O sumiço do Indiana Jones

serraroncador.jpgMistério é o que não falta na Serra do Roncador. Bandeiras como a de Pires Campos e Anhanguera procuraram durante anos as lendárias Minas dos Martírios, diversas seitas religiosas esperam aqui o surgimento da raça dourada (grosso modo, a fusão de todas a raças) e mais uma série de incontáveis histórias. Porém, o fato mais intrigante e de grande repercussão internacional foi o desaparecimento, em 1925, do Comandante da Guarda Real inglesa, o Coronel Percy Harrison Fawcett. Suas aventuras inspiraram o cineasta Steven Spielberg a criar o personagem Indiana Jones.

Uma das teorias sobre o desaparecimento de Fawcett é que ele haveria, de fato, encontrado o portal para a civilização subterrânea que procurava. Foto: Fernando Zarur

Para se entender melhor sua história é preciso esclarecer certos fatos na vida de Fawcett. Logo no início do século XX, ele serviu no Ceilão (antigo Sri Lanka) e foi vice-rei da Índia. Dizem que nesse período participou de diversos rituais tibetanos e começou a se interessar cada vez mais por esoterismo.

As primeiras andanças do coronel pela América do Sul foram em 1906/1907, quando ele esteve nos Andes e na Amazônia Boliviana. A partir daí organizou sucessivas expedições (1910, 1911, 1913…) pelo continente até o seu sumiço, na década de 1920. O que ele procurava ninguém sabe ao certo.

Segundo o historiador e morador de Nova Xavantina (MT), Archimedes Carpentieri, Fawcett ganhou de Sir H. Rider Haggard, autor do livro As minas do Rei Solomão, uma estatueta que tinha indicações para se encontrar a embocadura de uma cidade subterrânea na Serra do Roncador. “Ele estava à procura de uma civilização remanescente de Atlântida, que desapareceu 9mil anos antes de Cristo”, explica Carpentieri.

O documento 512, conservado na Biblioteca Nacional, descreve ruínas gigantescas e inscrições cuneiformes encontradas no século XVII por um grupo de tropeiros vindos da Bahia. Fawcett obteve uma cópia desse material, o que o ex-senador, Valdon Varjão, diz que “encaixou como uma luva, pois provava que a tal cidade perdida estava no maciço central brasileiro”.

São várias as versões que explicam o desaparecimento do explorador, algumas até um tanto fantásticas. Uma reportagem publicada no jornal Folha da Noite, em abril de 1937, trazia relato de um caçador suíço chamado Stephan Rattin. Ele dizia que encontrou Fawcett prisioneiro dos “índios morcegos”, no interior do Mato Grosso.

De acordo com o sertanista Orlando Villas Bôas, o coronel inglês foi morto por Kuikuros. “Os índios me contaram que mataram o sujeito que batia no peito e dizia ‘miguelesi’, ou seja, ‘mim inglês’”, conta Orlando. Segundo ele, o explorador foi morto a bordunadas (uma espécie de tacape) por pais de dois curumins que Fawcett havia maltratado. Uma suposta ossada do britânico foi encontrada pelo sertanista, porém, a família dele se recusou a fazer o exame de DNA.

Algumas comunidades místicas acreditam que Fawcett cumpriu seus objetivos, achando uma embocadura, ou entrada para a tão procurada cidade intraterrena. Para estas pessoas, isto está comprovado por meio de mensagens que o Coronel enviaria regularmente falando sobre sua vida no interior da terra.

Envolto em mistérios, o destino do militar britânico continua obscuro. Do pouco que existe de concreto sobre o assunto, sabe-se que Fawcett estava confiante no sucesso de sua expedição. Na última correspondência enviada a sua esposa, ele afirmava: “Vou me encontrar com índios selvagens em breve, mas você não deve temer nenhum tipo de fracasso”.

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