Professor indígena é espancado por garimpeiros em Rondônia

Funai – A Fundação Nacional do Índio (Funai) lamenta profundamente o ato de selvageria de garimpeiros de Espigão d´Oeste, em Rondônia, praticado contra o professor indígena Marcelo Kakin Cinta-Larga, na tarde de sábado, quando um grupo de garimpeiros e seus familiares arrancaram o professor de dentro de um táxi, no centro do município, próximo a uma delegacia de polícia, e o espancaram brutalmente. Os maus-tratos cometidos contra o índio simbolizaram em fúria uma resposta mal dada da população em razão dos conflitos em áreas de garimpo, onde o confronto entre garimpeiros e índios resultou na morte de três pessoas que invadiram a terra indígena dos Cinta-Larga junto com outras dezenas de garimpeiros, fortemente armados, na última quarta-feira.

No caso da sevícia contra Marcelo Kakin, que não participou da luta das lideranças de sua etnia com os garimpeiros, os atos de barbaridade são de flagrante agressão também aos princípios mais elementares dos direitos humanos. Diante das atrocidades praticadas contra o professor, a Funai informa que está acompanhando ação civil em nome do próprio Marcelo contra os responsáveis pelas lesões identificadas no corpo do índio pelos médicos do Instituto de Medicina Legal de Rondônia. Foram feitos exames de corpo delito e a ação pede indenização por perdas e danos morais e materiais. Outra ação de reparação criminal contra os responsáveis pela agressão está sendo movida pelo Ministério Público Federal, como manda a Constituição.

Nesta ação serão discutidos vários pontos de vital importância no processo, entre eles o cárcere privado, as lesões corporais e todos os agravantes da situação em que o índio se encontrava. Ele permaneceu amarrado em uma árvore de uma praça pública, após ser cruelmente agredido a socos, pedradas e ponta pés por um grupo de habitantes de Espigão d´Oeste, que, na verdade, estava disposto as promover um linchamento. O que não aconteceu porque a Polícia Militar local conseguiu negociar com os agressores fazendo um cordão de isolamento entre o índio e multidão. Depois de ser exposto à fúria dos garimpeiros, em praça pública, Marcelo foi transferido para um ginásio de esportes, onde prosseguiram as negociações sobre a sua liberação, o que veio a acontecer, de fato, por volta de uma hora da manhã do domingo.

A Funai vem a público protestar contra as ações da população daquele município, que humilhou, espancou, seviciou um ser humano da forma mais violenta possível, em pleno sábado de Aleluia, como se o professor Marcelo representasse uma imagem da figura do Cristo Crucificado, que também sofreu o martírio das dores físicas e da humilhação, em seu Calvário de sangue, há dois mil anos. Fica uma pergunta no ar: o que fez o Sindicato dos Garimpeiros de Rondônia, que tem unidade de representação no município de Espigão d´Oeste, para impedir esse ato de brutalidade contra o índio? Onde estavam seus líderes na hora em que quase lincharam um inocente em plena luz do dia? Além de mostrar aqui a sua indignação, a Funai informa que está acompanhado de perto ações movidas contra os agressores e espera que o Ministério aja com rapidez para punir os culpados.

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