Mudanças climáticas podem representar grande risco econômico para o planeta

O relatório “Stern Review”, lançado nesta segunda-feira, 30 de outubro, pelo especialista em mudanças climáticas do governo do Reino Unido, o economista Sir Nicholas Stern, ratifica a urgência de se tomar atitudes sobre o aquecimento do planeta na próxima Conferência das Partes sobre clima (COP 12). A reunião da ONU acontece na próxima semana em Nairobi, no Quênia.

“A economia de todos os países está em risco se o planeta for superaquecido”, alerta a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú. O relatório mostra que se não começarmos a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, todos irão sofrer com secas e furacões e outros desastres causados pelas mudanças climáticas. “É preciso um esforço global para estabilizar o efeito estufa agora, antes que seja tarde demais. O Brasil pode começar a dar o exemplo diminuindo suas emissões oriundas do desmatamento”, afirma Hamú. O Brasil é o 4º. país no ranking dos que mais liberam gases causadores do efeito estufa ao queimar madeira para desmatar. Essas queimadas são responsáveis por 75% das emissões brasileiras.

O relatório afirma ainda que os custos mundiais para combater as mudanças climáticas serão de aproximadamente 1% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB) Global. Caso estes investimentos não sejam feitos imediatamente, para amenizar os estragos futuros decorrentes do aumento de temperatura, o montante gasto seria de até 20% do PIB Global anual.

“Os países em desenvolvimento, como o Brasil, serão os mais prejudicados, pois não teremos recursos dessa ordem para investir em adaptação às mudanças do clima”, explica Karen Suassuna, técnica em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.

Para a rede WWF, é preciso que os 189 governos reunidos na próxima semana em Nairobi produzam uma estratégia clara e efetiva para o protocolo de Quioto Pós-2012, garantindo a redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa. Além disso, os países em desenvolvimento devem ter acesso ao dinheiro que já está garantido a eles no fundo de desenvolvimento limpo contra os impactos das mudanças climáticas.

Os países em desenvolvimento não têm metas para as reduções de emissões, mas o Brasil irá propor um mecanismo voluntário de reduções compensadas para o desmatamento, o que a princípio pode ser uma boa saída e estimulo às reduções. “Mas ainda não está claro de onde virá o dinheiro, pois os recursos internacionais já destinados para conter as mudanças climáticas não podem ser desviados. Teria de ser injetado mais dinheiro dos países desenvolvidos especificamente para este mecanismo”, alerta Suassuna.

Outro ponto importante diz respeito às emissões do setor elétrico, segundo o relatório, é que elas terão de ser reduzidas em, no mínimo, 60% até 2050 neste setor. No Brasil, a matriz elétrica é invertida em relação aos demais países, ou seja, a maior parte de nossa eletricidade é gerada através de hidrelétricas. “Mas o país tem dado sinais claros de que pretende aumentar a parcela de combustíveis fósseis. Isto é estar na contramão da história, temos de continuar sendo exemplo, temos um enorme potencial para tecnologias como solar, eólica e biomassa, sem falar da eficiência energética, forma mais barata de dispor de energia” afirma Suassuna. “É preciso ter metas claras para reduzir drasticamente o desmatamento e investir em eficiência e renováveis é a nossa lição de casa para contribuir positivamente com o clima do planeta”, completa.

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