Corpo da missionária assassinada será enterrado nesta terça em Anapu

O corpo da irmã Dorothy Stang será sepultado na tarde desta terça-feira em Anapu (PA). A freira foi assassinada no último sábado, com seis tiros, no município paraense, onde trabalhava em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente.

A missionária de 73 anos nasceu nos Estados Unidos e era naturalizada brasileira. Há mais de 30 anos vivia na região da Transamazônica onde trabalhava na defesa dos direitos de trabalhadores rurais contra interesses de fazendeiros e grileiros da região. Desde 1972, ela trabalhava com as comunidades rurais de Anapu, onde defendia a criação de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), que hoje é uma realidade e beneficia cerca de 600 trabalhadores. Foi no caminho do PDS Esperança que a missionária foi assassinada.

Mesmo atuando contra os conflitos agrários, chegou a ser acusada de instigar a violência em Anapu. Recebeu várias ameaças de morte e fez diversas denúncias sobre a participação de policiais civis e militares na expulsão de trabalhadores a mando de fazendeiros e grileiros da região.

No ano passado, ela recebeu da Assembléia Legislativa do Pará o título de Cidadã do Pará. Integrava o grupo das Irmãs de Notre Dame de Naur. Participou também da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e seus representantes lembram da missionária com carinho.

"Ela colocou a sua força, sua energia, sua espiritualidade em serviço. O projeto dela não era outro a não ser o serviço de samaritana", disse Dom Tomás Balduíno, da CPT. Segundo ele, a irmã não fazia paternalismo. "Ela estava por trás de um pessoal que ela acreditava, embora pobre, humilde, mas cheio de esperança, cheio de fé e que vai caminhar. Um deles dizia que ela foi uma semente e essa semente está multiplicada neles", contou. "É uma raça em extinção dentro da igreja".

O padre José Amaro Lopes de Sousa, da Comissão Pastoral da Terra, trabalhava há 15 anos com a irmã na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais contra os interesses de fazendeiros e grileiros na região. Ele acredita que as pessoas só vão ser ouvidas e atendidas depois de mortas. "A morte da irmã foi uma coisa planejada para calar a voz dessas pessoas que estão lutando pela criação dessas reservas. Com o sangue dela, vão brotar mais pessoas para lutar em defesa da vida e para que possamos ter as nossas terras e nossas florestas preservadas", ressaltou.

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