Florestas de Araucárias possuem animais em extinção, plantas e pinturas rupestres

Na próxima semana, um decreto presidencial deve passar para a mesma categoria o Refúgio da Vida Silvestre do Rio Tibagi, também na região Sul.

De acordo com o coordenador da força-tarefa das Araucárias do Ministério do Meio Ambiente, Maurício Savi, essas unidades abrigam não só animais e plantas em extinção das florestas de Araucárias, como grutas com pinturas rupestres.

O Refúgio da Vida Silvestre do Rio Tibagi, por exemplo, é o habitat do papagaio-do-peito-roxo, ameaçado de extinção. Com cerca de 30 mil hectares, o refúgio ainda possui os últimos remanescentes de várzea em bom estado de conservação e protege as nascentes do rio Tibagi. Além do papagaio-do-peito-roxo, a região abriga o lobo-guará e o macuquinho do brejo.

Outra Unidade de Conservação recém-criada, a Reserva Biológica das Perobas guarda em seus 8,1 mil hectares o último fragmento desprotegido de Floresta Estacional Semidecidual, uma das formações da Mata Atlântica. "Nessa região, além da peroba existem outras espécies ameaçadas como o xaxim, a canela, a anta, a jaguatirica e o puma", conta o coordenador da força-tarefa das Araucárias e também biólogo, Maurício Savi.

Segundo ele, as novas unidades de conservação Reserva Biológica das Araucárias e Parque Nacional dos Campos Gerais também abrigam material genético raro e único. A área é caracterizada não só pela presença da Araucária, mas também por ter 30% de cobertura com campos naturais, outro ecossistema ameaçado.

"Atualmente, só existem 0,2% da cobertura original desse tipo de formação no país", revela Savi. Localizado nos municípios de Ponta Grossa, Castro e Carambei, o Parque Nacional dos Campos Gerais possui afloramentos rochosos e diversos sítios com pinturas rupestres e manifestações indígenas. Nele, existem plantas que não são encontradas em nenhum outro local, também chamadas de endêmicas. É o caso da palmeira anã.

De acordo com dados da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, em 1890, as áreas de floresta com Araucária cobriam originalmente cerca de 7,38 milhões de hectares no Paraná. O desmatamento fez com que este número chegasse a 269 mil hectares em 1984 e atualmente o Estado possui 0,8% de araucárias em estágio avançado de regeneração, ou seja, árvores mais antigas e originais.

Devido à qualidade da madeira da araucária, leve e sem falhas, a espécie foi muito procurada por madeireiras a partir do início do Século XX. Estima-se que, entre 1930 e 1990, cerca de cem milhões de pinheiros tenham sido derrubados. Entre 1950 e 1960, foi a principal madeira de exportação do país.

Espécie de gato em extinção é resgatado pelo Ibama/DF

Um filhote de gato palheiro (ou gato dos pampas, como é conhecido popularmente) foi resgatado pela equipe do setor de Fauna do Ibama DF na última quinta-feira, 23.

A ação aconteceu logo após telefonema de um morador do Recanto das Emas, cidade satélite do Distrito Federal. O animal, encontrado amarrado com uma fita vermelha na varanda da casa, foi imediatamente encaminhado ao Zoológico de Brasília.

De acordo com a chefe do serviço de mamíferos do Zoológico, a veterinária Tânia Borges, o filhote de aproximadamente dois meses chegou desidratado, com vômito e diarréia, e está recebendo tratamento em tempo integral.

Na avaliação dos biólogos do Zôo e do Ibama, o gato está muito dócil. Como isso não é próprio da espécie, eles acreditam que o animal já vinha tendo contato com humanos.Segundo o biólogo do Ibama DF Alexandre David Zeitune, há muito não se tem registro desta espécie na região Centro-Oeste. "E é uma espécie em extinção" acrescenta. Como as ninhadas da espécie são de dois ou três filhotes, Zeitune acredita que haja outros.

Caio Aleixo Nascimento, biólogo do Ibama, chama atenção para a importância desse aparecimento. "É uma raridade". Ele recorda que o gato palheiro foi muito caçado nos anos 70. "Eram sacrificados em torno de duzentos a trezentos animais para selecionar cinqüenta peles para se fazer um casaco. As peles eram exportadas e os casacos feitos lá fora."

Segundo Nascimento, há oito anos uma fêmea da espécie foi encontrada nas proximidades de Taguatinga e depois encaminhada ao Zoológico de São Paulo.

O filhote de 340 gramas e 34 cm de comprimento será cuidado pela equipe do Zoológico até que se recupere e não poderá ser visitado pelo público. Sua destinação vai depender do que decidir a comissão de especialistas do Centro Nacional de Animais Predadores – Cenap/Ibama.

No Brasil essa espécie tem como habitat a região dos Pampas, no Rio Grande do Sul, o Pantanal, o Cerrado e a Mata Atlântica. Ele se alimenta de pequenos mamíferos e aves terrestres. 

Cachorro-vinagre será estudado pela primeira vez

Cachorro_vinagre.jpgPela primeira vez, pesquisadores brasileiros poderão monitorar o cachorro-vinagre na natureza. Apesar de estar entre os canídeos mais ameaçados de extinção do país, a espécie em seu estado selvagem ainda é um mistério para os estudiosos. O próprio bicho tem aura de uma lenda, já que é extremamente difícil de ser capturado e dificilmente se deixa mostrar. Raro e arredio, o cachorro-vinagre também é confundido com outros carnívoros.

A partir da captura de três indivíduos esta semana em terras particulares na região do município de Nova Xavantina, no Mato Grosso, o mito passa a dar lugar à ciência. “Para o bem dos cachorros-vinagre”, pondera o biólogo Edson de Souza Lima, um dos responsáveis pelo monitoramento que será feito a partir de agora com a ajuda de rádios-colares instalados no pescoço por radiotelemetria para fornecerem os dados necessários à pesquisa.

Coordenado pelo especialista em carnívoros da Universidade Estadual de Mato Grosso e Associação Pró-Carnívoros, Júlio Dalponte, o projeto recebeu financiamento de US$ 5 mil da Sociedade Zoológica de Chicago para estudos preliminares com duração de um ano. “A continuidade da pesquisa com a espécie depende de mais investimentos”, diz Dalponte.

A espécie possui ampla distribuição nos neotropicos, mas as alterações ambientais tornam cada vez mais difícil a sobrevivência do cachorro-vinagre, já que ele desaparece tão logo ocorra o desmatamento. O que se sabe até o momento sobre ele deve-se ao trabalho desenvolvido com indivíduos cativos.

Os estudos tentarão desvendar a área de vida da espécie, padrão de movimentos, demografia e outros aspectos ecológicos da espécie.

O cachorro-vinagre é um animal de médio porte. Um adulto pesa cerca de cinco quilos, tem aproximadamente setenta centímetros de comprimento e vinte e cinco centímetros de altura. Sua cauda é curta. Tem pelos amarelados sobre a cabeça e restante da pelagem com a cor do vinagre, o que lhe confere o nome popular.

Além dele, existem no Brasil outras cinco espécies de canídeos, grupo pertencente à ordem dos Carnívoros. Entre elas outras duas encontram-se ameaçadas de extinção: o lobo-guará e o cachorro-de-orelha-curta.