Governo estadual premia criatividade de escola em Água Boa – MT

Estação Vida – Uma das principais fronteiras agrícolas de Mato Grosso, ponto de referência no Vale do Araguaia, condição adquirida graças à impulsão do agronegócio ao longo da BR-158 (em direção ao Sul do Pará), o Município de Água Boa (760 km a Leste de Cuiabá) é também uma referência no sistema educacional por possuir o que já se convencionou classificar de “escola criativa”. Criatividade, por sinal, que tem oportunizado a melhoria da qualidade do ensino público estadual e da vida de milhares de pessoas. Além de obter o reconhecimento do Governo do Estado, com uma distinção.
 
A escola criativa de Água Boa tem nome: chama-se “Escola Estadual Antonio Gröhs (pronuncia-se “gré”), homenagem a um produtor rural português, que, a exemplo de outros migrantes, contribuiu para a construção da principal unidade de ensino do Município. Como outras 11 unidades de ensino que participaram do Projeto denominado “Inovações Pedagógicas”, a Antonio Gröhs foi premiada pelo Governo do Estado pela execução de um projeto que tem tudo a ver com a vida urbana e os reflexos das ações do próprio cidadão (no caso específico da escola, dos alunos) no seu cotidiano: a destinação do lixo produzido no dia-a-dia das atividades escolares.

O Projeto “Lixo na Escola” rendeu não só o reconhecimento por parte do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação (foram premiados os professores que desenvolveram o trabalho, assim com os alunos participantes de outra ação inovadora do Estado na área educacional, o concurso Protagonismo Juvenil), mas também gerou um processo de interação com a comunidade, na medida em que as atividades acabaram por mexer com os conceitos da própria população água-boense.

Os 566 dos alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Antonio Gröhs foram envolvidos pelo Projeto Inovações Pedagógicas a partir do momento em que despertaram para a necessidade de se diminuir o lixo no local. “Buscamos não só diminuir o lixo, mas levar o aluno a aprender, possibilitando o planejamento coletivo por meio da interdisciplinaridade, desenvolvendo nas pessoas uma consciência crítica, consciente e exigente em relação ao meio em que vivem”, destaca o professor Alceu Busanelo, diretor da escola.

De acordo com a professora Lúcia Schuster, uma das coordenadoras do projeto, o “Lixo na Escola”, em verdade, começou em 2002, quando se percebeu que a escola andava na contramão da realidade que ensina que a “aprendizagem ultrapassa os muros da escola e que um dos graves problemas ambientais do momento é justamente o uso de produtos e embalagens descartáveis, gerando uma grande quantidade e lixo, que, a médio e longo prazo, vão se tornar um grave problema para o meio ambiente”.

Essa realidade, segundo Schuster, não era diferente na Escola Antonio Gröhs, considerando que o lixo era jogado em um buraco no pátio da escola, sem qualquer tipo de classificação ou controle. “Os próprios alunos começaram a questionar a existência de um verdadeiro ‘lixão’ dentro da própria escola, dando início a uma profunda discussão que envolveu todo o contingente escolar. Melhor ainda: por unanimidade, os alunos decidiram iniciar os estudos que resultaram num projeto vitorioso, premiado, mas, sobretudo, com um enorme alcance social”, completa a coordenadora.

Lixo e alimento – O professor Alceu Busanello é de opinião que, com o Projeto Lixo, a unidade que ele dirige acabou quebrando paradigmas. “Diante de um grande problema, que era o lixo em excesso, decidimos envolver todos os professores nesse trabalho”, afirma.

O projeto teve início em 2002 e hoje tem continuidade com outro trabalho apoiado pela Secretaria de Estado de Educação, o Protagonismo Juvenil, que age na sala de aula, abordando, notadamente, a questão ambiental.

Um dos primeiros passos foi fazer uma visita ao Lixão da cidade, para ver qual o destino do lixo da cidade. A partir daí, iniciou-se um trabalho de separação dos lixos orgânico e não-orgânico. O primeiro passou a ser utilizado na compostagem para utilização na horta escolar , que fornece verduras e legumes para a merenda escolar e ainda ervas medicinais utilizadas pelos alunos (antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos naturais), e o segundo é recolhido diariamente pela Prefeitura.

Do projeto sobre o destino do lixo nasceram outros na Escola Antonio Gröhs. Um deles é aqueles que trabalha justamente na questão da nutrição, com a melhoria da alimentação escolar. “De início, esse projeto foi um aprendizado, pois nem todos os professores conseguiam se envolver nas ações. Uma vez mais, quebramos paradigmas, melhoramos a questão do espaço escolar e, por conseqüência, a qualidade de vida das pessoas”, diz a professora Lúcia Schuster.

A coordenadora completa revelando um dado extremamente importante no contexto dos resultados práticos do “Lixo na Escola”: “Na verdade, entre tantas manifestações de conscientização, houve uma profunda mudança de hábito a partir da cantina da própria escola. Descobrimos, por meio de uma pesquisa, que o lixo provinha, na maior parte, da própria cantina da escola. Ademais, a mudança de hábito também se constatou no cardápio oferecido pela cantina à clientela escolar: hoje, ali não se vendem refrigerantes, nem tampouco frituras, mas apenas alimentos naturais”.
 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *