ltima reportagem sobre a volta do CAN na amazônia

Agência Brasil – Foram doze horas de vôo durante sete dias. Profissionais de
saúde da Força Aérea Brasileira (FAB) atenderam mais de mil pessoas, com
assistência médica e remédios no interior do Acre. O avião C-98 Caravan do
Correio Aéreo Nacional(CAN), saiu no início da tarde do dia 5 de abril para
percorrer os municípios de Manuel Urbano, Feijó, Tarauacá, Marechal Thaumaturgo
e Cruzeiro do Sul levando ajuda para as populações isoladas dessas regiões. Para
chegar às cidades beneficiadas com a nova linha, foi necessário, além do avião,
barcos, fazer longas caminhadas e também atravessar pontes com pouca segurança,
como aconteceu no município de Marechal Thaumaturgo, localizado a 13 km da
fronteira do Brasil com o Peru e a 850 km de Rio Branco.

As dificuldades encontradas na região não foram obstáculos. A equipe de
saúde, comandada pelo major médico Marcus Vinícius, teve até ajuda dos moradores
de Thaumaturgo para tirar o avião de um atoleiro que se formou numa pista
improvisada. A pista já foi usada por traficantes de cocaína, segundo os
moradores do local. Thaumaturgo, com uma população de quase três mil habitantes,
a maioria da zona rural, tem na tribo Ashinika a marca forte da presença
indígena brasileira na região, que vivem nas margens do rio Amônea, afluente do
rio Juruá.

O tempo em Marechal Thaumaturgo é curto. Foram apenas quatro horas de
atendimento. Os médicos da FAB, depois de uma manhã cansativa de trabalho,
receberam de bom grado a comida caseira oferecida pelos moradores e atenderam
140 pessoas. Pediatria – 29, Odontologia – 27, Ginecologia – 45, Clínica Médica
– 31 e Urologia – 8.

Tarauacá

A reativação do Correio Aéreo Nacional(CAN), com a criação de uma nova linha
que começa no Acre, criou uma expectativa muito grande na população que vive
isolada por causa das distâncias. São poucas as pessoas que não olham para um
avião quando ele aparece no céu da região Amazônica. Em Tarauacá, município
localizado a mais de trezentos quilômetros de Rio Branco, a maioria dos quase
trinta mil habitantes levanta a cabeça quando o barulho aeronave chama atenção.
Imagina quando três cortam o céu e todos pousam na cidade trazendo assistência
médica e Saúde.

A chegada do C-98 Caravan, do Correio Aéreo Nacional(CAN), atrai muita gente
ao aeroporto. Está é a terceira parada dos profissionais da Saúde da Força Aérea
Brasileira (FAB), na rota da solidariedade, depois de já terem passado pelos
municípios de Manoel Urbano e Feijó, onde foram atendidas cerca de 284
pessoas.

A índia Maspã, de 34 anos, da tribo dos Kaxinawá, vai pela primeira vez ser
examinada por um ginecologista. Já teve seis filhos, perdeu dois por causa de
aborto e está grávida do sétimo. Perguntei a ela, antes de ser atendida pela
ginecologista do CAN, tenente Ana Paula, se sentia alguma coisa, se algo lhe
incomodava. Ela me respondeu: “Tudo está normal. Só quando eu despacho, custa a
sair o resto do derrame de sangue”, disse Maspã.

A dificuldade de enfrentar pela primeira vez uma consulta mexeu com a
ansiedade da índia, que quis saber se quem ia atender era homem ou mulher. Rosa,
a atendente que ajudava a organizar a fila, acalmou Maspã dizendo que era uma
doutora. Depois de meia hora esperando, a índia Kaxinawá, entrou e logo, se
acalmou, disse a tenente Ana Paula. A consulta foi rápida. Maspã saiu feliz da
vida elogiando a médica, dizendo que teria que tomar sulfato de ferro e
hidróxido de alumínio e que iria cumprir o que a médica passou até o final da
gravidez. “Eu vou fazer tudo. Ela é uma boa pessoa”, afirmou.

O que mais impressionou a ginecologista tenente Ana Paula foi que, grande
parte das mulheres da região nunca havia feito consulta. “Elas prestam bastante
atenção nas orientações que a gente dá, e isso é importante, tanto para nós,
quanto para elas. Outro fato, é que a média na comunidade é de seis a sete
filhos por casal. Tem mulher engravidando com trinta e oito anos e há, também,
meninas com 17 ano com dois filhos”, afirmou Ana Paula.

Em Tarauacá, segundo a coordenação da viagem do CAN, o total de pessoas
atendidas foi de 217 pessoas. Clínica Geral, 75, Urologia – 60, Ginecologia –
75, Pediatria – 102 e Odontológica – 49.

Cruzeiro do Sul

Na última parada do CAN, a população beneficiada foi a de um assentamento
Santa Luzia), do Incra, localizado a quase 100 quilômetros de Rio Branco. Para
fazer chegar assistência médica e remédios a cerca de duzentas famílias que
moram na região, a equipe da FAB, comandada pelo Major Médico, Marcus Vinicius
Bergo Coelho, segue de ônibus para o local.

A fila de atendimento é grande, formada por crianças e adultos que procuram o
CAN na esperança de ter uma saúde melhor. A tenente pediatra Renata Mariscal
ficou admirada com a quantidade de crianças que estavam no posto de saúde do
assentamento. “Nossa, quanta criança bonita. Vamos atender todo mundo”, disse a
tenente.

Já a dentista tenente Dina Berman abriu o sorriso da criançada, dando
orientação de como eles devem escovar os dentes. Para o coordenador da missão
médica do CAN, Major Marcus Vinicius Bergo, o trabalho nessa nova rota serviu de
experiência para que na próxima viagem do Correio Aéreo Nacional na região o
trabalho seja mais dinâmico, permitindo assim um maior volume o atendimento. A
missão chegou a atender entre 1000 e 1500 pessoas nos cinco municípios, segundo
Bergo. “Foi um trabalho extraordinário, muito bem aceito pelas populações da
região”, destacou ele.

Quanto à próxima viagem do CAN, que deverá ocorrer no mês que vem, o major
Bergo explicou que tudo vai depender de um entendimento prévio entre o Governo
Federal, Ministério da Defesa, através do Comando da Aeronáutica e as
prefeituras envolvidas no projeto. A volta do CAN ao interior do Acre poderá ser
reforçada dentro das necessidades levantadas na região. “Tivemos, pediatra,
clínico geral, dentista, ginecologista e farmacêutica. Nós precisaríamos aqui
também, de um oftamologista, cardiologista, ortopedista, dermatologista, esses
são especialistas, que são importantes nesses locais. Seria muito bom que
aparecessem profissionais dessas áreas para ajudar na missão”, concluiu.

Nelson Motta

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