divergem sobre a demarcação das terras onde vivem.

Márcia Wonghon

Desastre ecológico contamina afluente do rio Xingu

Agência Brasil – ABr – O Ibama deu início hoje a um trabalho de pesquisa no rio Iriri, afluente do rio Xingu, para investigar mortandade de peixes, aves e flora, na região de Altamira, no Pará. Foram mobilizando biólogos, médicos veterinários, botânicos, médicos, engenheiros agrônomos e florestais, entre outros profissionais, para descobrir a causa da morte de exemplares de várias espécies.

Além da causa do desastre ecológico, ainda será feito um diagnóstico sócio-ambiental na fauna e flora e exame na população indígena e ribeirinha da região. Também integram a chamada Operação Iriri a Funadação Nacional do Índio (Funai), Eletronorte, Fundação Instituto Evandro Chagas (PA), Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente do Pará (Sectam), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Ong Fundação viver, Produzir e Preservar (FVPP) e a prefeitura de Altamira.

Os técnicos acreditam que a origem do desastre teria ocorrido num dos afluentes do rio Iriri, o igarapé Bala, na região do Entre Rios – Iriri e Curuá, 300 quilômetros a montante do Rio Xingu, em Altamira. A Secretaria Municipal de Saúde reuniu ontem (6) representantes da sociedade civil, com a presença do Ibama e da Sectam, para esclarecer a população sobre o consumo de peixes e água do Rio Xingu. A Eletronorte e a Funai enviam à Rádio Nacional de Brasília informações para que sejam transmitidas às aldeias indígenas da nação Kaiapó e Ribeirinhos que ficam na região, sobre os riscos de se utilizar a água dos igarapés Bala e Catete e dos rios Iriri, Curuá e Xingu.

Na avaliação do Ibama e da Eletronorte serão necessários pelo menos seis dias de trabalho na região do Entre Rios – Iriri e Curuá, para efetuar coletas com amostras de água, peixes e sedimentos (areia e argila) do igarapé Bala e do rio Curuá. Em 48 horas o material terá que ser entregue aos pesquisadores dos laboratórios das universidades Federal do Pará (UFPA), Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Estado de São Paulo (Unesp/Botucatu), e de Brasília (UnB), que farão as análises microbiológicas das amostras.

A previsão é que só na 4ª feira (12) serão entregues os laudos apontando a causa ou causas do envenenamento dos rios, que gerou a morte de milhares de peixes, aves e flora no rio Xingu, que atravessa o Pará e Mato Grosso.

O engenheiro químico da Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental (Diliq) do Ibama, João Bosco Costa Dias, informou que, a princípio, existem duas hipóteses para o desastre ecológico. Diante da observação de grandes manchas esverdeadas a montante do rio Iriri, a mortandade seria proveniente de grande concentração de algas, fruto de ‘Bloom’ (explosão) de uma colônias de algas no igarapé Bala. “A decomposição das algas (fenômeno natural) provoca o consumo do oxigênio dissolvido na água, levando a morte por asfixia dos peixes”, afirma.

Segundo ele, a proliferação de algas verde-azuladas (também conhecidas como Cianobactérias) produz cianotoxinas, cujo efeito é o e envenenamento de peixes e outros organismos aquáticos, podendo ou não, serem tóxicos a seres humanos. A outra hipótese apontada por Dias seria o vazamento de alguma substância tóxica oriunda de lagoa de contenção da antiga mineração Canopus, desativada, que extraia cassiterita no igarapé bala. “A cassiterita que é depurada com arsênio foi abandonada nesses tanques”, explica Dias.

A velocidade das águas do Xingu, com o aumento de chuva na região, levou ao rápido aparecimento de peixes mortos em Altamira e, já se desloca em direção ao Rio Amazonas. O município de Belo Monte, que no momento é monitorado pelos biólogos da Eletronorte, apresenta centenas de peixes mortos. O rio Iriri, com 800 quilômetros de extensão, é tributário direto do rio Xingu, que por sua vez é afluente da margem direita do rio Amazonas. A mortandade de peixes já atingiu a cidade de Altamira, que tem 85 mil habitantes e 70% da população consome diariamente mais de 12 espécies de peixes, oriundos do Xingu e seus afluentes. Cerca de 80% da população são abastecidos pela Companhia Estadual de Saneamento (Cosanpa), que capta água diretamente do rio Xingu.

O rio Xingu nasce na Serra Azul, em Mato Grosso, e corta a região sudoeste do Pará, margeando as cidades de Altamira, Belo Monte, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e deságua na altura de Porto de Moz, defronte à cidade de Almeirim, situada na margem esquerda do rio Amazonas. O escritório regional do Ibama só tomou conhecimento do problema no dia 29 de janeiro, quando recebeu ofício da Indústria, Comércio de Navegação do Xingu Ltda (Incenxil), que fica na região do Entre Rios.

A empresa coletou água e enviou para a UFPA, onde foi analisada. Como resultado registrou-se a presença de nitrogênio amoniacal acima do valor estabelecido para água classe II da Resolução nº 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O chefe do escritório do Ibama em Altamira, engenheiro agrônomo Carlos Renato Leal Bicelli, mobilizou todas as instituições na região das áreas federal, estadual, municipal e Ong’s, na busca de solução para o problema do Xingu.

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Lana Cristina

Instituto das Tradições Indígenas quer apoio do Ministério da Cultura para projetos

Agência Brasil – ABr – O ministro da Cultura, Gilberto Gil, recebeu hoje, no ministério, o presidente do Instituto de Desenvolvimento das Tradições Indígenas, Jurandir Siridiwe Xavante, com quem discutiu formas de promover a cultura por meio da arte dos povos indígenas do Brasil. Segundo Jurandir, o apoio do Ministério é necessário para o andamento dos projetos como o Rito de Passagem, Canto e Dança Ritual Indígena que divulga, por meio de apresentações teatrais, a arte das tribos brasileiras.

O Instituto de Desenvolvimento das Tradições Indígenas (IDETI) é uma organização não governamental criada e dirigida por pessoas indígenas de várias etnias, com o objetivo de proteger, resgatar e promover a cultura e o conhecimento dos povos indígenas. Este ano, o Instituto pretende levar, a partir de abril, o Projeto Rito de Passagem para, pelo menos, quatro capitais brasileiras.

As apresentações mostram a cultura de diversas etnias. Cerca de cinco tribos, como os Karajás, Tukanos, Guaranis e Xavantes apresentam danças e cantos típicos. Segundo Jurandir Siridiwe são selecionadas as cerimônias mais bonitas de cada tribo e, a cada ano, novas tribos integram o projeto. Para Jurandir a importância desse projeto é preservar a cultura indígena além de garantir algum recurso com as verbas recebidas. “Mostramos também, as diferenças de cada tribo, para que as pessoas saibam que os índios não são todos iguais”, explicou.

Ao final do encontro com o ministro, Jurandir Siridiwe disse sentir-se satisfeito com a reunião e afirmou que o ministro Gilberto Gil demonstrou conhecimento e simpatia pela cultura indígena, e garantiu apoiar os projetos e as causas indígenas.

Alessandra Esteves

Reservas extrativistas terão plano de manejo sustentável

Ibama – Até o final deste ano, onze das trinta reservas extrativistas do país terão seus planos de manejo concluídos e em funcionamento. Isso significa que essas unidades de conservação de uso sustentável, responsáveis pela preservação de cerca de cinco milhões de hectares – a maior parte em áreas de floresta -, contarão com um documento técnico que definirá as prioridades e a forma de exploração dos recursos naturais da fauna e da flora, além da prestação de serviços de ecoturismo. A informação é do chefe do Centro Nacional de Populações Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável- CNPT/Ibama, Atanagildo de Deus Matos. As reservas que serão contempladas com os planos de manejo este ano são as seguintes: Alto Tarauacá, Cazumbá-Iracema e Chico Mendes (AC); Jutaí e Médio Juruá (AM); Barreiro das Antas, Lago do Cuniã e Rio Ouro Preto(RO); Rio Cajari(AP); Tapajós-Arapiuns e Soure(PA).

A novidade é que os planos de manejo das reservas permitirão às populações residentes fazerem o manejo de madeira e de animais silvestres(criação em cativeiro) quando esses recursos estiverem disponíveis na área, o que até então não era permitido. Além dos dois novos ítens as reservas já produzem borracha, castanha, palmito, essências vegetais, óleos, mel, peixes e fibras variadas. Em algumas delas destaca-se ainda a produção artesanal. Os planos de manejo serão úteis na orientação dessa produção e garantirão o uso sustentável dos recursos naturais, ajudando a preservar a floresta para as gerações futuras.

As reservas extrativistas são um modelo genuinamente brasileiro de ocupação sustentável de áreas nativas. Ao criar uma reserva, o governo tira os habitantes tradicionais da condição de posseiros e dá a eles o status de cidadãos, com direito ao usufruto da terra e seus recursos naturais. Além ter os direitos garantidos por lei, os extrativistas ainda recebem ajuda de custo para a reforma da casa e a compra de equipamentos essenciais, financiamentos para a produção extrativa sustentável e assistência técnica – como é o caso dos planos de manejo que serão elaborados com apoio do Ibama.

Com a vida lastreada no meio ambiente, os extrativistas das reservas tornam-se fundamentais na conservação dos recursos naturais. “Nas reservas não existe grilagem de terra, ocupação desordenada, retirada ilegal de madeira ou tráfico de animais”, explica o chefe do CNPT. Segundo ele, a profunda relação dos moradores das reservas com a natureza cria uma simbiose que garante a sobrevivência de ambos.

Reservas nasceram da luta dos seringueiros do Acre

No Brasil, existem em funcionamento 30 reservas extrativistas, sendo 23 na Amazônia Legal. As demais estão distribuídas nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Elas se dividem entre reservas extrativistas de recursos florestais e recursos pesqueiros. (veja quadro abaixo). Juntas, as resex somam 5 milhões hectares de áreas protegidas. Isso significa o equivalente ao Estado de Sergipe. Esse conjunto de reservas, estabelecido com a importante ajuda de organismos internacionais, é resultado de apenas onze anos de trabalho. A primeira delas a surgir no mapa da conservação brasileira é emblemática: chama-se reserva extrativista Chico Mendes, localizada na região de Xapuri-AC. Foi criada dois anos após a morte do líder seringueiro, assassinado em dezembro de 1988 por defender os direitos dos povos da floresta. Chico Mendes é o símbolo máximo do movimento que resultou na criação das reservas extrativistas.

Jaime Gesisky

Uma nova política indigenista

Agência Brasil – ABr – O novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eduardo Aguiar de Almeida, assumiu hoje com o compromisso de fazer mudanças na política indigenista. Cerca de dez etnias prestigiaram a cerimônia no auditório do Ministério da Justiça. “Assumo a direção do órgão indigenista oficial num quadro inédito: há esperança por toda parte, inclusive de não ter mais que viver sob medo, exclusão e discriminação”, afirmou.

Ao empossar o novo presidente, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, destacou a urgência na capacitação da Funai para tratar dessas mudanças, principalmente para promover uma atualização da legislação. “As especificidades e diferenças são muito grandes e é preciso uma nova atualização. A idéia é criar um conselho que efetivamente estabeleça as diretrizes gerais de uma política indigenista no Brasil com a participação das comunidades indígenas e de todos os envolvidos nessa questão”, defendeu Thomaz Bastos.

Thomaz Bastos disse que a mudança também promoverá o respeito às diferenças entre os povos indígenas. “A política indigenista no Brasil vai mudar, mas não vai ser aquela mudança súbita que põe em risco a segurança do grupo. Será uma mudança forte, paulatina, que efetivamente cumpra os melhores e mais generosos desígnios de todos aqueles que sonharam com uma época de respeito às diferenças, divergências e dificuldades”, explicou. “Para isso, teremos uma permanente atenção às propostas e interesses de todas as etnias, assim como das organizações legítimas indígenas”, garantiu o ministro.

Eduardo Almeida acrescentou que a união de forças e das lideranças indígenas também é fundamental para a reestruturação da Funai. “O melhor de uma honrosa tradição indigenista brasileira precisa ser valorizada, resgatada, desenvolvida e atualizada”.

Cecília Jorge

CPI da Biopirataria aprova relatório final

Agência Câmara – A CPI da Biopirataria, que investiga o tráfico de animais e plantas silvestres, aprovou hoje (30) o relatório final do deputado Sarney Filho (PV-MA). O texto reúne as conclusões das três sub-relatorias da Comissão, que trataram respectivamente dos seguintes temas: legislação, controle sobre criadouros de animais e extração ilegal de madeira.

Em pouco mais de dois meses de trabalho, a Comissão colheu mais de cem depoimentos em audiências públicas e secretas. Mas os deputados entendem que o tempo foi curto para apurar todas as denúncias e, por isso, decidiram pedir a instalação, ainda neste ano, de uma nova CPI sobre o assunto.

De acordo com o presidente da Comissão, deputado Luiz Ribeiro (PSDB-RJ), o comércio ilegal de animais movimenta aproximadamente R$ 2 bilhões por ano; e a comercialização ilegal de madeira, outros R$ 4 bilhões.

Extração de Madeira

Em seu relatório, Sarney Filho propôs a proibição da atividade madeireira na Mata Atlântica, não admitindo nem mesmo planos de manejo. A medida tem em vista combater a extração ilegal de madeira, principalmente do mogno, espécie ameaçada de extinção.

O relator também sugere maior rigor na fiscalização, não só na Mata Atlântica, como também nos outros grandes ecossistemas do País. Segundo ele, existem quadrilhas organizadas atuando no setor: “Na área do tráfico de animais silvestres, nós estamos mostrando o mapa de rotas de tráfico. Vamos pedir à Polícia Federal que assuma o controle da questão. Isso facilitará muito a investigação, inclusive porque já temos os nomes de alguns suspeitos envolvidos no tráfico internacional”.

Novas Investigações

Segundo a deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que atuou como sub-relatora da Comissão, a falta de tempo prejudicou as investigações, já que 90% dos requerimentos de informações da CPI a órgãos oficiais não foram respondidos. “Por isso, instalaremos uma nova Comissão sobre o assunto nesta nova legislatura. Precisamos investigar institutos que, atrás de atividades aparentemente legais de pesquisa científica, atuam como verdadeiros biopiratas”, afirma a parlamentar.

Para combater o tráfico de animais e plantas silvestres, a deputada apresentou à CPI as seguintes sugestões: criação de estrutura de acompanhamento de convênios de cooperação internacional e de trabalhos realizados por pesquisadores estrangeiros; implantação de programa nacional estratégico de registro da etnobiologia, considerando as diferentes categorias utilizadas pelos povos indígenas; estabelecimento de um marco legal, nacional e internacional, de proteção dos conhecimentos tradicionais; e montagem, pelo Ibama, de um centro de triagem, reabilitação e reintrodução de animais silvestres confiscados por órgãos federais e estaduais.

Recuperação de áreas

Já o sub-relator Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) propôs a alteração da lei de crimes ambientais para tornar mais freqüente a aplicação de multas e penas de recuperação de áreas degradadas. “Eu acho fundamental que, ao invés da pena privativa de liberdade, se aplique a pena de recuperação do meio ambiente. Com isso, não só estaremos recuperando o meio ambiente, mas também gerando empregos e contribuindo para o meio ecossistema”.

Bentes recomendou ainda a aprovação de proposta de emenda à Constituição para suprimir a expressão “e à preservação ambiental”, do inciso II do artigo 20 da Constituição Federal. A proposta torna obrigatório o entendimento entre estados e União antes que esta, pelo critério discricionário da preservação ambiental, transforme em bens de seu domínio terras devolutas que constituem a base territorial indispensável à estrutura da Federação.

Da Redação/ RO

Funai nega denúnias divulgadas no Diário da Amazônia

Agência Brasil – ABr – A Fundação Nacional do Índio negou hoje (30) as denúncias veiculadas pelo periódico Diário da Amazônia, de 28 de janeiro, segundo as quais já passam de 100 os garimperiros mortos em conflitos na terra indígena Roosevelt, em Rondônia e Mato Grosso. Segundo o periódico, a Funai teria instituído um Grupo Tarefa para averiguar e pôr um fim ao problema, retirando os garimpeiros da área, em função dos contínuos incidentes ocorridos na região.

A terra indígena Roosevelt é registrada no Patrimônio da União desde 1994 para usufruto e desenvolvimento da etnia dos Cinta-Larga, que ali habitam. É, portanto, área sob proteção federal, na qual o ingresso só é permitido pela Funai, que já precisou realizar mais de uma operação para retirar invasores e exploradores de bens naturais, como os que agora inventam a estória de uma “carnificina” na T.I. Roossevelt.

O grupo-tarefa constituído em novembro passado está previsto no Plano Emergencial para Proteção Territorial e Apoio Sócio-Econômico aos Índios Cinta-Larga. A retirada dos invasores foi apenas um dos ítens para impedir a exploração e espoliação do grupo indígena. Assim, desde novembro, faz-se um trabalho de indigenismo, de conversas com os representantes da etnia para o desenvolvimento, a partir deste ano, de ações no âmbito da educação e da saúde, assim como a discussão dos meios para a auto-sustentabilidade dos Cinta-Larga. Serão construídas ou reformadas escolas, formados professores específicos ao ensino indígena e ministradas aulas de alfabetização. A construção de postos de saúde e melhorias no atendimento à etnia também serão executadas.

A retirada de garimpeiros foi negociada junto às lideranças indígenas e à Funai, tendo por prazo-limite o dia 25. Antes da data foram saindo ordeiramente. A partir de então, 20 funcionários da Funai – convocados pela Coordenação do Grupo Tarefa – e número igual de Índios Cinta-Larga passou a dirigir a saída, de forma tranquila e sem violência. Em acerto com a Polícia Federal, esta manteve-se em alerta no entorno da terra indígena para efetuar as possíveis prisões dos invasores da área federal.

O sub-coordenador do grupo-tarefa, Orlando Silveira, ao ser procurado pela equipe do citado Diário da Amazônia, negou-se a dar entrevista por telefone, informando que só o faria pessoalmente e mediante gravação em cassete. Com a finalidade de evitar incidentes anteriores com o periódico, tais como distorção de frases ou criação de não existentes. Nenhum dos repórteres compareceu à sede do GT, em Cacoal, mas foram veiculadas falas não ditas pelo sub-coordenador.

Tal “chacina” criada pelo Diário é divulgada com menos de um mês de campanha institucional em rádio (RO e MT) e Rádio Nacional/Amazônia) e televisão (TV Cacoal/Rede Amazônica em favor dos Cinta-Larga, sua cultura e da preservação das terras indígenas em que habitam e que são parte do cinturão de proteção ambiental de todos os cidadãos de Rondônia e Mato Grosso. E de um trabalho de indigenismo que permita aos integrantes da etnia se desenvolverem também em harmonia com a sociedade envolvente.

Ainda como parte da obrigação de divulgação das ações realizadas, a coordenação do grupo tarefa envia, com frequência, relatórios sobre as ações realizadas para a Presidência da Funai e para a 6ª Câmara do Ministério Público Federal, em Brasília. Esperamos que, com a recente extrusão dos invasores da Roossevelt, também a população dos municípios do entorno seja beneficiada com o retorno da tranquilidade e qualidade de vida. E com o exemplo de respeito à lei.