Quarta-feira, 23/05/2001

EXPEDICIONÁRIO DA ROTA BRASIL OESTE NÃO TEME ONÇA

Quarta feira, 23 de maio.

Ficou marcado para irmos para a aldeia Yawalapiti, cerca de sete quilômetros do Posto Indígena Leonardo. Na saída, por algum mal entendido, o motorista da Toyota saiu e não levou o Fábio, que ainda tinha ido arrumar seus apetrechos de desbravador (cantil, faca, etc). Inconformado, não entendendo porque não o esperaram, chegou a dizer:

– Não me esperaram, mas eu queria ir, não sei porque não me esperaram. Mas eu vou de qualquer maneira, nem que tenha que enfrentar onça (…)não aguento ficar mais aqui sem fazer nada!!!!

– É assim mesmo…, pode ir, mas toma cuidado (…)

Não vi mais o Fábio.

Na noite caindo, ainda claro, em frente à casa do Posto Indígena, a mesma que Orlando Villas Boas residiu durante anos, um índio Aweti, Tucumã, começou a contar:

Cadê aquele maluco? Nós vinha de carro, voltando da aldeia Yawalapiti, já lá pertinho das roças, naquela reta, e o motorista disse: – quem é aquele doido? E quando ele olhou, lá vinha o Fábio, com um pau (burduna) no ombro e uma faca na mão, andando.

E os índios riram, o que ele está fazendo? Será que está doido?

Chegando perto pararam, e riram muito.

O Fábio tinha encontrado pegadas de onça pelo caminho e, na dúvida, sem saber se voltava ou continuava, prá que lado corria, acabou seguindo, valente, com burduna e faca na mão, para enfrentar a onça, caso aparecesse.

Os índios riram. Mas o valente Fábio, mesmo com medo, enfrentou o perigo de sua própria ignorância ou será teimosia!!!

É isso aí Fábio. Coragem, para seguir seu caminho…

Mas tomar cuidado é bom, não esqueça.

Guilherme Carrano

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